ARMADURA DO GUERREIRO DE ORAÇÃO

Imaginemos um batalhão de soldados num campo de batalha em posição de guerra vestidos de pijama. Que quadro imaginário comicamente absurdo! Entretanto é exatamente dessa maneira que muitos cristãos estão, vestidos de roupa de dormir, em pleno campo de batalha espiritual. Logo, não é de se admirar que Satanás esteja levando vantagem sobre boa parte do povo de Deus, a Igreja. O que fazer então para mudar esse quadro? O apóstolo Paulo nos diz: "Revesti-vos de toda armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Portanto tomais toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis" (Ef. 6:11-13).
Apesar de eu não ter servido o Quartel, bem que desejei ter servido a minha pátria, sei que em estratégia militar, o cálculo incorreto do poder e da capacidade das forças inimigas é um erro trágico. Tratando-se do confronto do cristão com as forças malignas do pecado, o erro não é somente trágico, é também imperdoável, porque fomos claramente advertidos tanto a respeito da natureza do conflito como também da formidável capacidade do inimigo, "porque a nossa luta não é contra sangue e a carne". Estamos envolvidos numa batalha de vida ou morte, não contra um frágil inimigo humano mas contra as forças sobrenaturais do inferno. A expressão "a nossa luta" (no grego= Pále) significa uma luta corporal, isto é, corpo a corpo, o que ainda mais agrava a natureza do confronto.
Muitos estudiosos têm tentado interpretar os termos gregos "principados", "potestades", "dominadores deste mundo tenebroso" e "forças espirituais", dando as mais variadas interpretações. No meu ponto de vista, esses termos caracterizam a hierarquia das forças invisíveis em relação a rebelião contra Deus (Ef. 1:21;3:10). Não se deve deduzir desta lista que Paulo esteja relacionando quatro distintas classes de seres demoníacos. Isso é forçar a exegese bíblica e manipular a hermenêutica sagrada. O termo "principado" (no grego= Archas), refere-se ao oposto e ao relativo poder. "Potestade" (no grego= Exousias), refere-se à autoridade de que são investidos. "Os dominadores deste mundo tenebroso" (no grego= Kosmokratoras) são os que dirigem o mundo na revolta contra o Criador (I Cor. 4:4). "As forças do mau nas regiões celestes" (no grego= Peneumatikas) pode ser interpretado como referência à cena do conflito. Assim compreendida, a referência é à esfera celeste na qual a vida em Cristo é vivida. A expressão pode indicar que a morada das forças espirituais do mal não está na terra, mas nas regiões invisíveis no mundo espiritual. É nesse lugar que Satanás está armando as suas estratégias de guerra, e organizando os seus exércitos para nos confrontar. Os seus "espíritos territoriais" e milhares de demônios de "baixo escalão" são enviados para tomar conta de territórios e dominar as vidas de pessoas sem Cristo. Portanto é necessário deixarmos "os pijamas" de lado e nos revestirmos de toda a armadura de Deus, para que possamos resistir no dia mau, ou seja, no dia da Batalha Espiritual.
Paulo diz: "Toda armadura de Deus" (vs.11,13-17). Essa terminologia é tirada do soldado romano bem equipado para a dureza da guerra. Chama-se a armadura "de Deus" porque é a armadura que o próprio Deus fornece. Cada peça é providenciada por Ele. É "toda a armadura", isto é, a armadura completa, para que nenhuma parte da nossa personalidade fique exposta e desprotegida. No livro "O Peregrino", que já tive a oportunidade de ler oito vezes, o cristão, o principal personagem da história alegórica, foi até a casa das armas e vestiu-se de toda a armadura de Deus para então prosseguir a sua viagem cheia de perigos (O Peregrino, escrito por John Bunyan, hoje é a mais famosa alegoria do mundo. O único livro mais vendido do que O peregrina é a Bíblia Sagrada).
Deus providenciou uma casa de armas onde se encontra uma armadura completa para todos os seus soldados. Mas somos nós que, fazendo a parte que nos cabe, temos de aceitar as oportunidades e os instrumentos que Deus nos fornece. É por isso que somos convocados a nos revestir de toda a armadura de Deus para que possamos ficar "firmes contra as ciladas (no grego= métodos, estratégias) do diabo" (v.11). O tempo do verbo "revestir" mostra que a ação é urgente e decisiva. Quando já estivermos empenhados no combate com o inimigo é tarde de mais para providenciar a armadura. As "ciladas do diabo" são os estratagemas, os inúmeros e sutis recursos que lança mão o nosso arqui-inimigo para investir contra nós, o povo de Deus.
No versículo 13, "portanto" retorna a descrição do versículo 12 e chama a atenção para o caráter ameaçador do inimigo, o qual é tão forte que o cristão, o guerreiro de oração, precisa de proteção da completa armadura de Deus. Em vez de dizer "revesti-vos", o apóstolo diz aqui "tomai" toda a armadura de Deus, o verbo mais empregado na linguagem militar por quem se arma a si próprio. Conclui-se, pela construção da frase, que a armadura está perto do soldado cristão, pronta para ser usada. Basta apenas que ele entre na casa das armas e a tome. O tempo do verbo reflete outra vez a urgência da ação. As armas têm de ser urgentemente apanhadas para que possam ser usadas, pois estamos em Guerra!

