DIVÓRCIO À LUZ DOS ENSINAMENTOS DE JESUS SOBRE CASAMENTO / Por Jeane Kátia 

Texto Bíblico base: Mateus 19:1-9

Antes de partirmos para a análise das palavras de Jesus sobre este tema é preciso ter em mente que Jesus não tornou a Lei de Deus mais fácil de ser guardada!  Muito pelo contrário! E isso é facilmente percebido no sermão do monte! E acontece justamente porque, em nenhum momento, Jesus rebaixou o Padrão de Deus para que se adequasse às nossas conveniências. Mas, o fato é que muitas das vezes, não temos agido como se assim fosse.  Queremos que Deus entenda as nossas vontades, preferências, necessidades, desejos e anseios. “Eu mereço ser feliz”, dizemos nós numa predisposição para fazer valer as nossas vontades e nisso lamentavelmente eu me incluo.

O fato é que Deus é Santo e Ele não negocia sua Santidade; devendo aquele que diz nEle crer, adequar-se à Vontade dEle na certeza de que ela é imensuravelmente melhor, além de perfeita e agradável, embora em algum momento não seja o que pareça aos nossos olhos.

Não nego! Não é fácil renunciar às nossas vontades e também não nego que nem sempre é fácil perceber durante o processo o agir de Deus a nosso favor em situações contrárias aos nossos anseios. Definitivamente, é um ato de fé, até porque  não raramente nos vemos em situações que nenhum bem parece ser capaz de delas advir. E não raramente relutamos em ter uma atitude de fé. Só tenho certeza de uma coisa: quando, finalmente, decidimos crer e descansar nEle é inevitável a constatação de que a fé nEle jamais decepciona!    

Dito isso,  passo agora à análise das palavras de Jesus acerca do divórcio, as quais, encontram-se registradas no Evangelho de Mateus 19:1 a 9.

Esse texto bíblico base para o presente artigo mostra a Jesus concluindo um de seus discursos na Galileia e tendo se dirigido aos confins da Judeia, além do Jordão (onde curou muitas pessoas), num dado momento, fariseus buscando pegá-lo em contradição o interpelaram acerca do divórcio:

“É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo? Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá à sua mulher, E SERÃO OS DOIS UMA SÓ CARNE? ASSIM NÃO SÃO MAIS DOIS, MAS UMA SÓ CARNE. PORTANTO, O QUE DEUS UNIU NÃO O SEPARE O HOMEM.”.  (grifo nosso).

Diante dessa resposta de Jesus, os fariseus mais uma vez tentando pegá-lo em contradição, chamou-Lhe a atenção para o fato de que Moisés permitiu a carta de divórcio de modo que o homem pudesse repudiar sua mulher. E é interessante notar que Jesus, ao responder sobre isso, embora não tenha desautorizado Moisés ao esclarecer que isso se dera em razão da dureza dos corações dos homens, deixou claro que no princípio não foi assim.  E, em sua resposta aos fariseus, o Mestre prosseguiu, dizendo: “EU, PORÉM, VOS DIGO, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de infidelidade, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.” (grifo nosso).

Eu lia essas palavras de Jesus e não entendia o óbvio: Jesus está claramente  dizendo que o que repudia é quem comete adultério se se casar de novo (exceto em caso de ter sido traído ou traída). Noutras palavras, se o motivo de ter repudiado seu cônjuge não for em razão de infidelidade, o cônjuge que praticou o ato de repudiar não está livre para se casar de novo, e se assim o fizer, comete adultério.

Entendo que o casamento apenas no civil não torna o casal uma só carne. Quanto ao casamento diante de Deus é até que a morte os separe.  Se, porém, levando em consideração que Deus não faz acepção de pessoas invertermos as palavras de Jesus da seguinte forma:    "Eu, porém, vos digo: que qualquer que repudiar SEU MARIDO, não sendo por causa de infidelidade, e casar com outro, comete adultério. E a que casar com O REPUDIADO também comete adultério" , então, nesse caso a mulher que está divorciada em razão de ter sido traída também pode se casar de novo (e não apenas o homem que se divorciou em razão de ter sido traído). 
É digno de nota, que nos tempos do ministério de Jesus aqui na terra, em razão da cultura vigente,  dificilmente partiria da mulher a iniciativa de pedir divórcio, diferentemente dos dias  atuais em que tal iniciativa, muitas das vezes, parte das mulheres.

Quanto ao cônjuge repudiado, apreende-se das palavras de Jesus no texto lido, que só se torna adúltero (a) quem se casar com ele se o motivo de  ter sido repudiado for infidelidade praticada.  Se, porém, o cônjuge repudiado não foi infiel, não foi ele quem rompeu a aliança e, portanto, concluímos que, nesse caso, o cônjuge repudiado está livre para se casar de novo, caso queira.

