Em um mundo cada vez mais tecnológico e dominado por tendências que se inovam a cada novo momento, é necessário que estejamos atentos e de olhos vigilantes a toda nova concepção para enxergarmos e nos adequarmos aos inúmeros horizontes que surgem a cada segundo. Enxergar para saber qual a melhor maneira de conseguir progredir e lucrar diante dessas novas possibilidades, e se adequar para manter uma constante inovação e um progressivo enriquecimento, assim como faz a humanidade desde os primórdios (há controvérsias). Isso é um ciclo continuo que faz com que os que não o acompanham fiquem cegos e percam os prazeres e regalias de uma imensurável ampliação na capacidade intelectual que é viável ao longo de suas existências.

Usando como exemplo claro da necessidade de uma visão aguçada, o futebol nos traz um traço vertical que pode ser comparado a nossa vida e a constante obrigação de termos o que está à frente como único caminho a trazer resultados positivos. No esporte mais popular do mundo, para se chegar ao objetivo final, que é o gol, tem-se que enxergar, pensar e agir tendo como primeiro passo a constante evolução. Confunde-se com a existência humana principalmente na divisão das fases. Na busca por um objetivo que trará um novo cenário, o “cientista” trabalha em três etapas: planejamento, desenvolvimento e execução ou finalização. E exatamente desta forma também acontece na arte de Pelé, Messi, Maradona, Cristiano Ronaldo e tantos outros “homens de visão privilegiada” que desfilaram e desfilam pelos campos do mundo.

Na defesa acontece o estopim para toda a arte e magia acontecer, é o planejamento, que assim como nos laboratórios, tem que ser reiniciado do zero inúmeras vezes após um fracasso. No meio do campo acontece o desenvolvimento de tudo e é exatamente nessa parte que se exige maior capacidade e um olhar altamente preciso para que a bola chegue ao atacante de maneira milimétrica e o coloque em condições de fazer a execução ou finalização. E quando isso acontece com êxito, o ápice do espetáculo se apresenta, fazendo com que os olhos de todos brilhem com aquela imagem que jamais se apagará da retina. E há ainda, tanto no futebol, como na vida, algo que se faz quando se chega ao objetivo final e que certamente é o mais interessante, que é a comemoração, que no caso de uma nova conquista na vida, faz-se através do “desfrutar” daquele novo benefício.

Obviamente, não devemos encarar a vida como uma partida de futebol, mas as comparações entre a nossa existência e várias outras artes são permitidas e, certas vezes, até necessárias, pois como cada um tem uma visão diferente sobre os mais variados aspectos e todos têm uma maneira própria de entender e compreender a vida através do que mais lhe chama a atenção, então se torna mais fácil aprender e absorver informações quando estas são dinamizadas por meio de analogias.

A comparação fica ainda mais conveniente quando percebemos que a maior exigência para que um jogador de futebol se torne destaque e ganhe as honras de craque é que ele “enxergue” os espaços com precisão e, seja fazendo o gol ou passando a bola para um companheiro, saiba encontrar caminhos que outrora pareciam inexistentes e, ao achá-los, ele surpreende a todos e se torna superior aos outros justamente por possuir um olhar clínico, que mais parece o de uma lente desenvolvida com o mais alto padrão de qualidade.

Essa excelência e superioridade em relação aos outros também se apresentam no nosso cotidiano. Em uma metáfora que vista por olhares desatentos parece insignificante, temos um bom exemplo disso na vantagem obtida por quem possui bons olhos sobre quem tem alguma carência nesse sentido. Se duas pessoas têm alguma deficiência na visão e vão a diferentes oftalmologistas e estes os recomendam óculos de diferentes marcas e uma dessas marcas apresenta qualidade superior à outra, é óbvio que a pessoa que passar a usar lentes da melhor marca terá vantagem. Isso é uma questão de escolha e é uma coisa paralela a capacidade de ter uma visão de pensamento e não ocular, neste caso, acima da média.