Adentremos na Casa das Armas

Agora vamos adentrar na "casa das armas" para tomarmos a completa armadura de Deus, e nos revestirmos da cabeça aos pés com cada uma de suas peças:
Cinto da verdade
(v. 14)

O cinto do soldado romano era de fundamental importância, pois mantinha firme a sua túnica e dele ficava suspensa a bainha da sua espada. "Verdade" está no texto grego sem artigo, o que transmite a idéia de sinceridade e honestidade. Todavia convém lembrar que essa disposição para a sinceridade e para a verdade não é uma obra da carne, e sim uma obra sobrenatural do Espírito para complementar a armadura de Deus. Quando estamos revestidos com a verdade em nossa vida, Satanás, o pai da mentira (Jo.8:48), e os seus demônios não têm poder para nos atingir. Em Salmo 91 está escrito: "Pois ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa. Cobrir-te-á com as suas penas, e sob suas asas, estarás seguro; a sua VERDADE é pavês e escudo" (vs.3,4). O guerreiro de oração deve ser comprometido com a verdade; em todo o seu proceder, pensar e falar a verdade deve está imbuída, porque esta é uma arma poderosa na vida do soldado de Cristo. O apóstolo Paulo disse: "Porque nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade" (II Cor.13:13).
Em 1989, numa sexta-feira, eu estava dirigindo uma vigília de oração com aproximadamente 280 pessoas. Havia um mover de Deus extraordinário naquele chapéu de palha onde estávamos buscando a face preciosa do Pai celeste. Era 23:40 quando um homossexual que estava nos visitando ficou completamente possesso por um demônio chamado "Tranca-rua". Todos na vigília ficaram apavorados com o ajeito agressivo com que aquele endemoninhado estava se portando. Então um irmão passou na minha frente que nem uma bala, e impôs a sua mão sobre o rapaz possesso, dizendo: "Em nome de Jesus, saí desta vida!". O endemoninhado com uma força e rapidez sobrenatural deu-lhe um sôco tão forte que o coitado do irmão caiu a dois metros de distância. Em seguida o espírito imundo falou por meio do rapaz possesso: "Quem és tu para me expulsar? A tua vida é uma mentira! Queres ser crente, mas anda com a mulher do teu vizinho, pensas que eu não te vejo quando tu marcas encontro com ela as escondidas?..." Nesse exato momento ergui a minha voz dizendo: "Cala a tua boca espírito imundo! Eu te repreendo na autoridade do nome de Jesus, saí agora desta vida!". Depois da oração de comando o "Tranca-rua" saiu da vida do Paulo, e ele aceitou a Cristo como salvador. Quanto ao irmão desconcertado que se precipitou em tentar expulsar o demônio, teve que pedir perdão da igreja, pois, de fato, ele estava saindo com a mulher do seu vinho já faziam dois meses!
Este tristemunho serve como alerta para todos aqueles cristãos que andam maquiados com o cosmético da verdade, entretanto, vivem uma vida de mentira. Entrar na Batalha Espiritual sem o cinto da verdade é suicídio na certa!




