Resumo: O presente trabalho tem como principal objetivo analisar a importância da construção e representação de personagens LGBTQ para a literatura e sociedade utilizando como corpus de análise as obras da autora Cassandra Clare: Os Instrumentos Mortais, Shadowhunters e As crônicas de Bane. Foi discutido também como ocorreu o processo de naturalização do tema tanto nas mídias escritas como também nas audiovisuais, assim como a necessidade a abordagem do mesmo em sala de aula como um processo de reeducação de jovens e adultos, já que o Brasil é o país onde o maior número de LGBT’s são mortos no mundo inteiro. Sendo assim, este trabalho visa auxiliar na quebra de preconceitos apresentando um pouco das obras da escritora Cassandra Clare.

Palavras-chave: LGBT; Representatividade; Cassandra Clare; Magnus Bane; Alec Lightwood.

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O Brasil é o país que mais mata homossexuais em todo o mundo, por essa razão é de suma importância que as escolas abordem e discutam o tema em sala de aula, com o objetivo de apresentar aos estudantes uma visão clara e livre de preconceitos, para que os jovens possam se conscientizar que a orientação sexual não é algo que possa se escolher e que ser diferente não é algo errado e/ou vergonhoso.

Por isso, esse trabalho teve o objetivo de analisar algumas obras literárias e audiovisuais e discutir como foram apresentados e construídos os personagens LGBT’s presentes nelas, assim como compreender a importância que a autora Cassandra Clare possui na abordagem da sexualidade em suas obras.

Para a que fosse possível a realização desse trabalho, foi realizada uma pesquisa descritiva, na qual os dados foram registrados e analisados sem que houvesse manipulações.

2. SEXUALIDADE: A IMPORTÂNCIA DA SUA ABORDAGEM NAS AULAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA

A sexualidade faz parte da natureza humana, mas quando a mesma quebra com o “padrão” imposto pela sociedade (a heterossexualidade) ela é considerada como algo impuro ou errado. Entretanto ela não é algo controlável, por isso algumas pessoas já nascem com desejos aos quais não podem mudar (a homossexualidade), o que consequentemente contribui para muitos debates relacionados aos estudos sociais, filosóficos e às áreas da psicologia. Freud debate muito sobre esses temas, o que Foucault corrobora: O sexo, ao longo de todo o século XIX, parece inscrever-se em dois registros de saber bem distintos: uma biologia de reprodução desenvolvida continuamente segundo uma normatividade científica geral, e uma medicina do sexo obediente a regras de origens inteiramente diversas. [...] Nossa civilização, pelo menos à primeira vista, não possui ars erótica. Em compensação é a única, em dúvida, a praticar uma scientia sexualis. Ou melhor, só a nossa desenvolveu, no decorrer dos séculos, para dizer a verdade do sexo, procedimentos que se ordenam, quanto ao essencial, em função de uma forma de poder-saber rigorosamente oposta à arte das iniciações e ao segredo magistral, que é a confissão. (FOUCAULT, 1988, p. 54-55; 57-58) Através do que Foucault mostra é possível compreender que as pessoas sempre foram controladas pelo que as pessoas pensam e tendem a reprimir o que sentem para seguir os 3 padrões impostos pela sociedade, ou até mesmo omitem o que sentem e seguem sua prática sexual em segredo para não serem agredidos ou mortos por pessoas que não estão dispostas a aceitar as diferenças e respeitá-las. Mesmo estando em 2019, um fator muito importante a ser discutido diz respeito a sexualidade humana. Conforme Bortoni (2018), o Brasil é o país onde mais LGBT’s são assassinados no mundo inteiro. Apenas em 2017, cerca de 445 casos de homossexuais mortos foram registrados. O que vem sendo algo cada vez mais comum na sociedade ultimamente. A partir desse ponto surge à necessidade da abordagem desse assunto, como tentativa de conscientização da população, consequentemente tornando-se indispensável sua discussão nas escolas. Muito vem sendo dito/criticado sobre a utilização e aplicação de todo e qualquer material relacionado a sexualidade humana em sala de aula na educação básica, sob o pressuposto que tais ferramentas influenciariam os estudantes a se tornarem homossexuais, essa idéia não está apenas errônea, mas também fazem parte de um pensamento equivocado do real intuito, que é o de formar jovens com um pensamento crítico de mundo, sendo assim, capazes de respeitar as diferenças até mesmo quando não concordem. [...]