PRADO, Maria Ligia. A formação da nações latino-americanas: anticolonialismo, antiiperialismo: constuição das oligarquias: a América Latina é livre?. 3 º edição. São Paulo: Atual; Campinas, SP: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1987.

INTRODUÇÃO

Resenha Crítica: Esta análise crítica começa falando que as lutas pela independência na América espanhola, tiveram como principais fontes de inspiração, a invasão e ocupação da Espanha pelo exercito de Napoleão Bonaparte, imperador francês, a independência americana e a Revolução Francesa, além dos escritos dos pensadores como: Montesquieu, Rousseau e Voltaire, que desestruturaram o universo cultural e ideológico. Vigente do mundo feudal, através de seus escritos e também e que serviram de fonte de inspiração para o desencadeamento dessas guerras de independência, devido ao fato desses escritos terem penetrado nos rincões mais profundos do império colonial espanhol.

Quanto à questão do Brasil, esta análise relata que o fenômeno é isolado, e que não haverá guerra pela independência, com o antigo aparelho administrativo colonial, passando a constituir o "novo" estado independente brasileiro, onde a cúpula dirigente do país continuará intacta aos fatos que aconteceram durante o período que separa essas duas etapas históricas, com os donos do poder continuando a ser os mesmos segmentos sociais, que faziam parte do poder político e econômico do Brasil durante o período colonial, mesmo que às vezes se mudassem as pessoas que iriam monopolizar esse poder.

No desenrolar desta resenha, a autora depende a idéia de que os motivos das insurgências das colônias espanholas contra a sua metrópole não se deram apenas por contra das idéias filosóficas dos pensadores liberais franceses e alguns espanhóis, mas também pelo fato da imensa maioria de suas classes dominantes terem o interesse de afastar de suas respectivas colônias o poder que a coroa espanhola, imprimia sobre elas.

Poder esse que dificultava as transações mercantis opunha restrições ao desenvolvimento de determinados setores produtivos, entregava o comércio com o além-mar a um grupo de monopolistas privilegiados, confiscava para si uma parte considerável do excedente econômico produzido pelo trabalho dos índios, e etc.

Para a autora os conflitos existentes a coroa e seus súditos americanos, nascidos na península e seus descendentes nasceram com o próprio descobrimento da América, porque os conquistadores precisaram, logo de início da mão-de-obra escrava dos negros trazidos da África, para produzirem as riquezas que iriam lhes enriquecer dessa riqueza e que também iriam enriquecer a coroa espanhola, através dos tributos pagos pelo excedente dessas riquezas produzida nessas colônias pela mão-de-obra indígena e escrava.

A decisão tomada por parte dos colonos de tentar escravizar os índios, não foi bem vista pela coroa, que quis preservar os índios do trabalho, que iria extrair os tributos e as riquezas que a própria coroa precisaria para dissipar com a sua estravagante luxuria na corte espanhola, pelo fato de uma corrente de pensadores, abrangendo leigos e padres, levantar considerações não estritamente econômicos em favor dos nativos, com essas correntes de pensadores alegando que por direito natural, os índios eram livres, iguais aos espanhóis, e que seu trabalho deveria ser remunerado de maneira adequada.

Essa contradição entre a coroa e os conquistadores manteve-se firme por vários séculos de colonização com a coroa evitando a feudalização das colônias, mas ao mesmo tempo não fazendo nenhum tipo de esforço para impedir a instauração do trabalho servil e escravo nessas colônias. Funcionários e clérigos que representavam o estado espanhol, nessas colônias, evitaram que o poder do estado se fragmentasse, estes tinham autoridade sobre um grande número de índios, expropriando o trabalho deles quando viviam nos povoados organizados pela coroa ou conservados por estas desde antes da conquista.

A Espanha exercia práticas mercantilistas de comércio, onde ela entregava o monopólio comercial a poucas mãos, e excluía outra tanta do tráfico legal. Devemos também destacar detentores do poder econômico, nunca que conseguiram explorar tranqüilamente os nativos, porque leis criadas pela coroa, como também funcionários e clérigos sempre vinham lhes criar algum tipo de incomodo, punindo faltas, clamando contra as violências do de cima e manifestando-se a favor dos direitos dos de baixa condição. Outro motivo de atrito e descontentamento, por parte dos donos da economia em relação à coroa, estaria relacionado ao fato de que os tributos dos índios teriam que ser compartilhados com a coroa que gastaria esses tributos em uma administração a qual esses donos da economia não participavam.

A luta pela independência na América espanhola, ocasionou um grande poder político a aqueles que já detinham a maior parte do poder econômico, como também aos aventureiros que surgiram do seio popular, e se transformaram em chefes militares afortunados. Com a independência que iria se consolidando aos poucos nas colônias da América espanhola, o comércio começou a ficar liberalizado, com a aristocracia criolla vindo a ocupar o topo da pirâmide política, monopolizando assim toda a riqueza expropriada aos trabalhadores nativos, riqueza essa, que não iria ser mais tributada para a coroa espanhola. Essa riqueza a partir de agora iria ser disputada ferozmente pelos diferentes grupos dominantes regionais, que disputaram com a igreja a considerável parte dessas riquezas que esta ficou como detentora durante o período colonial.

Na América espanhola houve intelectuais que defenderam umas sociedades democráticas, livres e não dogmática, mas mesmo assim não conseguiram influir com as suas idéias, para que houvesse profundas mudanças no contexto sócio-político-econômico e cultural dessas sociedades.

Após a independência da América espanhola, os latifundiários a escravidão e outros males prolongaram-se, agora sob a tutela de um novo senhor que será a Inglaterra com todo esse processo também se estendendo para o Brasil.

Para finalizar a resenha crítica, a autora aponta que os povos não só lutaram pela independência política de seus respectivos países, mas sem também lutaram pela terra, pelo pão e pela liquidação do servilismo, com essas lutas se configurando como sendo uma luta social, que na melhor das hipóteses quando se proclamaram em favor da independência foi porque associaram na à sua redenção.

BIBLIOGRAFIA

·PRADO, Maria Ligia. A formação da nações latino-americanas: anticolonialismo, antiiperialismo: constuição das oligarquias: a América Latina é livre?. 3 º edição. São Paulo: Atual; Campinas, SP: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1987.