Há um outro porém: se quem repudia seu cônjuge (não sendo por causa de infidelidade) comete adultério ao se casar de novo, e quem se casa com o cônjuge repudiado que fora infiel também comete adultério, então, está claro, que, nesse caso em específico, Deus não aprova um segundo casamento. 

Vale ressaltar que, esse "EU, PORÉM, VOS DIGO" na resposta de Jesus aos fariseus, deixa claro que Seu ensinamento sobre divórcio diverge do ato praticado por Moisés de consentir o divórcio por causa da dureza dos corações dos homens.

É de se destacar que tendo ouvido a resposta de Jesus aos fariseus, os discípulos assim se manifestaram: “Se assim é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar.".

Pelo que Jesus, assim lhes respondeu: “Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido. Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.”. 

“Se assim é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar." - essa fala dos discípulos a Jesus, revela dois pontos importantes e que merecem destaque: 1) eles entenderem todas as implicações daquilo que Jesus acabará de falar sobre casamento e divórcio;  2) dizer que foi um erro ter se casado não é justificativa para o divórcio, e, nas entrelinhas, fica claro que eles claramente entenderam isso.  Erro ou não, ao subir no Altar para pedirem a benção de Deus no casamento, a união numa só carne acontece. E, por essa razão, o casal tem que ter muita consciência das implicações de um casamento diante de Deus.

Coincidência ou não, hoje assisti um curto vídeo no YouTube (short) no qual o Pr. Cláudio Duarte falando acerca de divórcio comenta que o casamento é até que a morte os separe, mas, num dado momento, afirma que sexo fora do casamento não é pecado. Talvez, esse corte de vídeo, intencionalmente quis FAZER PARECER que ele defendeu isso. Mas, se de fato defendeu, com todo respeito à pessoa dele, não há base biblica para essa afirmação! Pelo contrário! Confesso que eu até preferiria que ele estivesse certo, mas a Bíblia deixa claro que é pecado e deixa isso muito claro! Por outro lado, a Bíblia também afirma que melhor seria não se casar (desde que consigam se abster do pecado da fornicação, claro!).

Falando a respeito dos eunucos, Jesus diz que poucos têm essa capacidade. Resumindo: aos que não têm essa capacidade que os eunucos tem,  o melhor é casar desde que conscientes do que o casamento significa aos olhos de Deus. Pois, uma vez unidos numa só carne, unidos estão até que a morte os separe  e essa separação nenhuma carta de divórcio é capaz de promover, até porque se possível fosse uma carta de divórcio separar o que Deus uniu, não haveria porque quem repudia (sem ser nos casos de infidelidade), e quem se casa com a repudiada infiel estar cometendo adultério. O adultério acontece justamente porque a carta divórcio não é capaz de promover essa separação. Por essa razão, Jesus disse: “o que Deus uniu, o homem não separe.”.

Apreende-se do texto bíblico base para este artigo que a infidelidade e a morte de um dos cônjuges são as únicas  coisas capazes de romper no mundo espiritual a união do casal em uma só carne. Fora isso, um novo casamento sempre será considerado adultério. Lembrando que a infidelidade libera para um novo  casamento quem a sofreu, mas não quem a praticou.

Este artigo tem a pretensão de servir de alerta a pastores, noivos e  também a casais que estejam enfrentando crise no casamento. A pastores no sentido de que conversem com os noivos acerca do que o casamento significa aos olhos de Deus e quais as implicações que o casamento diante de Deus traz aos cônjuges. Aos noivos, sugiro que reflitam sobre isso antes de no Altar firmarem diante de Deus tão importante aliança. Não se trata só de uma bela cerimônia! Aos olhos de Deus, vai muito mais além porque como aqui já foi dito, implica em tornar uma só carne o casal e, por essa razão, um segundo casamento não tem respaldo à luz do que acerca do casamento Jesus nos ensina. 

Aos casais que, diante de Deus fizeram uma aliança, e estão hoje enfrentando uma crise no casamento, sugiro que reflitam também sobre isso antes de tomarem  qualquer decisão. Se estar casado é difícil, encarar um divórcio também é. Todo casamento passa por crises; vencê-las juntos tornará a relação ainda mais forte.

Reconheço, porém, que lamentavelmente há casos em que o divórcio se faz necessário até por uma questão de sobrevivência  a fim ser mantida a integridade física da mulher (e, em alguns casos do homem) e, não estou aqui para negar que nesse caso o divórcio se faz necessário. Acerca disso, preventivamente é preciso estar atentos aos sinais que muitas das vezes podem ser percebidos mesmo durante o namoro e/ou noivado. Ignorá-los é um risco que  deve ser evitado.  

