Entretanto, Ele me declarou: “A minha graça te é suficiente, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Sendo assim, de boa vontade me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que o poder de Cristo repouse sobre mim. (2 Coríntios 12:9).

O mundo valoriza a força. A força física dos atletas, a força financeira das empresas, a força política dos cargos governamentais e a força militar dos exércitos. Todavia, Paulo, apresentou um conceito de força diferente. Ele afirmou que a fraqueza pode atrair o poder de Deus, tornando um indivíduo forte. “... A minha graça te é suficiente, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza…”. Foi a resposta do Senhor às orações de Paulo para ser removido o espinho na carne. Quando Deus não responde as nossas orações livrando-nos das dificuldades, mas nos dá graça suficiente, não temos razão para nos queixar. A graça é um favor que não merecemos. Ela é suficiente para nos fortalecer e consolar em todas as aflições e angústias. Com ênfase em Atos 9:1-19; 2 Coríntios 12:1-10; e, Efésios 3:7, que nos conta a respeito da conversão do apóstolo, sua nomeação ao ministério e o espinho na carne, vejamos então, como a graça de Deus é suficiente. 

I. A GRAÇA DE DEUS É SUFICIENTE PARA SALVAR. 

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. (Efésios 2:8). A graça representa a salvação inteiramente à parte de qualquer mérito humano. Considere o encontro de Saulo com o Senhor Jesus. Ele respirava ameaças e mortes contra os discípulos de Cristo (At 9:1). Foi exatamente nesse momento de fúria incontrolável que Jesus veio ao encontro dele para salva-lo. (At 9:1-19). Isto é Graça. Saulo não conhecia o Senhor Jesus e não havia feito nada para merecer conhecê-lo. Foi o Senhor Jesus que foi ao encontro de Saulo e não este ao encontro do Senhor. Posteriormente, o apóstolo se referiu a experiência ocorrida no caminho para Damasco, como o começo de sua nova vida em Cristo (1Co 9.1; 15.8). No centro dessa experiência maravilhosa estava Jesus Cristo. Paulo não teve qualquer visão; ele realmente viu Cristo ressurreto (At 9:17); reconhecendo-o como Senhor e Salvador, decidido a obedecê-lo. A verdadeira conversão é consequência de um encontro pessoal com Jesus Cristo, que implica um relacionamento de obediência a Ele. Louvado seja Deus que toda atividade da vida cristã, desde o seu início até o fim, depende desta graça divina. Tornamo-nos cristãos pelo favor não merecido que recebemos de Deus, e não pelo resultado de qualquer esforço, capacidade, inteligência, ato ou serviço oferecido por nós. Entretanto, como prova de gratidão, por essa dádiva tão graciosamente recebida, devemos ajudar nosso próximo com bondade, amor e carinho. Embora nenhuma obra ou trabalho possa nos ajudar a alcançar a salvação, o propósito de Deus é que ela resulte em atos de prestação de serviço ao Senhor e ao próximo.

II. A GRAÇA DE DEUS É SUFICIENTE PARA NOMEAR PARA O SERVIÇO CRISTÃO.

Pela graça suficiente, Deus escolheu Paulo não apenas para salvá-lo, mas também a fim de usá-lo para ganhar a outros. "... Fui nomeado ministro desse Evangelho, segundo o dom da graça de Deus…", (Ef 3:7). Paulo diz que foi constituído ministro (servo) desse evangelho pelo livre dom da graça de Deus. Significa que não era por causa de seu mérito, pois ele não tinha nenhum (2 Co 3:5). O mesmo pode ser dito de cada cristão que desempenha atividades para o Reino de Deus. Não é pelo mérito, mas apesar do demérito que servimos ao Senhor. Portanto, não permita que o chamado produza orgulho no coração. Lembre-se de que o chamado envolve responsabilidade. Deus escolheu Paulo para pregar entre os gentios a mesma graça que ele próprio havia experimentado. A graça de Deus é dada a cada crente a fim de que este possa realizar a vontade divina. É uma força poderosa que flui do Cristo ressurreto e opera por meio do Espírito Santo que habita no crente. A este respeito, a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal comenta: Quando Paulo começou a pregar as Boas Novas, Deus lhe deu a capacidade necessária para falar com eficiência.  Você pode não ser um apóstolo, ou mesmo um evangelista, mas Deus lhe concederá oportunidades de falar aos outros a respeito de Cristo. Além disso, Ele lhe concederá habilidade, coragem e poder. Quando chegar essa ocasião, apresente-se a Deus como seu servo. Ao dirigir sua atenção a outras pessoas e às necessidades delas, Deus lhes comunicará sua atitude de carinho e suas palavras serão naturais, amorosas e convincentes.

