RAMON ANTÔNIO DOS SANTOS LOPES*

 

 

 

 

 

 

O mito do Romantismo na Literatura Brasileira

 

 

Orientador: Gleidistone Antunes**

 

RESUMO: A literatura brasileira em seu grande meio de formação e aliteração teve um início em que fora necessárias muitas pesquisas e incansáveis tentativas e gerações foram formadas para reunir e criar a literatura, com este artigo almejou mostrar toda e qualquer forma de que a Literatura brasileira demorou a ter a sua grande emancipação dos punhos europeus e pode manter o seu grande teor nacionalista e indianista valorizando tudo que houve na terra chamada Brasil.

Palavras-chaves: Literatura, romantismo, Brasil, Indianismo, Nacionalismo

ABSTRACT: The Brazilian literature in its great medium of formation and alliteration had a beginning in which it was necessary many researches and tireless attempts and generations were formed to gather and create the literature, with this article it aimed to show all and any form of which the Brazilian Literature it took a long time to have its great emancipation from European fists and it can maintain its great nationalist and Indianist content, valuing everything that happened in the land called Brazil.

Keywords: Literature, romanticism, Brazil, Indianism, Nationalism

 

                             PALMARES – PE                         

2020.1

*Estudante de Licenciatura em Letras – Português e Inglês e suas respectivas literaturas pela Faculdade de Formação de Professores da Mata Sul, atualmente cursando o 5º Período. E.mail; [email protected]

**Formado em Licenciatura Plena em Letras pela FAMSUL, atualmente é Docente de Língua Portuguesa na SEE-PE e Docente de Literatura na FAMASUL.

 

 

INTRODUÇÃO

O Romantismo brasileiro foi um marco para a história da literatura no país. Diante disto surge a discursão sobre o Romantismo Brasileiro. Terá sido ele o verdadeiro Romantismo dentro da literatura? Subjugando assim toda a história do romance acontecido na Europa e América do Norte?

Elenca-se aqui o mito do Romantismo no Brasil, mostrando que o que aconteceu aqui não fora genuinamente brasileira, mas sim uma grande mistura e uma criação do seu próprio romantismo literário.

Sendo o Brasil declarado apenas como país independente do reinado de Portugal em 1822, por Dom Pedro I, houve uma grande necessidade de se ter uma cultura, sendo a literatura uma das mais precisas, totalmente e genuinamente Brasileira, com artistas e autores nascidos ou residentes do país tupiniquim. Mas diante de todo o contexto histórico após a independência e com o autoritarismo de Dom Pedro, houve uma grande recessão do país em relação a tudo.

Com isso a produção e a formação de uma cultura que fosse totalmente brasileira tiveram dificuldades, mas foram com garra que conseguiram achar uma linha que pudessem seguir sendo a de valorização da paisagem e da população local.

 

1 – Da Formação do Romantismo Nacional ou Indianista

Levando em consideração a formação e o ainda forte poderio português nas terras brasileiras, antes mesmo da emancipação, houve uma grande fartura de produção literária e início de produções no Arcadismo, mas ainda mesmo sendo produzidas no Brasil, não eram conhecidas ou tidas como genuinamente brasileiras pelo fato de que os seus autores não falavam muito do país e suas regras de escritas eram muito europeias.

Mas mesmo não sendo genuinamente brasileira ou nacionalista, foi com os Arcadistas que o Brasil, ainda sendo colônia de Portugal, deu início à sua independência, ao final do século XVIII início do século XIX. O Pré-romantismo no Brasil teve uma adjetivação oriunda da influência a da colaboração dos franceses na nossa nação, por isso, pode-se chamar essa época de Pré-romantismo Franco-Brasileiro. “O Pré-romantismo é um corpo de tendências, temas, ideias, sem construir doutrina literária homogênea, com remanescentes clássicas e arcádicas, e elementos novos” (Coutinho,2004,p.21). A denominação fora dada pelo fato de os franceses ainda permearem na literatura, e também nos estudos da jovem nação..

 

2 – Das Gerações Românticas Brasileiras

Não diferente do Romantismo Português, o romantismo no Brasil também foi divido em gerações, para melhor entendimento e formulação das fases que passou o romantismo tendo em cada uma suas características únicas.

