As adaptações cinematográficas de obras literárias não são nenhuma novidade em nossa cultura televisiva.  Mesmo que haja bastante semelhança na narrativa, o filme e a obra literária são gêneros literários diferentes com características próprias. Pois segundo Martin, (2003, p. 21) “o cinema produziu suficientes obras primas para que se possa afirmar que é uma arte, uma arte que conquistou os seus meios específicos de expressão”.

       Em um país onde não existe o hábito da leitura, não podemos atribuir aos pais a responsabilidade pelo incentivo à leitura aos jovens, já que a maioria destes pais também não lê. Sendo que nos dias de hoje existem muitas formas de entretenimento, muito mais atrativas como a televisão, internet, jogos eletrônicos etc.

       Levando em consideração as experiências dos alunos de leitura de obras literárias, infelizmente feito de forma desmotivada, uma boa alternativa seria o professor de Língua Portuguesa ou Literatura propor junto com a leitura, o suporte de adaptação cinematográfica, como forma de estimular o aluno à leitura de cânones literários.

       Clássicos que viraram filme como O Cortiço (1978), do livro naturalista de Aluísio Azevedo; A Hora da Estrela (1985), da obra de Clarice Lispector; Auto da Compadecida (2000), de Ariano Suassuna; O Guarani (1979 e 1996) de José de Alencar; O Primo Basílio (2007) de Eça de Queirós; Memórias Póstumas de Brás Cubas (2001), de Machado de Assis etc. São importantes obras adaptadas para o cinema, que compreendendo a linguagem, aspectos e ajustes necessários para adaptação ao roteiro, contribuirão no despertar do interesse do aluno pelo livro.

       Com esta perspectiva Maria do Rosário Lupi Bello (2004,p.01) afirma  que “quando se abordam as relações entre literatura e o cinema, torna-se evidente aquele ponto de ligação fundamental que remete para o fato de ambas se constituírem como artes temporais, portanto aptas a construir e comunicar histórias”.

       Assim, além de valorizar a tendência moderna de estudos apoiados com recursos audiovisuais, permite que grandes obras literárias fiquem mais próximas dos nossos alunos, incentivando-os à leitura. 

  • Martin, Marciel. A Linguagem Cinematográfica. São Paulo, Brasiliense, 2003.
  • Bello, Maria do Rosário Lupi. Da imagem Literária à Imagem Cinematográfica: O concreto e o Icónico Como Vocação Narrativa. Lisboa, Universidade Aberta de Portugal, 2004.