III. A GRAÇA DE DEUS É SUFICIENTE PARA CONCEDER EXPERIÊNCIAS ENCORAJADORAS.

Das muitas experiências encorajadoras que Deus concedeu ao apóstolo Paulo, destaco três:

1. Experiência através de visões e revelações do Senhor. "Considerando, pois, ser necessário que vos exponha minhas glórias, embora não me seja vantajoso orgulhar-me, passarei às visões e revelações do Senhor" (v,1). Ao longo de seu ministério, Paulo recebeu visões de Deus que o guiaram e encorajaram, como no caso de seu chamado para ir à Macedônia (At 16:9). Em meio às dificuldades do ministério em Corinto, Deus também encorajou Paulo com uma visão (At 18:9,10). Depois de ser preso em Jerusalém, o apóstolo voltou a ser encorajado por uma visão de Deus (At 23:11). Em outra ocasião, um anjo lhe apareceu no meio da tempestade e lhe garantiu que todos os passageiros do navio onde ele se encontrava seriam salvos (At 27:23). Como se estas experiências não bastassem, O Senhor arrebatou Paulo ao terceiro céu, experiência que ele manteve em silêncio durante quatorze anos.

Uma honra como essa, explica Warren W. Wiersbe, teria enchido a maioria das pessoas de orgulho. Em vez de permanecerem caladas durante catorze anos, teriam espalhado o acontecimento para o mundo todo imediatamente, tornando-se famosas. Mas Paulo não se orgulhou. Apenas disse a verdade - não se tratando, portanto, de vanglória - e deixou que os fatos falassem por si mesmos. Sua grande preocupação era que ninguém roubasse de Deus a glória que lhe era devida a fim de dá-la a ele. Está experiência de Paulo, reafirma a realidade do céu e mostra que Deus pode levar seu povo para lá. O terceiro céu corresponde ao "paraíso", o céu dos céus, onde Deus habita em glória. Graças à ciência moderna, o ser humano pode visitar o céu de nuvens (voando acima das nuvens) e o céu dos corpos celestes (andando na Lua), mas o ser humano não é capaz de chegar ao céu de Deus sem ajuda divina.

William Barclay explica que a palavra paraíso provém de um termo persa que significa jardim amuralhado. Quando um rei persa desejava conferir uma honra muito especial a alguém que apreciava, o fazia acompanhante em seu jardim, e lhe outorgava o direito de caminhar pelos jardins com ele numa relação próxima e íntima. Nesta experiência, como nunca antes e nunca depois, Paulo tinha acompanhado a Deus. Em breve o Senhor Jesus concederá honra a igreja de caminhar com Ele na pátria celestial (Fl 3:20).

2. Experiência que proporciona equilíbrio em nossa vida. Deus deu a Paulo uma visão motivadora do céu, mas também um contraponto, para mantê-lo humilde. Se tivermos apenas bênçãos, poderemos nos tornar orgulhosos; assim, para equilibrar nossa vida, Deus permite que também tenhamos fardos. "E, para impedir que eu me tornasse arrogante por causa da grandeza dessas revelações, foi-me colocado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás para me atormentar". (v,7). Nesta porção Bíblica, o apóstolo narra o método que Deus usou para evitar que se exaltasse de modo desmedido pelas visões e revelações que recebia.

Não nos foi dito o que era esse espinho na carnetodavia, o termo traduzido por "espinho" significa "uma estaca afiada usada para tortura ou empalação". Era uma aflição física de algum tipo que causava dor e agonia ao apóstolo. Por este motivo, Paulo relata que "por três vezes, orou ao Senhor para que fosse removido o espinho na carne. “A minha graça te é suficiente, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (v,9). Foi a resposta que o Senhor deu ao apóstolo. Quando somos afligidos por espinhos na carne, devemos nos entregar à oração. Se a primeira oração não é respondida, nem a segunda, devemos continuar orando. MacArthur diz que embora Deus não tivesse removido a aflição de Paulo, prometeu demonstrar Seu poder na sua vida. O fato do poder de Deus ser mostrado em nossa fraqueza deve nos dar coragem e esperança. À medida que reconhecemos nossas limitações, passamos a depender mais de Deus e não de nossa própria energia, esforço ou talento. E a semelhança de Paulo podemos dizer: "Porque quando estou fraco então sou forte". ( 2Co 12:10).

3. A experiência de ser abençoado por meio da transformação, não da substituição. 

Ao orar três vezes rogando que sua dor fosse removida, Paulo pediu uma substituição: "dá-me saúde em vez de enfermidade; livramento, em vez de dor e fraqueza". Por vezes, Deus supre a necessidade pela substituição; em outras ocasiões, supre pela transformação. Exemplo: Deus não vai e nem quer substituir o cônjuge problemático, mas transforma-lo. Ele não remove a aflição, mas nos dá sua graça, de modo que a aflição trabalhe em nosso favor, não contra nós.

CONCLUSÃO: A partir da experiência de Paulo, podemos aprender várias lições práticas. A vida de Paulo ensina-nos que o espiritual é mais importante do que a remoção das aflições físicas. A pessoa saudável que se rebela contra Deus está em piores condições do que a pessoa aflita que se submete a Deus e que desfruta Sua graça. Qualquer coisa que Deus faça para desenvolver nosso caráter cristão é muito mais importante do que a cura física sem caráter. Todavia, a aflição física não deve ser um impedimento para o serviço cristão eficaz. Paulo não permitiu que seu espinho na carne fosse uma pedra de tropeço. Antes, deixou que Deus transformasse esse espinho em uma pedra de apoio. Saiba também que nem sempre receberemos como resposta as orações o que desejamos, mas o que precisamos. A graça de Deus é o que precisamos.

AUTOR: Antônio Pacifico