UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ –UVA

CENTRO DE FILOSOFIA LETRAS E EDUCAÇÃO - CENFLE

CURSO DE LETRAS – HABILITAÇÃO EM LÍNGUA INGLESA

 

 

 

 

Universidade Estadual Vale do Acaraú- UVA

Curso: Letras-hab.Língua Inglesa

Disciplina:Literatura Inglesa III

Prof: Márton  Gémes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                 

O gótico e o amor representados na obra “O Morro dos Ventos Uivantes”

 

 

 

 

 

 

Francisca Renata Gomes  Arruda

 

 

 

Sobral – Junho

2012

 

Sumário

 

 

1- Introdução

2- Desenvolvimento

3- Conclusão

4- Referências Bibliográficas 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Introdução

 

 

               O objetivo deste trabalho é analisar a estética da obra “O morro dos ventos uivantes”, detalhando as características do romance gótico e do amor romântico presentes na mesma.

               Este trabalho irá mostrar a influência dessas características no decorrer da história e a relação com os personagens, o que nos leva a entender o desenrolar dos fatos e acontecimentos ao longo da narrativa.

               Estudar um romance como “O morro dos ventos uivantes” é algo tão difícil quanto prazeroso. Um livro tão enriquecedor que quanto mais lemos mais percebemos a sua complexidade.

               A obra de Brontë se enquadra na típica paisagem gótica e o personagem Heathcliff representa o herói gótico que se insere no romantismo, ressaltando a importância da figura do amor em torno da história e nos convidando a discutir de forma critica sobre o romance.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

        O romance gótico surgiu na Inglaterra com “O castelo de Otranto”, em 1764, de Horace Walpole e com esse gênero literário, reapareciam em cena os fantasmas e espectros, que o mundo racional da era havia pretendido relegar ao esquecimento.

        A palavra “gótico” refere-se ás tribos nórdicas (Godos) que contribuíram para a queda do Império Romano. O período que se seguiu á queda do Império Romano passou a chamar-se Idade Média, quando os Godos estabeleceram-se na Europa e o período medieval foi identificado com o termo “gótico”, referindo-se as características de barbarismo, ignorância e superstição, que se remetia aos Godos.

       Na literatura, o gótico era oposto ao modelo “clássico” do iluminismo e englobava todas as temáticas que o mesmo excluía. Opondo-se aos valores racionalistas e materialistas da sociedade burguesa, os romancistas criaram uma literatura fantástica, identificada com um universo de satanismo, mistério, morte, sonho, loucura.

       O gótico é idealizado para atingir o leitor no sublime, que induz ao medo, ao horror. O uso do imaginário sobrenatural, do irreal e do assustador. Para Maggie Kilgour,

“O gótico é, portanto

uma visão de pesadelo

de um mundo moderno,

feito de indivíduos

separados, que se

dissolveu em relações

predatórios e demoníacas

que não podem ser

reconciliadas numa

ordem social saudável.”

       Outro ponto importante no romance gótico é o desejo pela imortalidade e, ao mesmo tempo, o temor a ela, acompanhado por fantasias sobre o demônio, desenvolvendo idéias que desafiam nossos sentimentos e a nossa mente.

       Em “O Morro dos Ventos Uivantes”, podemos encontrar vários elementos do gótico, como suas paisagens e as conturbadas vidas dos personagens. As duas casas que constituem o cenário do romance – a Granja Thushcross e o Morro dos Ventos Uivantes – são lugares isolados, próximos a florestas e o vento forte varre a paisagem. A casa do morro é descrita quase como um castelo (grandiosa), com o clima tempestuoso e envolto a vendavais, cenário típico da literatura gótica. 

“A propriedade do

Sr. Heathcliff

chama-se, adequadamente,

Wuthering Heights,

sendo Wuthering

um significativo

adjetivo provinciano

para designar o tumulto

atmosférico ao qual

ela está sujeita em

tempo tempestuoso”.

(BRONTE, cap. I, pág. 20)

       Um dos elementos góticos mais importantes do romance é a presença de fantasmas e do sobrenatural. Ao dormir uma noite no Morro, o personagem Lockwood, após ter encontrado e lido um trecho do diário de Catherine, teve um terrível “pesadelo”, no qual o narrador não nos diz se realmente trata-se de um, colocando o leitor em contato com o desconhecido, com o aterrorizante.

                                                                                                “Tenho de acabar com

                                                                                                                      esse barulho seja como

                                                                                                                      for! – murmurei, partindo

a vidraça com um braço

para agarrar o importuno

galho. Em vez disso, porém,

meus dedos pegaram os

dedos de uma mão

pequenina e gelada! O

intenso horror do pesadelo

tomou conta de mim:

tentei retirar a

mão, mas a

mãozinha agarrou-se

ainda mais a

ela e uma vozinha

melancólica soluçou:

“- Deixe-me entrar!...

Deixe-me entrar!”