Couraça da justiça
(v.14b)

Outra peça essencial da armadura do soldado romano era a "couraça". Sem a "couraça", o tórax do guerreiro ficava vúnerável a cada golpe do inimigo. Paulo diz que a justiça é a couraça do guerreiro de oração, pois, com essa parte da armadura podemos proteger os pontos vulneráveis de nossa vida espiritual. Mas de que se trata a "couraça da justiça"? Trata-se de uma vida de santificação, isto é, separada para Deus, nosso Grande General. Em Romanos 6:13 está escrito: "...nem ofereças cada um os membros do corpo ao pecado, como instrumento de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e o vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça". O Escritor anônimo de Hebreus também nos diz: "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (12:14). Observe nestes dois textos que a santificação ou a justiça em nossa vida é algo de fundamental importância. Satanás e as suas hostes não conseguem resistir um cristão que vive em santificação na presença de Deus. Lembro-me que, certa ocasião fui confrontado por uma legião de demônios que estavam incorporados em uma mulher. Eles diziam diretamente para mim: "Nós vamos te destruir na primeira vacilada que tu deres. Nunca saia da presença desse homem de branco [Jesus] que te acompanha!". Eu perguntei para eles: " Por que vocês não me destrói agora?" A resposta daquela LEGIÃO FURIOSA foi taxativa: "Porque tens te CONSAGRADO ao HOMEM DE BRANCO!". Aleluia! Se nós vivermos uma vida de santificação na presença do Senhor, então, estaremos revestidos da "couraça da justiça"!

Calçado do Evangelho da paz
(V.15)

O soldado bem equipado no dias de Paulo usava sandálias cujas solas eram presas com pregos. Essas sandálias não só protegiam os seus pés como também os capacitava a se mover rapidamente e com segurança. Nos tempos antigos, em que as guerras se travavam geralmente corpo a corpo, a rapidez dos movimentos era essencial. Paulo esclarece que o cristão, o guerreiro de oração, precisa ter os pés calçados na preparação do "evangelho da paz". Muitos estudiosos tomam o termo grego " " (Etoimasía) no sentido de "Presteza" no serviço de Deus, isto é, ter disposição mental que leve as pessoas a compreenderem com rapidez qual o dever a cumprir, sempre pronto a lutar por ele se necessário. Essa atitude procede do "Evangelho da paz" ou é produzido por ele.
O evangelho é assim designado porque é o poder que traz a paz, que destrói a inimizade no coração dos homens (Is.52:7). É essa paz no coração, produzida pelo evangelho, que dá ao guerreiro de oração a sua disposição para o combate no campo de batalha contra as hostes demoníacas. Ter uma consciência em paz com Deus, e tranqüila comunhão com ele, capacita o guerreiro de oração a entrar na batalha com firme determinação e calma segurança. Há muitos anos tenho ministrado sobre a vida de pessoas extremante possessas e escravizadas pelo diabo, e tenho obtido bons resultados na maioria dos casos, graças ao Senhor que tem me outorgado os calçados do evangelho da paz!.

Escudo da fé
(v.16)

