Chegamos no momento da obra que podemos usar de exemplo novamente o ilustre Dante Allighieri e sua obra: A Divina Comédia. Vamos dizer que estamos no que podemos dizer, entre o inferno e o purgatório. Não, no fim do inferno e no começo do purgatório. Também não é bem assim. Sou só uma reprodução dos olhos que estão lendo essas malfadadas linhas. 

Já foi cavado todos os buracos de um inferno pessoal, que de tanta dor que proporcionou, causou sangramentos na alma, como atos quase cirúrgicos para a ascensão, se assim podemos chamar. Como não tem mais para onde descer aponta a evolução pessoal totalmente natural. Depois de viver um museu de fragmentos dele mesmo, era necessário existir novos dias. 

Diminuindo o ritmo da obra, mas não parando por completo, gostaria de usar as próximas linhas como um enorme e necessário parênteses. Vou retratar pessoas que são como santos que inúmeras vezes salvou, salva e ainda salvará esse ser que estamos retratando. Assistindo de camarote esse mergulho interior em um mundo de diversos seres que todos, de um pouco de cada forma ele. Esses que são como santos celestiais, não se parecem nada um com o outro, pois cada um são únicos e incomparáveis. Esses seres do mundo de todos nós tem bastante influência no mundo que estamos retratando. Quando tudo estava cinza, frio e triste, eles apareceram, surgindo de todos os lados com uma onipresença sem igual, o resgatando de si mesmo, fazendo visualizar a salvação ou o livramento do seu caos interior. Por mais que estava longe, ainda sim podia enxergar a luz. 

 Pode se assemelhar com o próximo instante, depois que Deus falou: "Que haja luz “Iluminou como nunca iluminou ou iluminou o que jamais alcançou a luz. Essas duas possibilidades estão totalmente corretas. 

Em algum momento da minha existência ouvi a seguinte frase: "Só aprendemos a ser filho quando nos tornamos pai". Hoje entendo completamente, começo a compreender, visualizar e constatar a linha existencial que não tem fim. 

Sabe o que é vida? Descubra nas linhas a seguir: 

Eu li “Cem anos de Solidão”. Obra do saudoso Gabriel Garcia Marques. Sim, acho que os meus chegaram ao fim. 

Depois de aproximadamente onze mil, trezentos e quinze dias, posso afirmar que foi o dia mais importante da minha vida. Onde muitas perguntas adquiridas nos anos de existência foram respondidas. 

O olhar da vida que acabava de sair do ventre, olhando tudo e não enxergando nada, foi colocado nos meus braços. Confesso que estava tenso, sem ar quando os nossos olhos se cruzaram, como em muitas e muitas existências já aconteceram, estremeceu todo o meu ser. Eu me refiro a minha matéria, meu espírito, tudo mesmo. Esse nosso primeiro olhar me fez sentir a sensação de estar em casa como há muito tempo ou nunca havia me sentido. O período de gestação e pós útero foi um intenso aprendizado que em uma singela tentativa de resumir em palavras, gostaria de estabelecer uma: Gratidão. 

Gratidão por quem me gerou, pela linha existencial que me possibilitou ser gerado em um útero sagrado. Amor eterno e profunda gratidão a mulher que me possibilitou a honra de ter a vida em meus braços. Não somos o que sonhamos uma para o outro, mas conquistamos tudo que sonhamos juntos. 

Sabe o que é vida? Vida é ver ele de manhã me estendendo os braços, esperando o meu colo. Acredito que ainda não consigo ser capaz de descrever a sensação com precisão. Confesso que já não me importo com as velhas perguntas que me atormentaram por bastante tempo. Ter a honra de te ver nascer e crescer responde todas elas sem precisar de alguma palavra sequer. 

Eu quero desejar para você muitas e muitas primaveras em um mundo cheio de amor e fraternidade. Vamos deixar esse texto inacabado, pois nossa história só está começando.

Somos únicos e incompletos. Está aí uma característica nossa. Foi isso que nos uniu, isso que nos conectou. Por mais que o submundo pode causar uma dor intensa sem igual, ele jamais apagará o sagrado sorriso das puras almas. 

Guardarei para sempre boas lembranças dos momentos que compartilhamos juntos. Nenhum peixe passará pelo meu prato sem que me lembre das suas instruções de como preparar um magnífico peixe assado. Quando você notou que o sonho secreto que levava comigo havia perdido o brilho e toda a esperança. Com um bater com a mão nas minhas costas, um olhar profundo e sinceras palavras, me deu mais que esperança, deu vida para um sonho que havia se apagado. 

