O mercado da fé

 Evangelístico é todo o esforço de fazer discípulos.

Evangelástico é todo o esforço de completar cadeiras desocupadas em uma igreja.

    O que temos assistido no aparente fortalecimento das empresas de entretenimento cristão, chamadas equivocadamente de igreja, é um crescimento evangelástico e não o crescimento evangelístico. A dissociação do evangelho a tudo quanto vemos nas igrejas é inegável, ao passo que elas não guardam e nem de longe lembram, em nada, aquilo que o evangelho representa.   O crescimento do evangelho deveria representar uma mudança de atitude com vias de mudar o mundo e sua mecânica de destruição do homem, todavia, o crescimento evangelástico, é meramente a ampliação dos meios de divulgação deste cristianismo mercadológico que desenvolve em seus associados à ganância,  formando seres acorrentados e dependentes do falso desenvolvimento econômico para observar a ação de Deus em suas vidas, tornando-os incapazes de observar o Cristo jogado nas ruas, padecendo das mais grotescas formas, sendo preso injustamente, vendo seus filhos morrerem de fome e sede, passando pela vida sem direito a dignidade (Ler Mateus 25:31 em diante).

  O crescimento evanglástico cegou a maioria dos frequentadores de centros de entretenimento cristão (as igrejas), para aquilo que deveria distingui-los dos demais humanos: a capacidade de ter atitude individual para com o mundo.   Hoje, aquele que adentra as portas de um destes centros de entretenimento cristão, logo se vê abarcado por certa onda de querer ideológico que, como um caldeirão, vai aquecendo-os em banho-maria até que estejam devidamente cozidos e sejam irremediavelmente incapazes de ter senso critico com relação aos seus líderes e referenciais iconolátricos.   Tal situação é agravada pela baixa escolaridade e a falta de incentivo a busca do conhecimento existente como padrão de convivência entre eles, ou seja, ao buscar o conhecimento o individuo destaca-se pejorativamente  dos demais, e se vê vitima de preconceito intelectual. Assim ou ele se cala e resigna-se com o estupro religioso, que é  saber que nada daquilo é o evangelho, ou indignado, se isola do meio evangelástico para poder viver o evangelho em paz.

   A certeza de que o deus dos pastores não é o Deus do evangelho, nos torna de certa forma ateus.  Ateus especificamente do deus mercadológico que eles tentam nos forçar a acreditar, o deus que oprime e que mais parece um demônio. Que se ocupa de perseguir e odiar a criatura humana, que quer, em todo momento, provar que nós não somos capazes de fazer nada certo (como se já não soubéssemos disso). Eu sou imperfeito por causa da minha condição humana, ninguém precisa me dizer isso, eu já sei disso faz tempo!    Não preciso da igreja para ter consciência disso, tenho senso critico e erro por fragilidade mesmo.   Não tenho uma necessidade inconsciente de culpar o diabo por isso ou aquilo, nem reclamar de falta de assistência dos anjos, eu erro por que tento se não tentasse não errava e me tornaria qualquer coisa menos um homem. Porém o Deus do evangelho não me oprime, ao contrário, ele me aperfeiçoa na minha fraqueza, ou seja, ele usa a minha fraqueza a meu favor!

   É por causa da imperfeição interior, que projetamos criticamente no próximo, que criamos um deus caricatura de tirano. Por ser perfeito em essência, o nosso deus (criatura do homem), torna-se também intolerante, assim como o homem é, ele projeta seus deuses. Eu sou ateu deste deus criatura de homens.

  A ideologia de adoração à homens presente nas relações cristãs é tão nojenta que chega a provocar náuseas em mim. A incapacidade individual de crer que o evangelho é exatamente tal como está escrito!  E deve ser aplicado desta maneira, ou seja, sem remendos ou manipulações. Por isso toda a deformação torna-se um crime contra a cruz e contra o Cristo, e deve ser denunciado e desaprovado.   O que leva novos sócios ao clubinho evangelástico é compreenderem a igreja como uma BOVESPA de deus em que aplicam suas ações (dízimos), assim como em um fundo de investimento. Do qual ambicionam obter lucros extraordinários com total liquidez e segurança. Esta é exatamente a mesma ganância que os impede de atender ao chamado do evangelho!

