Já não se trata de simples pensar meu, a vida costuma ser muito mal concebida, queria poder, neste sentido, dar uma compreensão única sobre as coisas, essencialmente sobre a própria vida, mas os acontecimentos de que marcam e que tornam a vida interessante são tão inexplicáveis que não cabem num simples falar do homem, ainda assim, constituem razão primária de reflexão, ao mesmo tempo necessitam o máximo possível da cordialidade do coração. Talvez, seja isso o que define a vida, esta excessiva e permanente irregularidade. Outros são feitos irregulares, mas ainda assim, pela lógica da participação, são explicados nos regulares que, neste sentido, sendo eles positivos, definem o panorama existencial.

A vida é um dilema, cuja fundamentação consiste na não explicação dela de modo absoluto. Este recurso e modo de conceber a vida nos torna ainda mais próxima do que ela seja, isto é, um universo complexo que deve ser analisado contemplando-o, observando o que ela nos dá, e aprender com o que a natureza nos oferece. Porque, a presente a abordagem vem efetivamente a propósito de que os humanos já terão dito e feito muita coisa, na certeza de que a mesma seja o que as coisas são na sua realidade mais pura. Contudo, urgiu sempre a necessidade de se tomar a ideia de que tudo o que seja dito a respeito da vida não seja, por completo, o que ela seja realmente, assim que a urgência se fundamenta na necessidade de se superar sempre os conceitos anteriormente dados quais sejam para a definição do que a vida seja, ou seja, para a manifestação daquilo no qual gravita a verdade sobre o ser da vida.

Assim que, todos, enquanto seres feitos portadores da vida, temos a responsabilidade de trabalhar todos os dias para nos aproximarmos com os nossos dizeres à verdade sobre o ser desta vida que carregamos, talvez se nos tivessem dito já muito antes, perdíamos, a credibilidade sobre o que ela seja, vejamos: se Deus nos dissesse de modo absoluto a verdade sobre este mistério que carregamos, pela influência da informação, não achais que mudaria o nosso modo de encarar a nossa própria vida e, claro, influenciaria também, o nível de cuidado que muitos têm para com a mesma vida?

Ao fim e ao cabo, estamos imbuídos num dilema, feito simples para quem o inventou, no entanto, complexo para quem o mesmo está destinado, esta complexidade não vem à ribalta para danificar o ser, ao contrário, para que, seja, a mesma vida, interessante para o ser, e por ela o mesmo ser lute, contentando-se gradativamente com as pequenas verdades que, igualmente, de modo gradual, vão sendo superadas para chegar ao ser. Este exercício mental por mais interessante que seja e por mais que o homem, pela sua capacidade cognitiva, vá além do que a coisa se manifesta, pelo menos está convicto de que, enquanto vivo, ou seja, enquanto portador da vida, não está em condições de compreender absolutamente o que ele mesmo carrega, pode até quere-lo, todavia, não está em condições de dar uma informação que seja a verdade permanente sobre a verdade do ser da vida.

Este dilema, de que o homem sabe que querendo ele ou não cai nele, porque enquanto portador da vida não parece em condições de dizer o que a vida realmente é, vimos que, se dá porque se o homem detivesse a verdade verdadeira sobre o ser da vida, ele não seria complexo para ele mesmo. À semelhança da origem e definição de alguma coisa, cuja explicação não esteja nela mesmo, assim também o é a vida e o homem. O homem material, enquanto material, não está em condições de nos fazer chegar a verdade sobre o ser do homem material, ao que, tudo o que diz, reflete e intui, visa se aproximar da verdade sobre o ser do homem que o é em ato. É o mínimo a ser feito, ter de ganhar explicação na dimensão que supera esta em que nos encontramos.

O ser humano é atrevido por natureza, porque além da coragem que tem de se aventurar, ele vai mesmo muito além do que se pode imaginar, por isso, no definir a vida e no definir-se é capaz de sempre se aproximar da verdade sobre o ser da vida e do e mesmo homem, nisto, vem chegando à algumas micro verdades que lhe satisfazem, lhe alimentam por algum tempo, mais sempre não lhe desaparece  a vontade de querer sempre ir além do que acha. Esta é também uma das características de que o homem está provido, isto é, a insaciabilidade, porque ao humano a saciabilidade se dá por fases, graus, e momentos, pois nunca a é permanentemente. E é com este atrevimento que ele, às vezes, mesmo sem compreender as micro verdades, tratando-se daquelas que superem a sua imaginação do momento, de certo que, ele pode ir muito além do que se imagina, mas sabe que até isso, não é insofismável.

A verdade sobre o ser desta vida fica explicada no ser da outra vida, seja lá qual for, mas a primeira certeza a que chego e me convenço é a de que enquanto portador dela, não estou em condições de dizer absoluta e permanentemente tudo sobre a verdade do ser desta vida. Alguma coisa o meu intelecto pode abarcar, mas nunca é insofismável nesta vida. Nada desta vida é insofismável, porque nenhum argumento é imaculado, e a verdade a que sempre estou propenso é a de que, não consigo definir absolutamente esta vida que carrego, se calhar já alguma vez cheguei, mas quem sou eu para me dizer que a verdade a que cheguei manifesta o ser da vida de modo total e permanente?

A vida é um fenômeno para o homem, um fenômeno que o homem procura compreender todos os dias. E no processo da compreensão deste fenómeno o homem está com um pé atrás, porque há uma informação viva por ele é desconhecida, trata-se do ser que alimenta todo o conteúdo sobre ele mesmo, diria, quando se chega à uma pequena verdade sobre o ser da vida, é o ser da vida que alimenta, doa um pouco de informação à esta verdade achada para que ele seja conhecido ao homem. À esteira deste pensar, nós chegamos à verdade sobre o ser aos poucos, não tanto pela genialidade nossa, ao contrário, é porque o ser se dá a conhecer a nós, isto é, tudo que sabemos, sabemo-lo porque o ser de que procuramos sua verdade o permitiu.   

Sumbe, 11.01.2023

José ARÃO

AINDA ERA SÓ ISSO!