2.1 – Primeira geração romântica

Conhecida como uma geração Nacionalista ou Indianista, por supervalorizar o país e principalmente os primeiros habitantes, os indígenas, que foram muito em descritos pelo que é chamado como o Indianismo Gonçalviano, vindo de Gonçalves Dias. Gonçalves foi o primeiro a descrever os indígenas como heróis do país, não tendo nenhum valor ou marca europeia, tiveram também Gonçalves de Magalhães e Araújo Porto-Alegre.

No poema de Gonçalves Dias I-juca-Pirama, escrito em 1848, pode-se observar a grandiosidade e a valorização de uma tribo e um indigena.

I-juca-Pirama

“No meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas de troncos - cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.

São rudos, severos, sedentos de glória,
Já prélios incitam, já cantam vitória,
Já meigos atendem à voz do cantor:
São todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu nome lá voa na boca das gentes,
Condão de prodígios, de glória e terror!

As tribos vizinhas, sem forças, sem brio,
As armas quebrando, lançando-as ao rio,
O incenso aspiraram dos seus maracás:
Medrosos das guerras que os fortes acendem,
Custosos tributos ignavos lá rendem,
Aos duros guerreiros sujeitos na paz.[...]”

 

Gonçalves retrata toda a dignidade e valentia de um indígena que se recusa a lutar e pede para não morrer após ser capturado pelos Timbiras, tribo inimiga, que após o pedido de soltura, acaba libertando-o por julgá-lo covarde. O valente guerreiro quer voltar á sua tribo para cuidar do seu pai que era doente e cego, no entanto, a após voltar á sua tribo de origem, o nobre guerreiro obedecendo ao pedido do velho pai, para não parecer covarde, volta a tribo inimiga para lutar e lavar sua honra que ficara em cheque após todo o ocorrido.

 

2.2 – Segunda Geração Romântica 

Considerada a geração do Mal-do-Século, por seu sentimento de pessimismo, mortes e também de individualismo, teria embarcado e deixado um pouco de lado o indianismo, persistindo o clamor da terra e seu patriotismo. Trouxe ao romantismo na época o amor exacerbado, ou o ultrarromantismo. Seus maiores autores foram Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire.

No poema “A D. Pedro II” de Fagundes Varela temos o grande clamor do patriotismo e do firmamento a corte Brasileira.

A D. Pedro II

Tu és a estrela mais fulgente e bela                  

que o solo aclara da Colúmbia terra,                 

a urna santa que de um povo inteiro                

arcanos fundos no sacrário encerra!                

 

Tu és nos ermos a coluna ardente                    

que os passos guia de uma tribo errante,                    

e ao longe mostras através das névoas            

a plaga santa que sorriu distante!...                   

 

Tu és o gênio benfazejo e grato             

poupando as vidas no calor das fráguas,                    

e, à voz das turbas, do rochedo em chamas                

desprende um jorro de benditas águas!           

 

Tu és o nauta que através dos mares               

o lenho imenso do porvir conduz,                     

e ao porto chega sossegado e calmo                

de um astro santo acompanhando a luz!                     

Oh! não consintas que teu povo siga               

louco, sem rumo, desonroso trilho!                    

Se és grande, ingente, se dominas tudo,                     

também das terras do Brasil és filho!                 

 

Abre-lhe os olhos, o caminho ensina               

aonde a glória em seu altar sorri            

dize que vive, e viverá tranqüilo,            

dize que morra, morrerá por ti!     

Fagundes Varela   

Vemos a grande exaltação da pátria e de seu comandante a época, Dom Pedro II. Varela foi um dos mais fervorosos poetas a cantar a natureza e suas belezas, que servem de alívio à sua debilitada vida errante. A exaltação à pátria também é marcante, onde o poeta canta as grandezas da nação e seu povo, bem como a figura ilustre de D. Pedro II. Essa exaltação muitas vezes entra em conflito com o inconformismo e a inadequação à sociedade, o que o leva a escrever sobre os problemas sociais, aproximando-o da poesia condoreira da terceira e última geração romântica.

 

2.3 Terceira Geração Romântica 

Conhecida como a geração de Condoreira, marcada pelo liberalismo, seja ele da pátria, escravagista, abolicionista ou literário, foi a geração que mais sofreu interferência francesa, voltando-nos a lembrar de que os franceses emblemaram a literatura romântica no Brasil.