  Se o bem aventurado é o pobre então eu não sei direito o que é ser bem aventurado, pois, segundo a cartilha dos pastores só o rico é bem aventurado e o pobre não tem fé pra prosperar. Todavia ambicionar o mundo dos prazeres momentâneos não faz sentido para aquele que busca a eternidade. Desta forma, a minha existência, só faz sentido se for aplicada em favor do próximo e não em realizar o sonho americano vendido pelas agências de viagens ou comercias ufanistas de televisão. O exemplo de Jesus é claro meu amigo, não dá pra ignorar, a mensagem é uma só para todas as gerações seguintes: 

  • Bem aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino de Deus.
  • Bem aventurados os que choram, porque eles serão consolados.
  • Bem aventurados os mansos porque eles herdarão a terra.
  • Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos.
  • Bem aventurados os misericordiosos, pois, eles alcançarão misericórdia.
  • Bem aventurados os puros de coração porque eles verão a Deus.
  • Bem aventurados os pacificadores, pois, eles serão chamados filhos de Deus.
  • Bem aventurados os que sofrem perseguições por causa da justiça, por que deles é o reino dos céus.
  • Bem aventurado sois vós quando vos injuriarem e perseguirem e mentindo, disserem, todo o mal contra vós por minha causa. Regozijai-vos e alegrai-vos, porque grande é a vossa recompensa no céu, pois assim perseguiram aos profetas que vieram antes de vocês.

          Onde está a parte de ficar rico? Cadê a parte do rompendo em fé? Ou seria morrendo em pé? Cadê a parte das campanhas milagrosas para resolver todos os meus problemas com uma generosa oferta?

  Procure na sua bíblia, se você não achar, pergunte a seu pastor.  Se ele vier com o papo das “pedras de toque”, para despertar da fé, lembre-o de que: “a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus”, que é Jesus.

  Caro amigo seja honesto agora: entre um copo d água, um pãozinho benzido e a cruz de Cristo, no que é mais bíblico crer? Então porque ainda fazemos as nossas novenas evangelásticas com desculpas pré-prontas que justificam todas as incoerências bíblicas que delas resultam?  

  Enquanto as igrejas estiverem repletas de pessoas carentes de autoconhecimento, e de um embasamento para fé melhor fundamentado, os seus frequentadores serão enganados por falsos mestres que são como ”cães gulosos que não se podem fartar. São pastores que nada compreendem; todos eles seguindo seu próprio caminho, cada um para a sua ganância, todos sem exceção. Eles dizem: Vinde, trarei vinho e bebamos bebida forte; o dia de amanhã será como este ou ainda muito melhor” (Isaías 56:11 e 12).

“Por ganância farão de vós negócio (ano de eleição rola muita grana sacou!), com palavras fingidas. Para eles o juízo lavrado a longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme” (2 Pedro 2:3).

    Mais clara que a bíblia já é eu não consigo ser. Se alguém é responsável pela imbecilidade do povo de Deus, e que se beneficia diretamente da iconolatria existente na igreja sendo por isso o mais interessado de que tudo permaneça como está, enquanto for possível, são os pastores.   O remédio para esta situação é a busca do conhecimento através da transformação do entendimento, ou seja, a mudança da mente na decisão individual de busca por uma teologia libertadora, em favor de um ambiente menos sufocante nas comunidades cristãs ás custas de vermos a próxima geração se distanciar ainda mais do propósito do amor ao próximo.

  Quando a gente liberta a nossa mente, o mundo muda com a gente. Quanto mais conhecimento você tiver menos dependente do homem você será, mais perto de Deus você estará indiferente da religião do lugar em que você esteja ou qualquer culpa psicológica que lhe acompanhe. 

 Não concorde comigo, leia a bíblia ela concorda comigo!

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