Temos aqui uma outra parte da armadura que jamais devemos deixar de usar, o escudo da fé. O apóstolo se refere à necessidade de embraçar "sempre o escudo da fé". A leitura variante preferida por muitos especialistas na leitura do texto original, coloca uma preposição aì, que obriga a ler a frase "em toda as circunstancias". Se se aceitar essa alternativa, a interpretação do texto indicará a necessidade do uso do escudo em todos os momentos da Batalha Espiritual.
O "escudo da fé" é uma referência, não ao pequeno e redondo escudo que os cavaleiros usavam, todavia ao grande e oblongo que os soldados romanos pesadamente apetrechados portavam. O homem, com ele, ficava bem protegido. E essa é a espécie de escudo que, diz Paulo, a nossa batalha requer. Nós como guerreiros de oração devemos embraçar o escudo da fé para podermos resistir os "dardos inflamados" do diabo. Para efeito de informação, os "dardos inflamados", eram uma das armas mais perigosas das guerras da antiguidade ? eram flechas untadas com breu ou com outro material combustível e acesas imediatamente antes de serem lançadas contra o adversário. Não só feriam, como também queimavam. A melhor proteção do soldado era, pois, ? alias a única proteção suficiente ? era manejar o escudo com precisão de sorte que o projétil caísse ao solo. Assim, caía a flecha inflamada e o fogo se extinguia.
O escudo é chamado "escudo da fé", cujo sentido é o de crer na proteção de Deus, a nossa garantia contra os malignos ataques de Satanás. Em Salmos 91 está escrito: "Não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia, nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade que assola ao meio dia. Mil (demônios)cairão ao teu lado, e dez mil (demônios), a tua direita; tu não serás atingido...Pisarás o leão e a cobra (símbolos do diabo), calcarás ao pés o leãozinho e a serpente (o soldado, o guerreiro de oração, pisará na cabeça de Satanás e seus demônios). Porque a mim se apegou com amor, Eu o livrarei (protegerei); pô-lo-ei a salvo, porque conhece o meu NOME. Ele me invocará, e Eu lhe responderei..." (vs.5-7, 13,14). Esta promessa é para todos os soldados de Cristo que usam o escuda da fé em todos os momentos do conflito espiritual. A fé genuína protege-nos, entretanto, não por algum poder que lhe seja inerente, porém por nos manter em contato permanente com Aquele que jamais conheceu derrota ? Deus, o qual se interpõe entre nós e o nosso inimigo. Pela fé, portanto, é que poderemos "apagar os dardos inflamados do maligno", que são os ardis de Satanás. Aleluia! "O Senhor dos exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio!" (Sl.46:11).

Capacete da savalção
(v.17)

A última peça defensiva a ser mencionada é o "capacete da salvação". Uma proteção ao redor da cabeça que o soldado romano usava. O elmo ou capacete era de bronze, equipado com protetores para o rosto. O capacete era um item decorativo e caro que tinha por dentro uma camada de feltro (esponja) que tornava suportável carregá-lo. De que se trata essa peça da armadura de Deus? Bom, uma vez que Paulo se dirige a cristãos, a referência é à consciência da salvação e a proteção advinda dessa consciência. O nosso arqui-inimigo é perito em atacar a mente dos salvos com intuito de por nela a chamada "dúvida da salvação". Como guerreiros de oração precisamos manter a nossa consciência sã e protegida contra a dúvida, pois Satanás intenta de todas as maneiras atingir a nossa mente. Faz alguns anos atrás que fui procurado por um irmão desesperado. Ele disse-me: "Pastor, estou me sentido confuso. Não sei lhe explicar...! Estou com dúvida da minha salvação!". Quando ouvi estas palavras serem pronunciadas pela boca de um cristão sincero de 25 anos de fé, eu disse-lhe: "Ajoelhe aqui, pois o Senhor vai dá uma polida no capacete da salvação que está sobre a tua vida". Então fiz a seguinte oração: "Senhor, retira da mente deste teu servo a sujeira da dúvida, e restaura-lhe a convicção de sua salvação. Pai celeste dá uma polida no capacete da salvação deste soldado, em nome de Jesus, amem!". Depois da oração, ele disse-me: "Meu capacete está brilhando novamente!". A verdade é que o guerreiro cristão recebe a ordem de "tomar" o capacete da salvação. Essa palavra, que não é a mesma usada em referência ao escudo, significa ordinariamente "receber", "aceitar" ou "acolher alegremente". Na nossa passagem, porém, ela provavelmente tem o sentido de "apanhar". Portanto, apanhemos o "capacete da salvação" para que possamos combater o bom combate e vencer a Batalha Espiritual!