Destarte, destacam-se no mundo atual pessoas que têm a chamada “visão de futuro”. É como se elas possuíssem óculos com lentes que as tornam especiais e com privilegiada capacidade de perceber antes dos outros o que em breve será uma tendência de sucesso. E, ao apostarem e investirem nesse objetivo, essas pessoas ganham um “algo a mais” que as eleva a um nível superior.

Independentemente do segmento, para ter sucesso e ser diferenciado é preciso inovar e ser capaz de perceber os melhores caminhos, por mais que eles pareçam ocultos e até mesmo incertos. É como se o preço a pagar por tentar ser “futurista” fosse arriscar um tiro no escuro, mas que quando é certeiro traz, além de uma agradável sensação por ter conseguido o objetivo buscado, o reconhecimento, mesmo que tardio. Isso é pertencente principalmente ao mundo dos grandes inventores, que nos dão a possibilidade de desfrutar de suas invenções anos depois de começarem a imaginá-las. Muitas vezes, eles sequer têm a possibilidade de verem suas obras sendo utilizadas e tendo imensurável serventia, pois têm uma visão tão à frente de seu tempo que apenas décadas depois de criá-las, elas se tornam realmente úteis. O tempo é o delineador dos grandes feitos e em várias ocasiões adia o reconhecimento aos inventores do maior bem da humanidade, que é a constante evolução.

A necessidade de não estagnar faz com que esses “visionários do futuro” tenham sempre diversas opções e caminhos para escolherem e não ficarem parados em um “presente” que rapidamente se torna monótono e precisa ganhar um novo motivo para continuar seu desenvolvimento. O ser humano vive de associações e se não lhe é colocada uma nova possibilidade à frente, tudo o que está acontecendo agora perde o sentido simplesmente por não ter um novo passo a ser alcançado no dia seguinte. É como se o fato de estar parado incomodasse por si só e trouxesse uma sensação de inutilidade que ativa as células em busca de um acontecimento inovador que trará uma nova possibilidade de associar-se a mais um agregador de conhecimento.

Para as pessoas que têm o gosto pelo que é novo, por experiências que trarão algo que antes não era sequer imaginado, o simples fato de vislumbrar uma coisa que será inovadora é como a libertação de uma prisão, pois para elas, ficar parado no tempo vendo apenas a rotação diária com seus afazeres repetitivos é como estar encarcerado em um mundo sem perspectivas e sem uma sequência que se faz necessária para que elas não atrofiem diante de um espelho que reflete a mesma imagem dia após dia.

Isso se faz evidente em sua máxima plenitude quando alguém não consegue ver uma evolução em seu corpo após meses de malhação. Aqui é o fator psicológico que cega e distorce a realidade. Na verdade, isso é uma doença, mas que pode ser curada unicamente com a visão real do que está acontecendo. Talvez o ser humano não consiga enxergar seu corpo como ele realmente é porque tem em sua mente uma espécie de imagem perfeita criada por uma sociedade que dá muito valor aos aspectos estéticos, mas que, na verdade, não tem a correta visão do que é verdadeiramente perfeito, já que a perfeição não foi alcançada por ninguém. Afinal, uma das mais corretas utilizações de um sinônimo para o termo ser humano talvez seja - aquilo que é perfeitamente imperfeito-.

Do alto de nossas imperfeições construímos uma imagem considerada ideal, mas que nada mais é que uma ilusão óptica que apaga a nossa verdadeira essência. E por termos em nossa mente esse ideal estético, achamos que o alvo a ser alcançado é exatamente aquele. Contudo, muitas vezes isso acaba nos deixando deslumbrados diante de uma possibilidade que, de fato, não é a felicidade que buscamos, mas apenas uma utopia da inexistente perfeição. Tudo está na mente e não no corpo e, por isso, temos exemplos, até certas vezes difíceis de serem compreendidos, de pessoas que são consideradas muito bonitas pelos outros, mas que não veem a própria beleza e querem continuar na busca por melhorias que, na realidade, já não são necessárias e se tornam prejudiciais a partir do momento que viram obsessões.    