Alguns dias atrás, estava observando o meu filho dormir e lembrei desse seu carinhoso gesto que me recordo com todo o amor. De tanto que me lembrei, adormeci. No sonho, você aparecia sorridente, sem aparentar nenhum traço de dor que tanto acompanhou você nos últimos dias. Você sorria, chegando a quase a gargalhar e me dizia: 

- Eu te falei, não foi? Você não é oco! A cara deles foram até o chão, não foi? Que bebê bonitão e é seu, ninguém o tem. É seu! 

Acordei com o sorriso no rosto, consciente que foi muito mais que um sonho. Abracei o meu filho enquanto ele dormia, com o pensamento voltado em você. Fiz uma oração aos céus, agradecendo por sua amizade. 

Danilo Duccia. Muito obrigado pela sua amizade! 

Nunca vai ser uma vaga lembrança. Seres que fazem bem, costumam ser chamados como seres que de uma certa forma ou de todas se tornam imortais. Também podemos ser lembrados como insensatos. Está aí uma característica dos seres humanos. Conseguimos atuar em todos os extremos. 

No mais puro e profundo desejo de te dirigir um bem estar como uma maravilhosa lembrança. Meu caro amigo, esses são meus braços como palavras e meu corpo todo na intensão de lhe dirigir um abraço. 

Pegue a história triste e transforme em luz. Se você tentar eu consigo também. O que nos conectou, além de nos encontrar nessa cidade de sozinhos, nos identificamos por nos encontrar no mesmo barco. Então vamos celebrar nossas lágrimas que secaram pelos nossos rostos e ir além. 

Depois de tudo, o que posso lhe desejar é que você encontre aquele canto que é só seu e que não foi fácil de encontrar, nenhum ponto de partida ou de chegada. Leve junto com você minhas asas. Eu tenho aonde ir, mas não sei me relacionar com a saudade. Por mais incrível que pareça, a dor é uma soma incalculável dentro de mim. Voe para longe, você no seu controle, onde todos os dias você quis estar. Você é o merecedor de todos os alentos proporcionados pelo pai. Leve minhas asas e não precisa devolver, eu sei que um dia eu vou te reencontrar meu inestimável amigo. Essa folha, essa caneta, essa tinta e essas letras que formam palavras onde se projeta o meu abraço, só vai fazer algum sentido se você estiver tranquilo. Então, pegue a história triste e transforme em luz. Se você tentar eu consigo também. 

 O texto a seguir não se trata de uma simples dedicatória, uma homenagem, uma declaração ou um mero texto póstumo para um ser humano único que merecia toda a honra e homenagens na sua existência em atividade, que digamos por ironia do destino e completo descuido, que reconhecidamente não merecia tal desleixo por parte de quem teve a oportunidade de compartilhar momentos da existência ao seu lado, como esse que escreve. Esse texto é um pouco de tudo. 

Ele aponta um reconhecimento do sagrado companheirismo entre dois amigos que se tornaram à partir do próximo segundo de um primeiro encontro nessa existência, de um dia qualquer nesse planeta que chamamos de Terra. O amor pelas palavras que foi que nos conectou naqueles dias intensos e divertidos na descoberta do mundo, absorvendo todo o conteúdo intelectual que o período escolar podia proporcionar. Além das letras que nos conectou, a música que chegava aos ouvidos de um, alcançava os ouvidos do outro como a maior novidade, que cada segundo apontava ser precioso e que não poderia ser desperdiçado. 

Todos aqueles momentos, na verdade são uma fantástica lembrança. Todas as histórias que compartilhamos juntos, até os tempestuosos roupantes das névoas da loucura, ainda sim tínhamos um ao outro. Tinham mais, éramos mais. Somos parte do exército dos amigos inseparáveis. O triste de tudo isso é que só notamos o quanto esses momentos eram especiais somente quando recordamos. 

Esse texto que está prestes a acontecer nas próximas linhas se refere a um melhor amigo de tantas pessoas que sempre será. Sabe quando o homem consegue ser a imagem e semelhança do Pai? Quando dirigimos todo o nosso amor ao próximo. Esse texto é um franco reconhecimento a esse ser humano único, mais que especial, que chega a molhar os pés, indo até os joelhos nas águas sagradas. 

