Literatura e liberdade
Publicado em 16 de dezembro de 2013 por Solange Aparecida da silva
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE LINGUAGENS
DEPARTAMENTO DE LETRAS
CURSO DE LETRAS
SOLANGE APARECIDA DA SILVA
LITERATURA E LIBERDADE
ATIVIDADE III
Barra do Bugres, MT
2013
SOLANGE APARECIDA DA SILVA
LITERATURA E LIBERDADE
ATIVIDADE III
Atividade de Aprendizagem apresentado ao curso de letras Espanhol, da Universidade Aberta do Brasil, Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Linguagem,como parcial para avaliação na disciplina de Teoria da Literatura I Profa. Dra Ana Paula
Barra do Bugres,MT
2013
Literatura e liberdade
Desde que o homem inventou a escrita ele tem a necessidade de se pronunciar e se afirmar como ser social através da palavra grafada. E esta liberdade que o homem possui de pronunciar palavra grafada chamamos de literatura. É pela literatura que o homem sente-se livre para espalhar suas idéias.
A literatura é o retrato do resultado de todos os processos e acontecimentos de um meio social e épico, é uma forma de libertação e também um meio de dominação. O retratado pode ser homem que domina ou o dominado. E este relato pode ser verídico ou fictício, porém, feito com poesia, a fim de chamar a atenção da platéia e ficar para sempre como obra prima ou “clássica”.
De acordo com a época, a finalidade ou outro interesse, literatura pode ser conceituada de “clássico” ou “canônico”, porém para isto, precisa ser passar por critérios, que irá classificá-la com boa ou ruim. Estes critérios podem ser religiosos, financeiros, sociais e muitos outros de acordo com interesses de grupos.
Charles Baudelaire sofreu represarias, suas obras foram proibidas sob acusação de insulto aos bons costumes, ele e a editora foram condenados a pagarem multas. A literatura de Baudelaire estava passando pelo critério religioso, pois em minha concepção “bons costumes” é um termo usado com intenção religiosa.
Eu vejo os conceitos de “clássico” e “canônico” na literatura, como uma forma do homem do Ocidente se firmar como o dono do conhecimento e se manter como o opressor durante muito tempo da história, pois existe muita produção não conceituada como tal.
Reafirmando que a literatura é resultado do meio e desenvolvimento da sociedade, pode-se tomar como exemplo a obra de Charles Baudelaire, pois ela é o testemunho da sociedade e das angustias vividas em determinado momento da história. Segundo Menezes,
O século XIX, de Charles Baudelaire, foi, talvez, o período da história
em que o homem mais tenha sido desnudado, em que as crenças e as
tradições deste mesmo homem tenham sido quebradas para ceder espaço a um novo tipo de vida que se organizava – a sociedade capitalista. (p. 113)
Segundo Barthes, é por meio da literatura que se consegue a liberdade, pois
Essa trapaça salutar, essa esquiva, esse logro magnífico que permite ouvir a língua fora do poder, no esplendor de uma revolução permanente da linguagem, eu a chamo, quanto a mim: literatura. (p. 8).
Sobre o poder dominante da linguagem, Barthes diz em seu artigo intitulado Aula, o qual foi escrito para a primeira aula no Colégio da França, no ano de 1977, que entre a linguagem e o poder existe uma forte relação, que se apresenta em forma de múltiplas trocas sociais.
A linguagem é uma legislação, a língua é seu código. Não vemos o poder que reside na língua, porque esquecemos que toda língua é uma classificação, e que toda classificação é opressiva: ordo quer dizer, ao mesmo tempo, repartição e cominação. (p.6)
Na língua, portanto, servidão e poder se confundem inelutavelmente. Se chamamos de liberdade não só a potência de subtrair-se ao poder, mas também e sobretudo a de não submeter ninguém, não pode então haver liberdade senão fora da linguagem. Infelizmente, a linguagem humana é sem exterior: é um lugar fechado. (p.7)
Sobre o poder e a linguagem, tomo como exemplo, o “desconhecimento” como o fator primordial que levou Polifemo a ser derrotado por Ulisses, que detinha “conhecimento”. Sobre isto Renata Telles explica que
Contra um “selvagem” que desconhece a agricultura (o domínio e a transformação da natureza) e as leis (a vida em sociedade), o herói da Grécia (o berço da “civilização ocidental”) usa o conhecimento da diferença entre nome e pronome. Enquanto o nome pressupõe um entendimento substancial da linguagem... O conhecimento das diferenças morfológicas dá a vitória ao homem civilizado e sua inteligência, contra o monstro e sua força bruta que não distinguem nome e pronome. (pp.20-21)
Referências Bibliográficas
TELLES, Renata. Teoria da Literatura I. Florianópolis: UFSC, 2008.
MENEZES, Marcos Antonio de. O Poeta Baudelaire e a Cidade de Paris. Marcos COLETÂNEAS DO NOSSO TEMPO, Rondonópolis - MT, v. VII nº 8.
BARTHES, Roland. Aula. Tradução e posfácio de Leyla Perrone-Moisés. 14ª edição. São Paulo: Editora Cultrix.
http://moodle.stoa.usp.br/file.php/1064/BARTHES_Roland_-_Aula.pdf