RESUMO
O presente artigo versa sobre o tema Solidão, seu objetivo central é analisar essa problemática com base nos textos de dois autores, Caio Fernando Abreu e Carlos Gildemar Pontes. Esses escritores fazem referência a solidão através de seus contos, deixando transparecer como esse sentimento se manifesta no cotidiano das pessoas. Para construção desse trabalho tomei por base os seguintes contos: "pela passagem de uma grande dor" (ABREU, 2005) e "um sorriso é pouco para... como é mesmo o nome dela?" (PONTES, 2008). Além desses textos procuro relacionar o pensamento de alguns autores que estudam a respeito da solidão, para que assim, fique mais esclarecido esse assunto como, KLEIN (1975), ARAUJO (2009). Vale destacar que a escolha desse tema se deu por que a solidão se constitui como um acontecimento bastante presente na contemporaneidade. Esse é um problema que assola várias pessoas independentes de classe social, raça, gênero ou religião. É pertinente observar como essa temática é abordada na literatura por escritores modernos. Nesse sentido, o enredo desses contos vem favorecer pistas que evidencie como os personagens, sozinhos ou acompanhados, são acometidos pelo sentimento de estar sozinho triste e angustiado. O diálogo estabelecido entre os personagens constitui como reflexo da linguagem de seus respectivos autores no sentido de explicitar os sentimentos que denunciam a solidão. Ao término dessa análise crítico- reflexiva podemos presumir que entre esses autores há algumas semelhanças e divergências no que diz respeito ao modo de trabalhar o tema solidão. A missão desse artigo é justamente destacar onde se encontra as coincidências e dicotomias entre os contos e mais precisamente nos estilos de cada autor.



PALAVRAS-CHAVES: Solidão- Abreu- Pontes- Semelhanças ? Diferenças









ANÁLISE LITERÁRIA DA SOLIDÃO: limites e possibilidades

1-Introdução
Este trabalho tem a intenção de caracterizar a solidão por intermédio de uma análise crítico-reflexivo acerca dos trabalhos de Caio Fernando Abreu e Gildemar Pontes. Para isso tomei como referência dois contos dos referidos escritores nos quais pude confirmar a existência do interesse em deixar transparecer a presença da solidão na vida dos personagens, bem como na caracterização do cenário.
Falar sobre solidão é algo muito importante no sentido de compreender melhor esse fenômeno que assusta muitas pessoas. Ao mesmo tempo é complexo, visto que esse termo possui uma polissemia de sentido ou até de significado. Alguns pensam que sentir-se solitário é prerrogativa de um sujeito que se encontra sozinho, sem ninguém, mas isso não é verdade. A solidão pode estar presente na vida de uma pessoa rodeada de amigos e namoradas, porque ela é um estado de espírito. Nesse sentido se faz necessário uma abordagem do termo para realmente desvelar suas causas e conseqüências.
Definir a solidão se confirma como pressuposto necessário nesse primeiro momento, para isso recorro à afirmação de KLEIN (1975,p133):
Por sentimento de solidão não desejo me referir à situação objetiva de estar privado de companhia externa. Refiro-me ao sentimento íntimo de solidão- o sentimento de estar só independentemente de circunstâncias externas, de sentir-se solitário mesmo quando entre amigos ou recebendo amor. Esse estado de solidão interna, eu acredito resulta do anseio do onipresente de um estado interno perfeito inatingível. Tal solidão, experimentada até certos pontos, brota de ansiedades paranóides e depressivas provenientes das ansiedades psicóticas da criancinha.
No dizer da autora a solidão pode se manifestar em alguém mesmo ela estando acompanhada, pois esse sentimento parte de dentro, do lado interior e psíquico de cada sujeito. Ao ler o conto de Pontes (2008) podemos inferir que esse traço marcante se efetua na narração, pois o personagem principal estar em uma festa na companhia de seu amigo e depois conversando com uma moça, mas mesmo assim ele se sente solitário melancólico. A parte externa-a festa- é um ambiente agitado, coletivo, mas o seu mundo interior, seus sentimentos e sua mente estão imbuídos de um total abandono, solitário.
A vida moderna se mostra repleta de atrativos para as pessoas, o advento das novas tecnologias, a internet, são elementos criados para amenizar a solidão dos homens e mulheres. Mas o mercado de trabalho, seu caráter competitivo, trás como conseqüência um sentimento de distanciamento entre as pessoas. Ao passo que essas técnicas avançadas de comunicação aproxima as pessoas elas causam um certo abismo, no que se refere ao isolamento. De acordo com ARAUJO(2009,p.4:
A questão da solidão é um dos maiores fardos do homem moderno. Cada ser humano já descobriu por si mesmo que apesar de todas as dificuldades presentes, necessita se relacionar com seu meio, e caso não o faça, deverá arcar com determinadas conseqüências. Talvez a mais cruel de todas elas seja o fato da solidão forçar o indivíduo a uma autoavaliarão emocional e afetiva e quase sempre a nota subjetiva é muito baixa.
A afirmação acima nos sugere que a partir do estado de solidão o sujeito faz um questionamento, uma avaliação sobre o motivo de estar sozinho. Nesse sentido aparece as angustias, frustrações e a culpa. Ele pode muitas vezes, pensar que não é alguém capaz de agradar o outro e por essa razão estar solitário.
O estudo desse tema possui relevância no sentido de ampliar a discussão sobre o tratamento da solidão na literatura. Para construir esse artigo percorro algumas etapas: de início, analisarei os contos de Abreu (2005) e Pontes (2008) demonstrando seu conteúdo, fazendo uma breve explanação acerca do enredo e dos referidos personagens; logo em seguida procuro relacionar esses autores investigando as semelhanças e diferenças entre eles e na sua maneira de trabalhar o tema solidão. Por fim trago as minhas conclusões finais com vistas a apresentar os resultados dessa análise.
A realização desse trabalho trouxe para mim um grande aprendizado, isso porque esse tema em questão requer uma abordagem que engloba diversas área, a filosofia, a psicologia e a literatura, o que me influenciou a ler diversos textos e me aprofundar nessa temática.











