Centro Universitário Santa Cruz 

Monique Gabriely Lucena Haydar 

Curso de Direito / Manhã 

Disciplina: Ciência Políticas e Teoria Geral do Estado 

Resumo: Platão e Aristóteles o nascimento da Filosofia Política 

Curitiba 2021 

Tanto a ética quanto a política, nasceram nas cidades gregas entre os séculos VI IV antes da era corrente, essa ideia de igualdade está muito longe de sua concepção moderna segundo a qual “todos os homens nascem livres e iguais”. O cidadão pensado pelos gregos é igual porquê e enquanto é livre. Nesse caso, homens, no sentido estilo do termo: mulheres e crianças estão excluídas. As muitas cidades gregas reivindicavam sua autonomia, seu poder de se autogovernar, as formas de governo escolhidas variavam de caso a caso, embora pudessem ser agrupadas em regime de tipos monárquico (com um ou dois governantes), de tipo aristocrático (com um grupo de governantes) e do tipo democrático (com todos governando por meio da assembleia). Ainda assim, independente de qual fosse o regine, o pressuposto da igualdade em que se baseava a autonomia era suficiente para obrigar a um uso do poder diferente do tradicional. Enquanto as formas tradicionais de concepção do poder podiam ser representadas por metáforas como a do rei como pastor que conduz seu povo, ou como jardineiro que o faz florir (ambas mantendo uma diferença de qualidade entre o governante e os governados), a metáfora por excelência do poder entre iguais é a do circulo cujo centro, equidistante de cada um dos pontos da circunferência, está vazio e é ocupado sucessivamente por cada um dos que delimitam a circunferência. A eliminação da referência à autoridade exterior entre homens iguais e a necessidade de argumentar com todos os demais, desencadeou as novas formas e de pensamento, dentre as quais a mais influente historicamente foi Filosofia, e, nela, a Ética e a Política, tais como as concebemos desde então. A passagem das formas tradicionais de autoridade para o novo exercício da cidadania foi um parto doloroso. Mas ela ilustra perfeitamente o esforço que vinha sendo feito então para compreender o mundo sem interferência à autoridade, isto é, nesse caso, à autoridade dos mitos e da religião tradicional. Os “sábios”, chamados de sofistas apresentavam razões pelas quais se pudesse compreender a natureza. Fundavam o que veio a se chamar Filosofia. Independentemente da referência aos deuses (ou da aberta refutação de sua existência),a grande diferença é que os deuses não eram o fundamento da argumentação; ela devia sustentar-se apenas nas razões que apresentava. Abria-se um capitulo novo na história do espírito humano. Se minhas demandas judiciais dependem da capacidade de argumentação (e não do beneplácito de um rei, fosse ele sábio ou não), é bastante provável que eu me veja levado a contratar, mesmo que custe caro, alguém, um especialista, que argumente por mim, elas também sabiam argumentar em defesa própria, não há, diziam algo que seja a verdade, tudo é relativo ao modo comi nos parece: “ o homem é a medida de todas as coisas”, é a boa retórica que determina o que é bom e justo ou mau e injusto. Com intuito de manter seu prestígio, o sofista tendia a ajustar-se à opinião da maioria, a se fazer seu porta voz, sem se perguntar se a opinião majoritária era ou não a melhor para todos. Aristofanes chama Sócrates de sofista, mas Sócrates dizia não poder aceitar o título de “sábio” porque, afinal, a única coisa que sabia era que não sabia nada, no máximo, poderia ser chamado de “amigo da sabedoria”, isto é filosofia. Sócrates não escreveu nada e tudo que sabemos dele é por meio de terceiros, em especial do mais talentoso de seus discípulos, Platão. Todos sabemos o que é a coragem. A coragem não pode ser definida por enfrentar o inimigo, porque nem sempre é prudente fazê-lo (é preciso distinguir