Quando apresentou ao mundo sua obra, fui incluído na dedicatória. O que chega aos olhos dos leitores, de uma forma esdrúxula, bastante verdadeira, fiel ao sentimento do eterno companheirismo, uma homenagem, um singelo muito obrigado pelo amor fraternal que me direcionou nos anos que tive a honra de crescer sendo seu amigo. Você foi o maior incentivador dessa obra literária. Então agora você faz parte desse livro, como faz parte de toda a minha reza que costumo chamar de arte. 

Allan Ivo Ayres alcançou a eternidade, pois sempre viverá nos nossos corações! 

Caderno, com uma mão batendo com a caneta no caderno e na outra mão segurando uma dose de conhaque. 

Muito do meu jeito de lidar com a escrita e a música vêm daqueles momentos tocando violão na rua e dividindo uma composição em alguma folha de um caderno qualquer com você. Inevitavelmente com sua partida foi também um pouco da minha vontade de criar. 

Acredito que a razão do mundo girar são as pessoas especiais que se encontram espalhados por aí para manter o equilíbrio universal. Hoje o mundo passou a girar um pouco mais devagar devido a sua partida. Como disse o poeta que foi citado por você diversas vezes: " Uma estrela a mais no céu, um rimador que falta na terra" Em poucos minutos após a notícia de sua partida se estabeleceu uma rede de informações. A cada contato com nossos amigos dava para sentir a dor que perambulava entre nós. 

Em uma tentativa de combater contra toda a dor que havia se instalado naquele momento entre nós, um dos nossos mais nobres e valentes irmãos propôs um encontro de todos nós na nossa praia. Todo o nosso exército em sua homenagem. Vamos fazer de sua partida o seu verdadeiro chamado. Você sempre arrumando o seu jeito, meu inestimável amigo. Gostaria de lembrar que era um desejo seu reunir todos nós na praia quando fosse visitar a nossa cidade novamente.

Para chegar na nossa praia passei mais uma vez pela praça onde muitas vezes comemoramos as nossas mágoas. A praça estava em festa, como se fosse uma comemoração por você no local onde vivemos inúmeras histórias. É o poeta e sua magia. 

Após alguns instantes do chamado, a praia estava sendo povoada novamente, com os soldados dos amigos inseparáveis por todos os lados. Cada um carregando no peito sua dor com uma força sem igual para continuar a jornada. Inesquecível o encontro dos amigos que há muito tempo não se encontravam. Cada abraço, cada conversa, cada risada. Era como que você estivesse entre nós. 

Foi mágico o encontro com todos os nossos amigos, em poucas horas conseguimos reunir todos em uma só sintonia, nosso melhor amigo. Cada história lembrada vivida do seu lado, porém sem nenhum traço de tristeza. Cada história sempre regada de muita alegria, como sua risada de característica (todos nós tentamos reproduzir sua risada, porém ninguém conseguiu fazer como você) Durante o encontro, por muitas vezes tive a impressão de estar vivendo um capítulo de alguma história que você anda escrevendo. 

Crescemos juntos, compartilhamos as angustias de cada período da existência. Compartilhamos também os mesmos ídolos. É inexplicável a nossa conexão com o Nirvana. Na verdade Kurt Cobain é um dos nossos. Foram tantas as vezes que esmiuçamos suas letras que diversas vezes podia notar a presença do próprio entre nós. O mais estranho é que agora dos três eu me tornei o mais velho, e também sou o único que ficou para escutar Nirvana. 

Por diversas vezes, em nossas inúmeras conversas levantamos a ideia de como foi a última conversa de Kurt Cobain e Cris Novaselic. Será que eles sabiam que estavam tendo a última conversa? O que eles conversaram? Para saciar a nossa curiosidade juvenil criamos um desfecho para essa última conversa de grandes amigos. Acabávamos esse diálogo como uma despedida com um final promissor: "Até mais. Qualquer dia nos encontramos de novo para fazer um som".