2-DUAS CONCEPÇÕES SOBRE A SOLIDÃO

A solidão é um assunto único, mas que possui diversos aspectos e variados modos de ser discutida. Aqui ela é analisada a partir dos contos de dois autores, cada um com seu estilo e sua personalidade representou na escrita sua concepção a respeito do tema. Cabe a cada um de nós lermos nas entrelinhas e desvendar a mensagem repassada.

2.1-Caio Fernando Abreu :a solidão como sinônimo de estar só
Em "Morangos Mofados", Caio Fernando Abreu trás uma coletânea de contos bem sugestivos ao tema do livro. Realmente o autor quis desmistificar o "mofo" social nas suas narrativas. Cada conto faz referência a um tema crítico que aflige as pessoas e merece ser comentado. Não foi diferente com o conto "pela passagem de uma grande dor".
Essa é a história de um homem (Lui) que vive na melancolia de seu lar, escutando músicas e embriagado pela fumaça dos cigarros que o ajudavam a superar a demora da passagem das horas. Até que o telefone toca e ele recebe a ligação de uma moça que não se sabe ao certo se era sua namorada ou amiga. O que se subtende é que ela também estava entediada e resolve convidar o amigo para sair, tomar uma bebida e ir a sua casa para conversar um pouco.
Lui era uma pessoa solitária, mas mesmo assim resistiu e não aceitou o convite da moça que o ligara para amenizar seus medos e compartilhar com ele sua solidão. Cada um possuía uma maneira peculiar de se distrair enquanto ficava sozinho. Ele ouvia clássicos de piano, em um disco que era bastante melancólico. Ela lia uma revista sobre ecologia. O rapaz possuía o hábito de fumar e percebia que estava se prejudicando com alguns vícios que possuía, sua mão estava ressecada, ele observava que o seu contexto também dava sinais de envelhecimento. Os objetos de sua casa estavam estragados e o que era novo hoje se encontrava velho, sem vida. Era um total estado de solidão.
A moça insistia em convidá-lo a sair dali a reagir àquela situação, mas ele parecia gostar, e não se importava com a dor da solidão. A sua distração era tamanha que de vez em quando a moça repetia:"alô! Lui, você está ai?"
-Lui?- a voz conhecida. -Alô? É você, Lui?
-Sabe o que é?-disse
-Lui?
-Alô. Lui?Você está ai?
(ABREU,2005,p.38)
A passagem do conto demonstra como o personagem estava sem ânimo, como a solidão causou nele um total estado de depressão, melancolia, desânimo. O fato dele estar sozinho pode nos revelar que a sua personalidade fosse solitária pelo fato de não compartilhar a casa com ninguém. Ele parece estar ausente da realidade.
O diálogo estabelecido entre as duas personagens revela a intensidade da solidão dos dois em seus lares, nas quatro paredes de algum ponto de uma grande cidade. É bastante comum as pessoas que moram em grandes centros urbanos se distanciarem das outras, com medo da violência elas se trancam em casa e são tomadas pela solidão.
Nesse conto pode-se identificar o caráter de modernidade de Abreu(2005) ao tratar de uma problemática pertinente na sociedade contemporânea. Lui em uma determinada parte da conversa faz relação a sua situação com um "desespero agradável", quer dizer que ele já se acostumou com a condição de homem solitário, com os móveis desarrumados e a bagunça que demonstra total abandono.