Espada do Espírito
(v.17)

A "Espada do Espírito" é a única peça ofensiva da armadura do Guerreiro de oração. Mas nenhuma outra é necessária. Por ela, o personagem alegórico de John Bunyan põe Apolion a fugir:
"No Vale da Humilhação, o pobre Cristão achou-se em apuros. Tinha apenas andado uma pequena distância, quando viu um repugnante demônio que se chamava Apolion. Cristão começo a apavorar-se e não sabia se voltava ou se se defendia. Resolveu prosseguir e apolion veio a seu encontro.
O monstro era horrendo. Era coberto de escamas como peixe, tinha asas como dragão e pés de urso. De sua boca, que era como boca de leão, expelia fogo e fumaça. Era ele o rei da Cidade da Destruição e tinha o propósito de matar Cristão.
Apolion: ? Você é um de meus súditos, pois eu sou o príncipe e o deus da Cidade da Destruição. Por que você fugiu de seu rei? Se não tivesse esperança de você ainda chegar a me servir, eu o arrasaria.
Cristão: ? É verdade que nasci em seu reino, mas como era duro servi-lo! Um homem não pode viver com o salário que você paga, pois ?o salário do pecado é a morte?. Agora eu me uni ao Rei dos príncipes. Gosto mais de Seu serviço, Seu salário, Seus servos, Seu país e a Sua companhia. Não me tente convencer. Sou servo dele e eu O seguirei.
Estas palavras resolutas enfureceram Apolion. Irado, ele arremessou um dardo inflamado contra o peito de Cristão, mas o escudo deste o protegeu. Cristão desembainhou depressa a Espada do Espírito e atacou Apolion.
Os dois adversários bateram-se recuando e avançando durante meio dia sem que nenhum dos dois levasse vantagem. Cristão, que estava ferido na cabeça e nos pés, tinha perdido muito sangue. Não sendo mais capaz de resistir, tombou ao solo, e a espada voou de sua mão. Mas quando Apolion estava preste a matá-lo, Cristão agilmente estendeu a mão, agarrou a Espada,e disse: ? "Ó inimigo meu, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei" (Ml.7:8). Com isso, desfechou contra Apolion um golpe mortal que o fez recuar...Derrotado, Apolion abriu as suas asas de dragão e voou para longe..." (O Peregrino, Pág. 115-121).
A Espada do Espírito, isto é, fornecida pelo Espírito é poderosa para afugentar Satanás e as suas hostes. Na última frase do versículo 17, é ela identificada com a PALAVRA DE DEUS. Foi essa poderosíssima arma que o nosso Senhor usou contra Satanás ao ser tentado no deserto:
"Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.
Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para que nunca tropeces em alguma pedra.
Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.
Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles.
E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.
Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. Então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviam" (Mt.4:1-11).
Observemos, neste episódio da vida de Jesus que houve uma confrontação espiritual em que Cristo saiu vitorioso porque Ele usou a Espada do Espírito, a PALAVRA DE DEUS, contra o tentador, o DIABO. Nós como Guerreiros de oração precisamos aprender a manejar bem essa ARMA PODEROSA, á única arma que tem poder para ferir o "coro asqueroso" de nosso arqui-inimigo!