Isso é até explicável em alguns casos, pois mesmo na maneira mais correta de enxergar o que está ao redor, o nosso olhar parece não aceitar a mesma visão por muito tempo e carece de uma “novidade”, sendo que até a mulher amada parece mais atraente quando muda o cabelo ou se veste de uma forma diferente do habitual. Todavia, quando a procura por uma inovação se torna um vício nocivo, é porque já ultrapassou a barreira do racional e se instalou unicamente no emocional, o que quase sempre faz com que não consigamos compreender as coisas como elas realmente são.

O corpo humano reflete a mais pura e magnânima beleza que os olhos conseguem enxergar, com algumas exceções, é claro. No entanto, é inegável que por mais que procuremos admirar algum objeto artificial ou até mesmo natural, sempre teremos como alvo maior de nossa admiração o ser humano, que nos surpreende e nos dá a cada dia uma nova visão e um novo caminho para andarmos na direção do enriquecimento permanente (sendo que algumas “lições” são de como não devemos ser ou agir). E é justamente na forma de vermos uns aos outros que está a mais interessante pluralidade que observamos. É comum ouvirmos alguém dizer que acha certa pessoa muito bonita e não compartilharmos da mesma opinião. A beleza ou a falta dela parece não estar no corpo, mais sim nos olhos de quem o vê.

Nas relações interpessoais acontece uma mudança de visão que retrata bem esse fato. É como se quando não temos um conhecimento amplo de alguém, sejamos portadores de uma deficiência visual e, à medida que vamos convivendo e conhecendo melhor, não apenas seus traços físicos, mas principalmente sua personalidade, vamos mudando de opinião e de visão a respeito dessa pessoa. Isso acontece tanto para o lado positivo, quanto para o negativo. Ás vezes, vemos alguém como uma pessoa bonita e que nos chama bastante a atenção, mas quando a conhecemos em todas as suas frações, percebemos que ela não é o que esperávamos. Isso acontece porque a partir do momento que nos aproximamos de alguém e passamos a fazer parte de sua intimidade é como se colocássemos óculos com lentes que nos proporcionam uma visão totalmente real dos “fatos”.

Esse é o lado negativo e que só permanece quando está envolvido um tal sentimento chamado paixão, que pelo menos por algum tempo, parece ser o único problema de vista que nem a melhor e mais avançada lente que existe é capaz de solucionar, sendo um pouco simbólico, obviamente. O lado positivo é quando achamos alguma pessoa feia e quando temos a oportunidade de nos aprofundarmos em seu cotidiano percebemos que, como ser humano, ela é bonita, o que nos faz começar a admirá-la. Tudo é uma questão de ponto de vista, ou sendo um pouco poético, digo-lhes que a paixão cega, mas o amor (ou o conhecimento) verdadeiro transforma o feio em bonito (ou simplesmente nos dar a capacidade de enxergar o ser humano em sua essência e não apenas sua expressão puramente física). Nem sempre o belo é bom e o feio ruim, o que importa é a capacidade que ambos têm em sua verdadeira face de nos fazer felizes.

Para que não caiamos na tentação do perfeito, que no ser humano não existe, temos a capacidade de interpretar as múltiplas façanhas que nossos olhos nos apresentam através de sua capacidade minuciosa de ler e compreender o que está diante de nós sem nos prender a paradigmas ou tentar nos influenciar a fazer escolhas que não nos levarão ao nosso real objetivo. Não se ama pelo fato de ver e não se vê unicamente para amar. É como se nem sempre dois mais dois resultassem em quatro e, por isso, embora sejam dois, os olhos enxergam sempre exatamente a mesma coisa, de forma singular na aparência, mas com inesgotáveis variações nos pensamentos e sentimentos. No permanente movimento da vida, não tem como interpretar com precisão tudo o que passa diante de nós e é exatamente por isso que quando algo nos interessa, os olhos dão atenção especial para aquilo e nos guiam até os lugares e coisas onde teremos algo de relevante para vermos e a partir dali fazermos reflexões, relembrarmos momentos marcantes e guardarmos sentimentos específicos.