(BRONTË, cap.III, pág. 41)

       O ambiente de horror é descrito através da presença de túmulos e cadáveres, além de sangue e crueldade, tornando a atmosfera da história ainda mais sombria. Heathcliff, o protagonista do romance, é apresentado como uma criatura diabólica, descrito como um menino de pele escura e semblante sombrio e demoníaco, induzindo o leitor a vê-lo como alguém diferente, misterioso.

       Ao longo do romance Heathcliff é comparado com o diabo, seja por suas ações ou por sua aparência. Heathcliff pode ser considerado um herói/vilão, típico personagem contraditório do romance gótico, representando a figura do mal, contribuindo com o aspecto sombrio e tenebroso da história, e ao mesmo tempo não pode ser considerado de todo mal, pois o amor que sente por Catherine, o torna um herói romântico, aquele que nutre um amor que perdura por anos, e que até morre por ele.

       Outras características do romance gótico presentes na obra é o uso da psicologia do terror (o medo, a loucura) através dos maus tratos e o medo provocado por Heathcliff em Cathy e Linton ( seu filho ), além disso, o papel do poder exercido por Catherine sobre Edgar e Heathcliff, é exemplo de uma das reflexões feitas pela autora.

        Podemos citar ainda que a morte, outro elemento gótico, não é detalhada ao leitor, ficando por conta da imaginação do mesmo, como observamos na morte de Heathcliff.

“O Dr. Kenneth

não conseguiu

diagnosticar a

causa da morte. (...)”

(BRONTË, cap. XXXIV, pag. 368)

        Outro aspecto importante para ressltar é a presença da imaginação, do suspense e do fantasmagórico, representados pelas aparições dos espíritos de Catherine e Heathcliff depois de mortos.

“Mas a gente do

campo, quando se

lhes pergunta, jura

pela bíblia que o vê

caminhar. (...) Contudo,

aquele velho sentado

diante do fogo afirma.

Que vê os dois,

olhando pela

janela do quarto

dele, todas as noites de chuva. (...) ”

(BRONTË, cap. XXXIV, pág. 369)

        No romance citado, os personagens são o retrato da miséria humana e do amor que destrói. O amor na obra é representado como o causador de todas as ações, que pode unir ou destruir os personagens, relacionando-os entre si e o desencadear dos fatos.

       O amor romântico é representado pelo amor que Heathcliff sente por Catherine, algo além do mundo real. Um sentimento arrebatador, que domina e provoca a destruição. Catherine, diante da constatação de seu erro, ( de se casar com Edgar, por ele ser rico e educado), não resiste e deixa-se levar á degradação física e mental, beirando a loucura, morrendo com a impossibilidade de união com seu grande amor Heathcliff.

“O meu amor por

Heathcliff lembra as

rochas eternas:

proporciona uma

alegria pouco

visível, mas é

necessário. Nelly,

eu sou Heathcliff!

ele está sempre,

mas sempre, no

meu pensamento; não

como uma fonte de

satisfação, que eu

também não sou para

mim mesma, mas

como eu própria”.

( BRONTË, cap. XI, pág.99)

         O amor dos protagonistas vive mesmo após a morte, quando Heathcliff começa a ter visões de sua amada, deixando-se levar e entregando-se ás aparições dela, vindo a morrer.

        O sentimento que causa tanto sofrimento e dor à Heathcliff a vida inteira desde a infância, leva o leitor a sentir pena dele, mesmo sabendo ser ele um homem cruel, implacável, vingativo e impiedoso. Apesar de suas maldades e sede de vingança, ele contrasta com sua história de amor e sofrimento.

         A paixão que envolve a obra, é diferente do amor que é considerado sublime, do amor que eleva a alma e traz felicidade aos apaixonados, pois leva os amantes a consumir suas vidas, nutrindo o sentimento através da morte.

        O protagonista que ao mesmo tempo assume o papel de vilão e vitima ( o herói Byroniano do romantismo)  eleva-se à condição de herói, que se origina dos vilões góticos, implacáveis e cruéis perseguidores de jovens inocentes, sendo a representação do amor que conduz ao caminho do bem ou do mal.

 

 

 

 

Conclusão

 

 

         O Morro dos Ventos Uivantes  pode ser considerado um romance gótico e romântico ao mesmo tempo, no que diz respeito ás características presentes na obra.

         É importante destacar que ao analisar os elementos e construção dos personagens, consegue-se compreender o estilo que forma a obra e a personalidade e reflexões que a  autora faz.

         O romance reflete as transformações sociais da época, analisando na obra de ficção, traços da vida real representados pelas emoções e paixões vividas na história.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Referências  Bibliográficas

 

 

–                    BRONTË, Emily. Wuthering Heights. ( São Paulo, Brasil, 1997. )

–                    VASCONCELOS,Sandra Guardini. Romance Gótico : Persistência do Romance ( cap. 8 )

–                    VASCONCELOS,Sandra Guardini. Ascensão do Romance ( São Paulo, 2.002)