1)- O PODER DA PALAVRA: Você tem consciência da PODEROSA ARMA que está em suas mãos? Há poder imensurável na Espada do Espírito, pois foi por meio da PLAVARA DE DEUS que os céus e a terra foram criados (Gn1 comp. Hb.11:3); ela transforma o pecador mais vil em um santo homem de Deus (eu me incluo nessa classe de pecador); ela é viva e eficaz, penetra até a divisão da alma e do espírito (Hb.4:12); Tudo que existe no universo está sustentado pela Onipotente Palavra de Deus (Hb.1:3); e, é por meio dela que as fortalezas do diabo são completamente destruídas. Amado, nós temos em nossas frágeis mãos uma "Espada" que é uma verdadeira"BOMBA ATÔMICA DIVINA"! Aleluia! É muito poder!!!
2)- A BAINHA DA ESPADA DO ESPÍRITO: Toda espada precisa de uma bainha para que seja guardada quando não estiver sendo usada. A Espada do Espírito também necessita de uma bainha onde possa ser guardada. Mas onde poderemos arrumar uma bainha adequada para a Espada do Espírito? Davi, um grande guerreiro do Senhor, nos mostra qual a bainha onde devemos guardar a Espada do Espírito, ele diz: "Escondi a tua palavra no meu coração..." (Sl.119:11). O verbo hebraico "Esconder" tem o sentido de "guardar" ou "embainhar". A arte de memorizar ou "guardar" os textos da Bíblia Sagrada é observada por poucos, porém, é algo de extrema necessidade na vida dos Guerreiros de oração e, principalmente, na vida de quem ministra no altar santo do Senhor. C.H. Spurgeon, o príncipe dos pregadores, disse certa vez: "Infelizmente é freqüente os pastores acrescentarem ou omitirem uma palavra ao texto bíblico, ou degradarem de certo modo a linguagem do texto Sagrado". É só memorizando (guardando/embainhando) a "Espada do Espírito", a "Palavra de Deus", que estaremos de fato nos protegendo contra o pecado, a carne e Satanás, nosso arqui-inimigo. Quando Jesus foi tentando Ele demonstrou grande habilidade nos textos Sagrados, porque os tinha memorizado. Há pessoas que pensam que Jesus não precisou estudar as Escrituras pelo fato de ele ter sido o Filho de Deus encarnado. Mas vou decepcionar essas pessoas dizendo-lhes: "Jesus sendo homem viveu dentro das limitações humanas por isso precisou estudar como qualquer pessoa da sua época" (Fl. 2:5-10). Jesus aprendeu na sinagoga, pois, nos dias dEle, estava ela espalhada por todos os lugares, e a freqüência a ela era hábito arraigado, quando não obrigatório. Lucas, o médico e discípulo do Senhor, diz: "No sábado Jesus entrou na sinagoga, como ERA SEU CUSTUME" (Lc.4.16). Segundo o Dr. Wilson, Jesus ia à sinagoga pelo menos uma vez em cada Sábado, e isso por vinte anos ou mais. Nela havia exercício religiosos aos sábados, nas segundas e quintas-feiras, nos dias de festas e nos dias de jejum. A sinagoga era instituição puramente educacional ou instrutora. Lá a Lei ( os cinco primeiros livros da Bíblia ) era lido por uma pessoa, um intérprete explicava uma porção da Palavra de cada vez, aplicando a leitura à vida do povo em geral. Assim, se lia todo o Pentateuco de três em três anos e meio. A segunda leitura do dia era tirada dos profetas, sendo lidos e explicados três poções de cada vez. Desta forma foi à leitura que Jesus fez na sinagoga de Nazaré, registrada em Lucas. 4:17-19. Algumas vezes faziam-se perguntas para que os assistentes respondessem. Ainda recitavam também em uníssono certas passagens escriturísticas. Assim foi que Jesus aprendeu a Lei e os profetas, habilitando-se para refutar os rabinos e perguntar-lhes: "Não lestes?" Em sua tentação Ele venceu o diabo dizendo na cara feiosa dele: Esta escrito...! está escrito...! está escrito...! ( Mt.4:4,710 ).