Toda expressão imagética que fica gravada em nossa memória passou primeiro por nossos olhos, e como vivemos de imagens e não de palavras, quando alguém fala sobre algum lugar ou algum animal como, por exemplo, cachorro, não imaginamos as letras que formam essa palavra, mas sim a imagem de um cachorro. Por isso quando escutamos o nome de algo que não conhecemos, ficamos curiosos para descobrir, pois se não vermos a imagem daquilo, sempre que ouvirmos aquele nome ficaremos como totais ignorantes tentando imaginar o que realmente é aquilo e enquanto não tivermos guardada na memória a imagem, não conseguiremos satisfazer nossa intelectualidade.

Aqui, chegamos ao ponto mais acentuado de nossas existências e que nos faz correr atrás e nos empenharmos tanto, a busca por conhecimento. Quando passamos anos estudando, não fazemos isso para depois nos orgulharmos de sabermos ler, escrever e entender as mais variadas matérias. O verdadeiro intuito por trás de todo esforço e dedicação é o prazer de compreendermos, ou seja, enxergarmos não exclusivamente com os olhos, as várias ações e questões com as quais nos deparamos diariamente. Sempre ouvimos a frase, “conhecimento nunca é demais”, e se fizermos uma análise abrangente dela, percebemos que ela pode ser substituída por algo do tipo, “enxergar adiante é sempre necessário”.

Se cessarmos em algum momento a nossa capacidade de estarmos sempre absorvendo novas informações é como se continuássemos a ver as coisas sempre exatamente da mesma forma e isso nos levaria a uma ignorância quase que total. Isso pode ser entendido de forma clara com o seguinte exemplo. Quando somos crianças e olhamos para uma expressão matemática, não entendemos absolutamente nada, mas à medida que vamos nos desenvolvendo e adquirindo conhecimento, aquilo passa a ser visto com outro olhar e a compreensão se torna possível e aos poucos conseguimos dominar aquele assunto.

Através disso, chegamos à incontestável conclusão de que o conhecimento é “o melhor óculos” que pode ser usado por alguém. Ele nos possibilita enxergar coisas que estão a quilômetros de distância e o que o torna ainda mais especial é o fato de que uma vez adquirido, ele jamais se quebrará (perderá), diferentemente do que pode acontecer com os óculos e suas lentes de vidro. Na discussão sobre o que é certo ou errado, o conhecimento é o único que prevalece absoluto e não pode ser questionado. O estudo científico abre portas e dá novas direções para a humanidade e a cada nova descoberta um leque de visões diferentes surge e traz consigo a possibilidade de continuarmos a enxergar milhares de outros caminhos que nos levarão a um novo patamar e não nos permitirão estagnar, pois a “vontade” pelo que é desconhecido é insaciável e, por isso, os estudos em busca de coisas outrora apenas imaginadas ou nem isso são cada vez mais constantes e certamente muito bem vindos.

E até mesmo as coisas que parecem não ter nenhuma relevância ganham seu espaço quando o conhecimento as torna alvo de sua pesquisa. Como se as coisas mais interessantes a serem desenvolvidas fossem aquelas que já teriam esgotado suas cotas de evolução, mas que a cada nova análise apresentam enigmas que as tornam altamente estudáveis e com diversas facetas ainda não exploradas.

