MONTEIRO LOBATO:

            Autor de uma extensa obra em prosa de temas diversos, Monteiro Lobato escreveu contos de expressão regionalista, livros de ficção científica à Orwell e à Huxley (BOSI, 2012), textos de polêmica econômica e social e, também, uma original e vasta literatura juvenil que funde fantasia e pedagogia (idem, ibidem).

            Lobato, embora revelasse uma mentalidade progressista e divulgadora da Ciência, foi avesso aos “ismos” dos quais a arte se ocupava no século XX. Ele não incorporou em sua prosa as modernas estéticas irracionalistas, tais como o surrealismo, o expressionismo, o futurismo etc.

            Segundo o crítico Alfredo Bosi (2012), os narradores de Lobato situam-se numa tradição pós-romântica, como revelam os principais temas por eles desenvolvidos: “costumes interioranos, muita intenção satírica, alguma piedade e efeitos variamente sentimentais ou patéticos” (idem, ibidem, p. 229). Para o mesmo crítico, não devemos procurar na prosa de Lobato a categoria da profundidade existencial; o que caracteriza a sua escrita é a facilidade com que narra, com brilho, um caso, uma anedota e, sobretudo, um desenlace de acaso ou de violência (BOSI, 2012).

EUCLIDES DA CUNHA:

            Euclides da Cunha foi um dos principais escritores do Pré-modernismo brasileiro. Autor de expressão regionalista, Euclides da Cunha preocupou-se, em suas obras, com a condição dos sertões nordestinos, traço que se ressalta em sua magnum opus, intitulada, não por acaso, Os Sertões.

            Em consonância com o pensamento intelectual de sua época, Euclides revela, em sua prosa, a ciência positivista e a filosofia determinista, sobretudo no tocante à questão racial. Seu estilo é fruto de sua qualidade de observador e tem como característica uma visão dramática do mundo, o que levou sua linguagem a ser batizada, por alguns, de “barroco científico” (BOSI, 2012).

            Como afirma Alfredo Bosi (2012, p. 333), “Euclides infunde no seu método de observador geográfico um interesse vivíssimo pelos problemas humanos, sempre em um tom que oscila entre o agônico e o trágico”. E complementa, ao dizer que a

descrição minuciosa da terra, do homem e da luta situa Os Sertões, de pleno direito, no nível da cultura cientifica e histórica. Euclides fez geografia humana e sociologia como um espírito atilado poderia fazê-las no começo do século, em nosso meio intelectual, então avesso à observação demorada e à pesquisa pura (BOSI, 2012, p. 330).

LIMA BARRETO:

            Lima Barreto foi um escritor brasileiro que teve, em suas raízes, uma condição notável de simplicidade, visto ter nascido de pai e mãe mestiços. Esse fator certamente influenciou em sua prosa quase sempre preocupada com a investigação das desigualdades sociais, da hipocrisia e da falsidade humana, assim como caracterizada por um tom de ironia, de sarcasmo, e, algumas vezes, de humor.

            A escrita de Lima Barreto, muitas vezes militante, tem muito de crônica, como nos afirma Alfredo Bosi (2012, p. 340): “ambientes, cenas quotidianas, tipos de café, de jornal, de vida burocrática, às vezes só mencionados ou mal esboçados, naquela linguagem fluente e desambiciosa que se sói atribuir ao gênero”. Em outra passagem, Bosi (2012) relaciona essa característica à profissão de jornalista cultivada pelo autor, e, em seguida, identifica o estilo de Lima Barreto como “realista-memorialista” (idem, ibidem, p. 341).

GRAÇA ARANHA:

            Escritor maranhense, Graça Aranha, ao contrário de Lima Barreto, nasceu de uma família muito culta e abastada. A despeito disso, é possível traçar um paralelo entre esses dois autores, visto que, segundo Alfredo Bosi (2012, p. 347),

ambos expressaram uma atitude espiritual frontalmente antipassadista e premonitória da revolução literária dos anos 20 e 30; e, sobretudo, achavam-se ambos impregnados de forte sentimento nacional e aguilhoados por uma consciência crítica dos problemas brasileiros. A nenhum dos dois caberia uma situação de repetidores do romance oitocentista.

            Em sua prosa, Graça Aranha praticou o chamado romance de tese, próprio da estética naturalista, e soube descrever, com maestria, algumas cenas de violência e de instinto (BOSI, 2012). E, embora nunca tenha aderido completamente ao movimento, foi um entusiasta da Semana de 22, mais precisamente, da estética modernista, podendo, assim, ser considerado o mais moderno dos quatro autores em questão.  


REFERÊNCIAS:

BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 48. ed. São Paulo: Cultrix, 2012.

 

G.H.T.F.