O Senhor, Nosso Mestre, conhecia a arte de memorizar ou "embainhar" os textos Sagrados, pois ninguém melhor que Ele podia dizer com tamanha autoridade e no pé da letra: "ESTÁ ESCRITO!". Foi desta maneira que Ele venceu a carne, o mundo, o diabo e todas as circunstâncias adversas que o cercavam. Jesus punha em prática o mandamento registrado em Josué 1:8: "Não se aparte da tua boca o livro desta Lei; antes "medita" nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer a tudo quanto nele está escrito..." (Jo.1:8). O verbo hebraico "hagab" contido neste texto tem a seguinte conotação: "pensar sobre..., ater-se em..., pôr em prática e memorizar, isto é, guardar no coração como se embainha uma espada em sua bainha". É isto o que diz Deuteronômio 6:6,7: "E estas Palavras, que hoje te ordeno estarão no teu coração". Em síntese, o homem ou a mulher de Deus que deseja obter vitórias na Batalha Espiritual precisa "embainhar" a Espada do Espírito em seu coração para que possa usa-la em tempo de confrontação espiritual.
Permita-me dar-lhe uma dica de três princípios básicos para uma boa memorização dos textos Sagrados:
a)- Use a Memória visual: "Estas Palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração..." ( Dt.6:6a ). Este é o princípio de reter o texto por meio de uma leitura silenciosa. Neste aspecto a memorização se dá por meio de ler e reler o texto mentalmente, repetindo-o no mínimo 20 vezes silenciosamente.
b) Use a Memória auditiva: "...e delas falarás assentado em tua casa.." ( Dt.6:6b ). Este é o princípio de reter o texto lendo-o em voz alta para que possa ser ouvido e memorizado via audição. Neste aspecto a memorização se dá por meio de ouvir o que se estar lendo em voz alta. Você pode usar também uma fita K7 ou CD, algumas vezes eu o faço, para gravar a sua leitura e depois ouvi-la 20 ou 40 vezes.
c)- Relembre durante o dia: "...e andando pelo caminho" (no decorrer do dia Dt. 6:6c) Este princípio consiste em relembrar o texto que fora memorizado durante o devicional para melhor fixação. Você pode até escrever o texto memorizado em um pedaço de papel e conservá-lo no seu bolso para que durante o dia, caso esqueça, dê uma olhada nele para relembrá-lo. "E as escreveras..." ( Dt.6:9 ).
Praticando estes três simples, mas poderosos princípios de memorização dos textos Sagrados, certamente sua memória será curada de qualquer deficiência, porque a Palavra cura, e a sua leitura experimentará uma melhora de 100%. Posso dizer isso por experiência própria, pois durante 15 anos memorizando os textos da Bíblia me resultaram numa memória treinada para guardar informações úteis, e a minha leitura não é de se jogar fora!
Resumindo: FAÇA DA SUA MENTE A BAINHA DA ESPADA DO ESPÍRITO, A PALAVRA DE DEUS!
3)- COMO USÁ-LA: Uma vez que a palavra de Deus está embainhada em sua mente, você está preparado para guerrear contra o diabo. Entretanto, como devemos usar a Espada do Espírito na hora crucial da batalha contra Satanás e os demônios? Da mesma maneira que o nosso Mestre a usou quando foi tentado no deserto: Recitando-a na cara dos nosso inimigo! Observe que para toda investida do diabo o Senhor Jesus disse: "Está escrito...!". Em 1997, num culto de libertação, fui desafiado por um demônio que dizia: "Seu pastor magricela, tu não tens autoridade de me expulsar! Eu estou aqui tenta me expulsar!". Então, tomado pela graça do Senhor, eu ordenei aquele espírito: "Está escrito em Marcos 16:17: ?Em meu nome expulsarão demônios!?. Portanto sai desta vida, agora eu te ordeno!" No mesmo instante aquele espírito imundo que tentara me intimidar teve que sair. A Palavra de Deus é a "Poderosa Espada do Espírito"!