Essas probabilidades ilimitadas de novos acontecimentos tornam necessária a criação de uma inteligência individual que nos permitirá acompanhar o ritmo alucinante da modernidade e, assim como precisamos usar óculos para protegermos nossos olhos da poluição trazida pelo ar, necessitamos desenvolver nosso intelecto para não cegarmos diante de uma imensurável gama de informações que passa a nossa frente todos os minutos. Igualmente a luz, que quando é muito forte prejudica nossa visão, muitos dados ao mesmo tempo acabam forçando demais nossa mente, mas por incrível que pareça, diferentemente dos olhos, que necessitam de uma proteção, a nossa cabeça é capaz de transformar esse problema em uma solução, e quando tem a capacidade de absorver todos esses dados através de uma visão já estabelecida ali e que vai conseguindo compreender e armazenar grandes informações em minúsculas gavetas, isso deixa de ser ruim e passa a trazer benefícios.

É como se acontecesse uma compactação das informações, que entram com milhões de frases, mas a visão amplificada, que tem a capacidade de entender as coisas de forma resumida, traduz tudo em poucas palavras e, por isso, aquela frase, “conhecimento nunca é demais”, faz total sentido, pois quanto mais se tem, maior é a capacidade de adquirir ainda mais. Pode parecer um pouco confuso, mas as pessoas que têm uma visão amplificada guardam um grande número de dados em suas memórias justamente por terem a capacidade de resumir uma coisa muito extensa em poucas palavras.

É parecido com as siglas que usamos no nosso cotidiano. Resumir para facilitar o entendimento, mas sem perder a compreensão exata e perfeita do que aquilo significa. O nome que se dá a isso é praticidade, mas também pode ser entendido como uma espécie de visão superficial, que apesar de não “destrinchar” tudo o que está sendo visto, consegue ir exatamente a seu ponto crucial e trabalhar de forma rápida, o que economiza segundos que seram muito úteis já em outra análise.

Essa praticidade é sinônima de facilidade, pois quem tem a capacidade de enxergar alguma coisa rapidamente após apenas uma pequena “olhada”, torna mais fácil seu próprio dia a dia e assim consegue desempenhar suas atividades com mais destreza e rapidez, o que é de fundamental importância no mundo moderno, que cada vez mais cobra resultados instantâneos e eficientes.

Obviamente, muitas vezes essa necessidade de efeitos acelerados traz um aumento no número de erros fatais, mas isso acontece quando os envolvidos não têm a capacidade de acelerar o sistema, ou seja, não estão preparados de fato e não podem ser considerados espertos ou conhecedores o bastante para desempenharam funções cabíveis apenas aos que realmente tem uma visão privilegiada. E embora isso pareça ir de encontro ao fato de que para ser uma pessoa de visão seja necessário ter conhecimento, muitas vezes não é o estudo de alguma matéria escolar especifica que leva alguém a um modo elevado de enxergar as coisas.

Temos inúmeros exemplos de pessoas que nunca estudaram na escola determinado assunto, mas que vão, na prática, adquirindo um alto padrão de inteligência em relação aquilo e se tornam especialistas no segmento. É como se a teoria fosse apenas uma espécie de planejamento, mas que não valerá de nada se a prática não for desempenhada com a mesma eficiência e alcançar os resultados desejados. Claro que ninguém vai começar um projeto sem antes planejá-lo, mas o que realmente vai ser relevante é a eficácia no desenvolvimento.

A visão aguçada se faz altamente necessária na compreensão exata do que deve ser ou não útil para alcançar os objetivos de um projeto e, por isso, não basta enxergar o que será utilizado no começo, mas sim todas as peças que seram necessárias para se montar o quebra-cabeça inteiro. E é nesse ponto que ganham destaque aqueles que conseguem ver antes dos outros o que será indispensável para que se consiga êxito naquela caminhada. O privilégio de “antevê” os fatos dá não apenas a possibilidade de desenvolvê-los com mais eficiência, mas também a garantia de que erros não seram cometidos e dessa forma a segurança se torna maior e a execução altamente qualificada. Essa é a típica visão da inteligência e não do olho, mas ao mesmo tempo as duas se confundem, pois trabalham em união e saber fazer essa unificação é de extrema importância para uma pessoa ser realmente bem-sucedida em suas tarefas.