entre coragem e temeridade), mas tampouco seria aceitável defini-la como enfrentar o inimigo quando é conveniente e fugir dele quando não é. Diversos diálogos de Platão são aporéticos, isto é, sem soluções embora ensinando que não se sabe aquilo que se acreditava saber, um ataque frontal à “sabedoria” dos sofistas. Razão pela qual tudo que se pode conhecer de algo é que, seja o que for, muda perpetuamente. Portanto, não se pode ser conhecido. Tese desconfortável para “sofistas”, que pretendam tudo acontecer, ao menos tal como nos aparece. Contra a pretensão sofista, as coisas são como nos aparecem, se opunha a demonstração de que a verdade exige a absoluta contraposição entre o ser (o que é) e o não-ser (o que não é). Mas ainda: não há, nem pode haver, o “nãoser”, como é fácil perceber se levarmos a sério o significado das palavras. Sendo assim, “o que é” é desde sempre, pois não pode haver um antes, que seria um “não-ser”. Sócrates se debruça sobre um novo campo de conhecimento: o das ações humanas. Uma coisa é debatermos sobre a realidade primeira das coisas, outra, bem mais premente, é nos perguntarmos sobre a possibilidade ou não da justiça, tema do mais famoso dos diálogos de Platão: A república. O problema é que a afirmação de Trasímaco tem um pressuposto: entende-se que justo é seguir a lei. Ora, diz ele, a lei é feita pelo mais forte (sejam reis, sejam assembleias, tanto faz) e em seu benefício, note-se que se é assim, simplesmente a justiça não existe, é apenas interesse particular transformado em lei, primeiro Sócrates mostra como a tese de Trasímaco é totalmente indefensável e estabelece a necessidade de buscar a verdadeira definição de justiça. A justiça é uma virtude, é boa e é útil. A injustiça é um vício, é má, e é nociva. Platão propõe uma mudança de perspectiva: que se deixe de considerar este ou aquele homem justo, esta ou aquela lei ou constituição justas (sempre pessoas e coisas particulares) e se passe a pensar no que seria a Cidade justa em geral. Pouco importa que a cidade perfeita seja quase inatingível. Por exemplo, nela haveria igualdade entre homens e mulheres: afinal, a diferença entre ambos só diz respeito à reprodução e, em tudo mais, o que os distinguem é apenas a educação. Bastaria educá-la do mesmo modo. “Mas as mulheres deveriam se dedicar à ginástica como os homens?” “E por que não? Mesmo assim, é fácil concordar que são bem pequenas as verdadeiras possibilidades de promover tal igualdade. Dado o modelo, estamos, agora sim, aptos a distinguir entre o que simplesmente parece justo do que verdadeiramente é justo. Pensa que ainda parece que há pouca relação entre a Cidade descrita por Platão e qualquer cidade realmente existente. Ora, para Platão, podemos ter um conhecimento certo da verdade na medida em que nos afastamos das aparências sensíveis em direção aos modelos das diversas realidades. Contra a livre oposição das opiniões pretendida pelo sofista (e, no âmbito político sua correlata degeneração demográfica), conhecimento científico da natureza das coisas e, em primeiro lugar, da Cidade, ou seja, não a pretensão de conhecer o que não pode ser conhecido (as coisas mutáveis), mas conhecimento da realidade imutável pela qual todas as coisas são o que são. Ora, a Ideia de Cidade que se depreende de A República, muito embora não corresponda a nenhuma cidade existente, é tão mais real do que qualquer cidade, do mesmo modo que o Triângulo da Geometria e relação aos muitos triângulos que desenhamos aqui e ali. Principalmente, porque a causa pela qual nos afastamos do bem e da justiça é justamente nossa ignorância a respeito do que são realmente o Bem e a Justiça. Confundidos por aquilo que nos parece bom e justo, mudando seguidamente de opinião, os homens são injustos (e infelizes). Conhecendo bem a Justiça os homens serão bons e justos.