A Prática de todos os tipos de oração
(v.18,20)

A oração é o meio pelo qual o soldado de Cristo encontra apoio e o ânimo com que tem que enfrentar o inimigo e pô-lo em demanda. A frase "com toda [no original significa com toda espécie ou tipos de] oração..." Há vários tipos de oração que o Guerreiro de oração pode fazer na presença do Grande general, Deus. Não podemos enfrentar a batalha espiritual somente vestido com toda a armadura, pois sem o contato com a "base celeste" estaremos perdidos. Precisamos todos os dias invocar a presença do nosso Deus empregando todo tipo de oração para que Ele esteja ao nosso lado nos confrontos espirituais. Lembremos-nos da experiência de Cristão no vale da sobra da morte, contada por Bunyan.
Mais ou menos no meio do vale, ele encontrou um lugar que percebeu ser a "boca do inferno". "E de quando em quando", escreve Bunyan, "chispa de fogo e fumaça saíam em tão grande abundancia, e com tão terrível ruído e Cristão tomou outra arma chamada ?toda oração? ". E quando ele bramiu a poderosa arma, os demônios do inferno "recuaram e não avançaram". Assim devemos também buscar a ajuda de nosso Todo-poderoso General. Em resposta à nossa insistente oração ele se põe ao nosso lado para nos defender poderosamente. Portanto, "orai sem cessar" (I Tss. 5:17).
Uma observação importante: Na armadura romana não havia proteção para as costas, isto é, na hora da guerra o soldado romano não poderia virar as costas, pois se assim o fizesse seria uma presa fácil para o inimigo. Nós também como Guerreiros de oração devemos ter cuidado e vigiarmos para que Satanás não nos atinja as "costas espirituais". Lembremo-nos sempre que, Deus não providenciou proteção para as nossas "costas espirituais", ou seja, para nossa falta de vigilância!


O Guerreiro de oração e o calcanhar de Aquiles

A oração é sem dúvida uma das armas mais poderosa que um cristão possui. Quando nos munimos dela com sabedoria e prudência, Satanás estremece e foge espavorido com o rabo entre as pernas. Se todos os dias criarmos o hábito de nos prostrarmos ante a face do Deus Todo-poderoso, nos tornaremos gigantes espirituais. O nosso Arqui-inimigo não nos resistirá, pois a oração é o meio pelo qual mantemos comunhão com Deus, o nosso GRANDE GENERAL, para vencemos as grandes batalhas. Todas as confrontações no campo espiritual são vencidas quando nos encontramos na trincheira da oração, e em contato direto com o Senhor das batalhas. É necessário por meio da oração nos equiparmos de toda armadura de Deus conforme vimos acima; e depois de termos feito isso, faz-se necessário, termos cuidado com o "calcanhar de Aquiles". Calcanhar de Aquiles? Mas o que é o calcanhar de Aquiles?
Lendo as histórias mitológicas dos gregos encontrei uma muito interessante que ilustra exatamente a vida de muitos cristãos relapsos no que diz respeito à vigilância. Faço questão de contar-lhes sobre o "calcanhar de Aquiles":
Aquiles, um soldado grande, forte e muito temido pelos inimigos. Ele era imbatível em qualquer confronto militar. E isso era devido a sua indumentária: capacete, luvas e proteção para o peito, pernas e braços ? uma armadura completa que impossibilitava a qualquer dardo ou lança do inimigo penetrar-lhe o corpo. E sua fama era grande, principalmente entre os inimigos.
Certo dia, porém, um general inimigo percebeu um pequeno detalhe naquela armadura: Aquiles usava um calçado que lhe protegia muito bem a parte da frente dos pés, mas deixava expostos os calcanhares. Esse general, então, pensou consigo mesmo: "É por aí que vou..."
Esse comandante treinou seu exército para ferir os calcanhares de Aquiles. "Não deu outra". Ele caiu, ferido por uma flecha, tornando-se presa fácil. Aquiles e o seu exército foram, então, derrotados.
Ele tinha todas as partes do corpo protegida, menos uma: "o calcanhar". Essa parte que parecia tão insignificante acabou se tornando o alvo do inimigo, ocasionando a derrota de Aquiles e de seu exército.
Aquiles cometeu o erro de deixar descoberto o seu calcanhar. Ele tinha uma indumentária completa, mas deixou os seus calcanhares descobertos. Será que você, mesmo sendo um homem, ou uma mulher de oração, com toda armadura de Efésios 6, percebe qual área de sua vida que tem sido o seu "calcanhar de Aquiles" (está descoberta)? Através de que parte de sua vida o inimigo tem obtido vitória?
Devemos orar e nos revestir em vigilância de toda armadura de Deus, para que o inimigo, Satanás, não encontre em nós nenhuma brecha, nenhum "calcanhar" descoberto, nenhum "calcanhar de Aquiles"!

Pr. Ronaldo Carvalho