Não obstante a todas essas variações na forma de enxergarmos as mais diversas coisas que nos são apresentadas diariamente está a questão puramente oftalmológica, que nos abre as portas para as mais distintas perspectivas, principalmente quando somos portadores de alguma deficiência visual. As lentes dos óculos funcionam como um prolongamento dos olhos de quem não tem a capacidade total de enxergar, e é através delas que imagens nunca antes vistas passam a alimentar a mente dessas pessoas. Imaginemos como é difícil para um deficiente visual viver sem saber como é a face das pessoas que conversam com ele e como é grande sua satisfação ao enxergar pela primeira vez algo que ele queria muito ver. Para quem passa por essa sensação é como se um mundo novo estivesse sendo descoberto e através dele vêm as mais diversas percepções, que vão agregando um número imenso de imagens altamente significativas e por mais que um dia não seja possível vê-las novamente, seus sentidos jamais serão esquecidos.

Isso é visão proporcionando visão, pois para que essas pessoas possam enxergar através das lentes dos óculos, outras tiveram que ter uma visão precisa e muito desenvolvida, tanto no sentido intelectual, quanto no sentido ocular, para desenvolverem tais lentes. Para que se torne possível o desenvolvimento de mecanismos que ajudam pessoas a enxergarem melhor ou até mesmo passem a enxergar um pouco pela primeira vez, um grande número de processos se faz necessário, sendo que todos exigem uma visão intelectiva muito apurada por parte de quem vai desenvolvê-los. E cometer erros ou não alcançar os objetivos esperados é quase como jogar um veneno fatal nos olhos de quem ainda tem esperanças de poder ver o mundo e suas magnânimas imagens que traduzem todos os sentidos e sentimentos pertencentes ao ser humano.

Diante de tudo o que já foi dito, resta apenas mais um acréscimo, na verdade, uma conclusão irrevogável. Não há evolução sem visão, seja está no sentido literal ou metafórico da palavra. Para que possamos continuar nosso enriquecimento como pessoas, tanto física, quanto intelectualmente falando, a visão é o “bem” mais precioso e que nos liberta de uma prisão, que é a monotonia. Ela nos permite vislumbrar um melhoramento constante, que servirá a nós mesmos e também às gerações futuras, que compartilharão do invento atual, seja diretamente através de sua utilidade prática ou no desenvolvimento de um futuro ainda mais moderno através do uso daquela invenção como o “algo necessário” que sempre vem antes de um novo avanço. A humanidade é feita não exclusivamente por pessoas e suas estruturas ósseas expectoradas unicamente com o propósito de nascer, reproduzir e morrer, mas sim por mentes brilhantes que, obviamente, dependem do corpo físico para desenvolverem suas habilidades, mas ainda assim são superiores a ponto de conseguirem continuar raciocinando após perderem uma fração de sua estrutura corporal.

Se a cabeça dependesse do corpo o tanto que este depende dela, certamente nós seríamos ignorantes e insignificantes uns para os outros, pois talvez a relevância de alguém esteja, sobretudo, em seu pensamento e não na maneira como os outros enxergam seus aspectos físicos. É na maneira de pensarmos que demonstramos nossa real inteligência e, como dizem por aí, “uma imagem vale mais que mil palavras”. Na verdade, talvez nem uma palavra consiga explicar o que realmente é o ser humano e sua inesgotável capacidade de se adaptar, de se desenvolver e de se mostrar sempre apto ao que é desconhecido.

A única maneira de entendermos a nós mesmos é olharmos uns para os outros ou nos olharmos diante do espelho e dizermos: eu te amo, eu me amo, eu vejo, eu sinto, eu compreendo sem compreender. E, na realidade, não importa compreender, não importar se tem ou não um sentido meramente lógico, o que importa é ver, é enxergar e pensar, pensar sem falar, simplesmente imaginar a imagem do ser humano, que é a melhor e mais imperfeitamente perfeita visão que temos a capacidade de enxergar.