Um homem violento, certamente está reproduzindo um padrão de comportamento que vivenciou na infância e precisa ser tratado a fim de ser curado. Mas sua esposa nada conseguirá fazer por ele se ele de forma determinada não se dispor a se libertar desse padrão doentio; e permanecer no convívio com ele pode custar-lhe a vida. 

Não sei se posso dizer dessa forma, mas lamento informar que quem uma vez se casou diante de Deus não está autorizado biblicamente a novamente se casar (a menos que tenha sido traído.). Eu me casei com um bom homem a quem honrei durante o namoro, noivado e casamento, mas estamos atualmente divorciados em respeito à vontade dele (embora eu o amasse e pretendesse viver com ele por toda a minha vida.).  

Até hoje eu acreditava que eu não poderia de novo me casar; contudo,  hoje (11/12/2023), tendo refletido muito nessas palavras de Jesus, percebo que sim! Estou livre para um segundo casamento, embora no momento eu não deseje mais isso. Inclusive, cheguei a compartilhar com algumas pessoas este artigo numa fase inicial no qual eu, embora tenha sido fiel ao meu ex-marido, não reconhecia em mim o direito a um novo casamento. Uma reflexão maior sobre as palavras de Jesus em Mateus 19:9 fez-me concluir que eu estava errada na conclusão inicial que cheguei acerca disso.

Quanto a reatar o relacionamento conjugal, entenda que só valerá a pena se for sob a total direção de Deus para que, Ele agindo em ambos, faça em ambos as mudanças necessárias para que de fato um venha a ser  benção na vida do outro. Até porque independente do que deu causa final ao divórcio, ambos tiveram sua parcela de culpa no decorrer da vida a dois. O fato é que, regra geral, um relacionamento não chega ao fim por culpa de um dos cônjuges apenas! Ambos falharam, ainda que não na mesma medida! Reatar sem ser sob a direção de Deus dificilmente logrará êxito e, possivelmente, resultará em novas dores!!

Essa restauração do casamento, se desejada por um dos cônjuges, deve ser buscada em oração e, sem ansiedade nesse sentido; deixando Deus agir e, descansando nEle e esperando nEle. E se essa restauração do casamento nunca acontecer, amém!! Vida que segue!! Deus é contigo!! 

Quanto ao sexo fora do casamento, “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis, e se alguém pecar, temos um advogado que é Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo”, orientam-nos as Sagradas Escrituras; ficando claro que o pecado na vida do crente deve ser um acidente, nunca um estilo de vida! ARREPENDIMENTO GENUÍNO e confissão de pecados são devidos sempre que se fizerem necessários. Ao ímpio (homem natural), isso não faz o menor sentido!! Mas aquele que um dia verdadeiramente experimentou o novo nascimento em Cristo Jesus  entende que sem santidade ninguém verá a Deus e que a renúncia diária embora seja um caminho estreito, faz-se necessária. Quanto a mim, quando erro sou eu cedendo à minha natureza; e quando acerto sou eu me submetendo à Vontade de Deus que é boa, perfeita e agradável. Somos, contudo, convidados a prosseguir em direção ao Alvo que nos está proposto em Cristo Jesus; sempre avançando e nunca retrocedendo.

Vale lembrar, que o mesmo Jesus que disse que no mundo teríamos aflições é o mesmo Jesus que nos prometeu que estaria conosco todos os dias até a consumação dos séculos, e é Ele o mesmo Jesus que após sua ascensão aos Céus, está à direita do Pai de onde intercede por nós. Hey A Graça dEle nos basta!

Este artigo objetiva tão  somente promover um alerta chamando a atenção para o fato de que o casamento diante de Deus é muito mais do que uma linda cerimônia e precisa ser muito bem pensado antes de tomada essa decisão.

Concluo este artigo chamando a atenção para o fato de que Crer que Deus tem todo o Poder de transformar em benção qualquer situação por mais adversa que seja é a atitude que Ele deseja de nós. Quando Jesus diz que estreito é o caminho que conduz à salvação, Ele faz referência às constantes lutas e necessárias renúncias que aqueles que decidem seguí-lo precisariam fazer ao longo da caminhada cristã. Renúncias essas necessárias na vida daqueles que verdadeiramente amam a Deus acima de todas as coisas, inclusive, acima de seus próprios  sonhos,  vontades, preferências, necessidades, desejos e anseios.

Meu nome é Jeane Kátia, eu sou a autora do livro teológico "O Filho de Deus analisado à luz das Sagradas Escrituras", o qual, está disponível na internet para download gratuito, e eu quero vos lembrar que Deus a todos incondicionalmente ama e a todos igualmente chama ao arrependimento.