APPLEGATE, Lynda M; NEO, Boon-Siong; KING, Jonh; KNOOP, Carin-Isabel. Cingapura Ilimitada: Construção da Infra-estrutura Nacional da Informação. Harvard Business School, 107-P01, 16 de outubro de 1996. Universidade Estácio de Sá: Biblioteca da disciplina de Gestão Estratégica da Informação. Acessado em 25 de março de 2016.

Joabson Cruz Soares[1]

Vinte e seis anos após Cingapura ter declarado sua independência, o país havia passado de condição de uma “ilha Selvagem” para uma das mais prósperas economias do mundo com um desempenho econômico recorde, marcado por taxas de crescimento anuais próximas dos 10% durante os últimos 30 anos. Para dar continuidade a esse crescimento econômico e elevar o país ao status de desenvolvido, foi elaborado um Plano econômico estratégico pelo Comitê de Planejamento Econômico que traçava 8 objetivos estratégicos e 19 programas através dos quais eles poderiam ser implementados. Um desses objetivos estratégicos era aumentar ainda mais o papel da Tecnologia da Informação (TI) no desenvolvimento de Cingapura.

Em abril de 1992, o Conselho Nacional de Informática (NCB – National Computer Board) e o Comitê IT200 publicaram o IT2000: Visão de uma Ilha Inteligente. A visão preconizava a criação de uma Infraestrutura Nacional da Informação (NII –National Information Infraestructure) que seria alavancada para permitir que Cingapura competisse internamente e no exterior que transformaria o país num eficiente centro de troca de mercadorias, serviços, capitais, informações e mão de obra. O objetivo da iniciativa IT2000 era simples, porém, poderoso: sustentar aumentos substanciais de produtividade com recursos físicos e humanos limitados.

A atração de multinacionais no setor de TI, neste contexto, desempenhou um papel fundamental na estratégia de TI do país. Em 1992, as multinacionais foram responsáveis pela maior parte das unidades de disco, impressoras e outros periféricos fabricados no país. A maioria das multinacionais utilizou empresas subcontratadas locais. Os computadores e periféricos, por sua vez, foram responsáveis por mais de um terço do total das exportações de produtos eletrônicos de Cingapura e cerca de um quarto de seu PIB.

Em 1994, em colaboração com vários fornecedores de TI e instalação de pesquisas, o NCB, propôs um protótipo “Comprovação do Conceito” da NII. A NII foi definida como uma “plataforma eletrônica comum para o fornecimento eficiente de informações e de serviços”. Inicialmente, usaria a infraestrutura de telecomunicações atual, mas o máximo de flexibilidade seria embutido no Sistema para migração para tecnologias futuras. Ela forneceria um conjunto básico de serviços essenciais de NII como um ambiente de processamento distribuído, serviços de diretórios, groupware, e-mail com recursos multimídia e kits de ferramentas de desenvolvimento. Os serviços que poderiam ser realizados na NII seriam de caráter multimídia, fornecendo aos clientes uma experiência sensorial ao extremo. 

O NCB e seus 1.500 funcionários se sentiam preparados para cumprirem sua missão de conduzir Cingapura para a era da informação. Seu presidente, Tan Chin Nam, explicou que: “Em 1981, a mobilização original de informatização, que levou ao estabelecimento do NCB, exigiu o desenvolvimento de competência fundamental em tecnologia de software para computador. Em 1986, o plano nacional de TI começou integrar essa competência de software embrionário com a tecnologia de comunicação para criar aplicação de TI de primeiro mundo. Em 1991, o Plano Mestre de TI [integrava] as tecnologias de computação e de comunicações [...] para gerar uma visão de Cingapura como ilha inteligente com avançada infraestrutura da informação”.

O primeiro-ministro de Cingapura estava igualmente confiante: “O plano [IT200] reafirmou o papel estratégico que a TI ira desempenhar na etapa seguinte do desenvolvimento de Cingapura e mostrou que, pelo fato do país ter ousado sonhar, irá se tornar uma realidade. [...] Nosso destino é continuarmos a todo vapor para poder acompanhar as mudanças na nova economia mundial”. Em maio de 1995, neste sentido, a organização para o desenvolvimento e Cooperação econômica anunciou que Cingapura seria promovida à categoria de “país desenvolvido” em janeiro de 1996.


[1] Pós-graduando em Gestão Empresarial pela Universidade Estácio de Sá e Graduado em Relações Internacionais pela Universidade Estadual da Paraíba.