Minha gratidão por ter sua amizade é incalculável que o universo todo tem ciência de quanto você foi, é e será importante na minha vida. Está tocando Rain Song do Led Zeppelin no rádio enquanto estou escrevendo esse texto em sua homenagem. Enquanto toca a música começa surgir diversas perguntas como: " Será que vou conseguir criar mais algum conto? Escrever mais alguma letra? Materializar em letras as ideias que nascem na minha louca, confusa e caótica cabeça? Aprendemos juntos o prazer de escrever e a perceber o sagrado que mora em cada letra, a tocar aquele Nirvana mal tocado do nosso jeito, fazer nossas próprias músicas. Criamos um Xangrilá, foram tantos experimentos que fizemos do nosso paraíso um mundo quimiocrônico e feliz. Sim principalmente feliz. Enquanto toca Led no rádio, chego à conclusão que não vou me despedir de você, eu me recuso. Cada letra que escrever, toda vez que manusear um instrumento para mais uma canção, você vai estar lá. Minha Arte será em seu nome. Então vamos fazer da despedida de Cobain e Novaselic à nossa. Faremos assim então: Até mais, qualquer dia nos encontramos. Vou esperar o interfone tocar novamente com você me chamando para tocar violão e dividir algumas linhas de algum caderno qualquer para mais uma canção que estamos para criar. Um grande beijo e abraço meu amigo, meu irmão, meu Aliocha Karamazov . Eu Te Amo.

Como já foi apontado, a interação, o contato entre duas pessoas é um choque de mundos e a criação de um universo dentro de outro universo. Com o fim desse envolvimento, ocorre o distanciamento dos mundos e inevitável fim desse frágil universo desses seres envolvidos. Do universo que se acabou, sobrou papéis, letras, palavras em uma tentativa de documentar o que poderia ser algum relato, alguma salvação. Momentos que depois do fim, eram só um conjunto de palavras sem a pretensão de ter algum sentido. Na tentativa de manter ou buscar a sanidade que nunca tive, comecei organizar todos esses papéis cheios de palavras que cada vez mais que me empenhava em sua organização, ganhava mais sentido diante dos meus olhos. Com o tempo percebi que os papéis que continham esses escritos, eram uma extensão do meu ser e organizá-los eram como cuidar de mim de uma certa forma. Era uma forma de me manter sadio. E de uma forma não silenciosa a noite chegou. Entre as trevas acompanhei de perto a combatente combater o bom combate. Jamais esquecerei do seu olhar corajoso. Por diversas vezes tive que deixar a sua mão e eu não queria. Diversas vezes tive que ir embora, eu não queria. Eu sempre voltava da porta para te dar mais um abraço e beijar a sua testa. No dia em que você foi desacreditada, todos nós estivemos a sua volta, eu não consegui me despedir de você. Quando todos tiveram que ir eu resolvi ficar. Naquela hora coberto de medo da perda, eu não poda ir embora naquele momento, o querer ficar foi intenso. Por mais que era notado seu desgaste físico, percebi que não era aquela hora que você ia se render na batalha. Como sempre diz nossa avó, você só se deixou ter o direito de cair depois que alcançou a linha de chegada. Naquela noite, observando você enquanto dormia, atento aos seus batimentos cardíacos e o a barulho do respirador, que mesmo depois de tanto tempo ainda consigo ouvir, recorri para o meu mundo, cheio de letras e palavras na tentativa de restabelecer a força que precisava para o momento que passava. Enquanto escrevia para não enlouquecer a todo aquele cenário, observando toda a sua força, achei que era chegado o momento de fazer algo grande. Pegando em sua mão e rezando por dias melhores, o mínimo que tinha que fazer por você é dedicar e direcionar o melhor, o meu melhor do que acredito melhor fazer. Foi então que todos aqueles papéis cheios de palavras começava a fazer sentido, se transformando em algo muito mais que um mero conjunto de palavras. Naquele momento acabava de nascer O Melhor Livro do Mundo.

Carol, essa homenagem é simples e singela. O meu melhor não alcança os seus pés, mas desejo que o meu amor alcance não só o seu coração, mas todo o seu ser:

Uma História de Amor:

Encaro com total responsabilidade como tudo que diz respeito à você minha princesa. Sempre peguei no seu pé por causa da sua escrita, nada mais natural procurar as palavras certas no nosso extenso vocabulário. Não é nenhum trabalho, é a preocupação de direcionar o meu melhor para você. 

Somos envolvidos no que podemos dizer de uma forma simples sem tirar sua importância, a linha do tempo. Tudo acontece dia após dia, eles passam e não voltam e ninguém pode fugir. O sonho que cada um traz dentro de si é natural? E o direito natural? Essa História de amor enfrentou os adventos da linha do tempo além da injustiças.

Força, essa História de amor tem muita força. E falando nisso, não conheço pessoas mais fortes que meus irmãos. Ele é a personificação da grande capacidade da força humana, eu não vou me aprofundar sobre sua conduta pois mereceria um texto. Ela que mostra sua força a partir do olhar, com seu sorriso largo que carrega junto o peso do mundo. A injustiça faz parte dessa História de amor.