Seus mais importantes escritores românticos foram Castro Alves, Joaquim de Sousa Andrade, Tobias Barreto, Joaquim Nabuco e Silvio Vasconcelos. Um dos mais ascendentes e que chamou mais a atenção fora Castro Alves. Os poemas de Sousa Andrade trazem a volta do amor com engajamentos sociais.

Meia Noite

Dá meia-noite em céu azul-ferrete

Formosa espádua a lua

Alveja nua,

E voa sobre os templos da cidade.

 

Nos brancos muros se projetam sombras;

Passeia a sentinela

À noite bela

Opulenta da luz da divindade.

 

O silêncio respira; almos frescores

Meus cabelos afagam;

Gênis vagam,

De alguma fada no ar andando à caça.

                                                                             

Adormeceu a virgem; dos espíritos

Jaz nos mundos risonhos –

Fora eu os sonhos

Da bela virgem… uma nuvem passa.

 

Sousândrade

Com sua construção inovadora na sintática e escrita, Sousândrade como era conhecido, seus poemas traziam muita de sua originalidade não tendo muitas interferências internacionais, pela sua morada no exterior, mas não deixando de exaltar o nacionalismo brasileiro.

 

3 – O mito do romantismo no Brasil

É de fato que não houvera uma era romântica na cultura brasileira, mas obstante disso, um era Nacionalista ou Indianista, que foi misturada com influencias e ainda que infelizmente do Romantismo europeu.

Foram através de vários escritores que o Brasil passou a ter sua cultura formada, como mostrados no ponto 2 acima. A exemplo citadas pelo autor Antônio Candido em “O Romantismo no Brasil” de 2002, onde ele cita e coloca Gonçalves de Magalhães como um dos defensores da literatura brasileira. 

“O comedimento de Magalhães contribuiu para dar ao nosso Romantismo inicial um ar de respeitabilidade, que tranqüilizou a cultura oficial e evitou choques, operando uma transição branda e quase sempre trivial, na qual pareciam importar principalmente o desejo de autonomia e o sentimento patriótico, benvindo por todos. Por isso é possível dizer que esse Romantismo inicial foi sobretudo programático e conviveu bem com a tradição.” (CANDIDO; 2002, pag.: 29)

Tendo o romantismo brasileiro sendo um mito, acobertado pelo patriotismo e o sentimento indianista.

 

 

4 – Considerações Finais

O romantismo no Brasil foi um marco na história da literatura nacional, tendo derivações de escritores até hoje sendo os romancistas modernos, mas que buscam e têm traços do romantismo do século XIX.

Ao ler e pesquisar sobre o romantismo devemos sempre lembrar e diferenciar as localidades, tendo ainda muitas pessoas a confundir o romantismo português do brasileiro. Isso mostra que no Brasil o Romantismo foi responsável por uma notável difusão da poesia, mas é preciso completar dizendo que atuação parecida teve o romance, gênero relativamente informe por comparação, escrito muitas vezes de maneira mais próxima à fala e requerendo menos informação para ser apreciado.

Complemento aqui que no Brasil o Romantismo foi um mito, sendo apenas uma elevação do Nacionalismo ou Indianismo.

       

 

5 – Referências

CANDIDO, Antônio; O Romantismo no Brasil / Antônio Candido.—São Paulo : Humanitas / FFLCH / SP, 2002.

CUNHA, Maria de Lourdes da Conceição; Romantismo: O Mito do Amor Impossível – USP; XI Congresso Internacional da ABRALIC; São Paulo, 2008.

FERREIRA, Júlio Flávio Vanderlan; Romantismo: A Formação da Literatura Brasileira – UFVJM - Minas Gerais; Revista Vozes dos Vales: Publicações Acadêmicas; Nº 2 – Ano I – Minas Gerais, 2012.

COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil, 5a. Ed., São Paulo: Global, 1999.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1978.

RIBEIRO, Rodinei Aparecido; A contribuição da estética romântica para a construção da identidade nacional; FANORPI/UNIESPI; Revista Porto da Letras, Vol. 02, Nº 02 – As Narrativas Contemporâneas; Tocantins; 2016.

CANDIDO, A. Formação da literatura brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia, 1993. V.1 e

V.2.

  Aceso em: 24 de Abril de 2020.

     Acesso em 24 de Abril de 2020

     Acesso em 30 de Abril de 2020

   Acesso em 30 de Abril de 2020