Não farei poemas épicos sobre nós,
Não cantarei nosso progresso tecnológico
Mesmo sendo ele fruto da genialidade humana
Dentro do processo mecânico de pensar e existir.
 Caminhamos para a autodestruição
Esse fato nos tornam  suicidas e fatalistas.
Todo mundo há de concordar comigo
Que somos suicidas geniais.
Evoluímos sim, mesmo que de maneira mecânica,
Só nos faltou o equilíbrio budista
Em nosso progresso estimulado pelo cristianismo,
Sim, o cristianismo que impediu também estimulou,
De certo modo devemos a ele o atraso em nossa autodestruição.
Agora que o mundo caminha para uma multiculturalidade
E tudo é em parte verdade e em parte mentira
E tudo é apenas teoria, cultura e conhecimento,
Quem sabe agora nos tornamos cristão budista.
Atrás desse multiculturalismo onde fica a fé e a verdade absoluta!
Só um gnóstico pode suportar o multiculturalismo.
Apesar de essa globalização levar o mundo a uma tolerância,
Rompe nossa ligação afetuosa com o conhecimento e a tradição.
Já não basta termos perdido o coração e a alma
Dentro do consumismo, do capitalismo e do progresso tecnológico,
Estamos perdidos, mas ainda sabemos os caminhos,
Porque ainda temos um chão chamado passado histórico
Onde esta plantada a nossa origem através da qual sabemos sobre nós mesmos.
Todos nos temos que ter uma origem, um lugar
Para que possamos partir e se dar ao luxo e o direito de voltar
Se acaso nós estivermos errados.
Culturalmente e na busca do conhecimento somos de certo modo
Eternos adolescentes que se enganam que acertam e se auto afirmam como gente.
Talvez o multiculturalismo sirva apenas a seres iguais a Melquisedequi,
Esse que não deve antecedente e nem descendente.
A verdade é que o multiculturalismo é útil apenas ao capitalismo
Que reduziu a cultura e o conhecimento em consumismo.
Concordo plenamente com um conhecimento universal,
Desde que esse conhecimento não esteja ligado a idéias capitalistas.
O multiculturalismo pode ser apenas fruto de nossa era da informação
E conseqüência de nossa aptidão individual pelo conhecimento.
 Não farei poemas épicos sobre nós
Que estamos rumo ao precipício ambiental,
Porém não posso ignorar a inteligência e a genialidade
Da civilização na qual estamos inseridos,
Quando sabemos que nesse mundo ainda há seres humanos,
Em algum lugar da terra, vivendo na idade paleolítica
E conosco caminham inocentemente rumo à autodestruição.
Me dou ao luxo de ser contraditório, e afirma agora
Com ressalvas, o que antes afirmava como verdade inflexível.


J.Nunez                                       O IMPARCIALISMO