Sobre as perguntas realizadas nas linhas acima, vou dar razão para elas não as resposta. O sonho dela era ter uma filha, para chamar de "minha menina". A menina queria a atenção, o afeto e o amor da amada que lhe guardou nos seus primeiros meses, mais três anos completos e mais alguns dias. Ela foi privada do que é tão necessário pelos acontecimentos da linha do tempo. Ela foi inserida sem ter a chance de ao menos perceber quando.

Ela combateu o bom combate. Combateu como ninguém. Combateu, viveu e venceu como quis. A propósito, quem é que não quer viver como sempre quis? Nem todos conseguem. Está aí mais um feito seu.

Como já me referi, essa História de Amor foi prejudicada pela injustiça. Não estou querendo dizer quem merece ou não. Acredito e repito: Ainda acredito que ninguém merece sofrer. Sofrimento gera sofrimento... Agora percebo que você mais nos amparou do que foi amparada. Era ver o milagre nos seus olhos quando seus sobrinhos estavam por perto. Não vou dizer que você virou uma estrela, vou pedir para as crianças olharem para cima e tudo que brilhar no céu vou falar que faz parte de você. Eu só posso afirmar o que sinto, e para mim só o sofrimento acabou. O fim é um novo começo.

Eu não posso cometer o pecado de falar da minha dor, do meu medo, do meu desespero e sentir raiva de tudo. Eu não posso. Agora você está amparada pelo pai universal, carregada em seus braços e sendo cuidada com todo o amor, pois você é de fato a filha mais corajosa. Você dá o sentido do que é amor pela vida e resistência.

Não sei os seus, irmãos bons são os meus. Vamos ser francos, meus pais foram muito cedo, isso não tira nem um pouco que seja, o amor e o respeito que tenho por eles. Na verdade, é um dos motivos por ser eternamente grato. Além de me proporcionar a existência eles me deram os meus irmãos. É verdade que meus irmãos tem outros irmãos, mas sou eu que tenho eles. São meus, tão meus e só meus! Pode até ser egoísta e não me importo, eu ainda tenho eles.

Já dizia o poeta: "tudo em tudo é tudo..." Sabe o que é tudo? Todo o amor? Toda a verdade? Todo o desejo de luz? Toda a minha fé que acredito? O que faz tudo fazer algum sentido? Eu só consigo seguir em frente, além de uma promessa que te fiz é acreditar que minha mãe está realizando o sonho dela e você está tendo o que é mais natural e essencial para o ser universal que lhe foi privado. Enquanto estou escrevendo, imagino você linda, com aquela sua cara descansada, desencanada, deitada com a cabeça no colo da mãe, enquanto ela faz carinho nos seus cabelos. Entende agora quando falo que é o melhor lugar do mundo? Que daria tudo para voltar para lá nem que seja por meio segundo. Aproveita Carol, é todo seu, eternamente. Isso é tudo, isso é a felicidade completa.

Essa é a História de amor que quero contar. De uma mãe e uma filha que tiveram a linha do tempo, a existência e as injustiças contra elas. E elas venceram e tudo acabou bem e agora estão juntas por toda a eternidade.

Por favor Carol, fica bem. Nós vamos ficar, essa é a nossa promessa. É natural que vamos nos lembrar dos bons momentos que compartilhamos juntos e muitas vezes vai surgir lágrimas pelo rosto. Mas desejamos que você sinta todo esse sentimento como um abraço suave e confortante. Não pode existir sofrimento, não cabe mais na sua história.

Eu não acredito no fim, acredito no fim do sofrimento. O que quero dizer com todas essas palavras é que eu te amo, muito, muito, muito, muito, muito mesmo. E é com uma dor que não sei como cabe aqui dentro, vou continuar sem sua presença. Eu e o Rafa fomos condicionados pela mãe para zelar por você, nossa princesa. Sendo assim, vamos continuar para sempre zelando por você. Não importa como, quando ou onde. Eu vou ficar aqui, padecendo e aprendendo com os meus erros, pedindo perdão quando preciso, perdoando na primeira oportunidade, procurando ser e fazer um mundo melhor. É o mínimo que tenho a fazer por ter presenciado de camarote a mais linda História de Amor nesse universo grande e escuro que não para de crescer. Como Mario Filho é para Nelson Rodrigues, Como Cosette é para Jean Valjean de Victor Hugo, Você é para mim.