Ela mesmo estando sozinha quer sair, não se acomoda com aquela situação, ao contrário do rapaz que não quer sair, nem receber visitas. Seu desejo é estar ali parado, imóvel, com a música que não compreende, com seus cigarros, seus pensamentos e sua solidão.
Abreu evidencia nesse conto uma variada porção de questionamento sobre a vida urbana, sobre a solidão de um homem moderno. Esses dois personagens estão tão solitários que estão perdidos em seus próprios mundos. A dor, o medo tornam sua existência vazia de sentido.
Lui é um exemplo clássico de homem melancólico e solitário, sozinho em seu lar ele é acometido de tédio e cansaço, para fugir desse tormento ele refugia-se nas drogas e no cigarro que por um instante o retiram desse estado.
Esse conto demonstra como é brilhante a capacidade de caio Fernando Abreu em trabalhar o lado psíquico de seus personagens. Por intermédio dessa história a temática solidão é analisada com aspectos sociais e psicológicos. Essa é uma forma de perceber a solidão como sinônimo de estar sozinho.








2.2-CARLOS GILDEMAR PONTES: A SOLIDÃO EM COLETIVO
O conto que vamos analisar faz parte da obra "Da Arte de Fazer Aeroplanos" de autoria de Carlos Gildemar Pontes. Essa narrativa é a história de um homem que se sente solitário e resolve sair de casa para diminuir esse tédio. Mesmo estando em coletivo, cercado de pessoas ele afirma sentir solidão:
Olhei para os lados e vi que todos estavam em grupos.Passa o tempo , contando séculos, e o homem em bandos. Só eu desfilava minha solidão sem ser percebido. Rumei para o carro e decidi voltar para o tédio da casa vazia. Cruzei com um amigo que me chamou para uma festa, num clube ali mesmo perto da praça. Como estava completamente sem bússola, pensei em adiar o meu retorno para a solidão e, quem sabe, compartilhar com algum bando uma solidão bem maior. PONTES ( 2008,p.91)

O autor quer deixar bem claro que essa personagem se sentia sozinho mesmo estando no meio de várias pessoas. A solidão não acaba apenas com a companhia de alguém, pois ela está dentro de cada ser humano, e isso não se resolve com a simples junção de pessoas. A fala da personagem deixa transparecer que cada grupo também possui uma solidão e no meio da multidão sempre há os solitários, isso significa que a sociedade compartilha entre si uma solidão coletiva, em conjunto.
No desenrolar do conto esse rapaz arruma companhia de uma moça que estava sozinha bebendo e fumando. Ao conversar e dançar com ela ele ainda sentia-se embriagado por esse sentimento de melancolia provocado pela solidão:
Sentindo-me só e sem a dança, pensei em ir embora sem me despedir e sem dançar, aproveitando um momento qualquer de distração em que ela fixasse o olhar no palco onde dançavam, ou melhor, flutuavam duas deusas. Mas ela me surpreendeu novamente com o seu sorriso, desta vez antes de falar. PONTES (2008,p.92)
Mesmo ele tendo conversado com essa moça sua vontade era refugiar de novo em sua casa onde lá poderia se sentir sozinho, no real sentido da palavra. Mas o sorriso da moça veio alegrar sua solidão, agora ele era um solitário com lembranças de um sorriso. Observe sua afirmação:"Há sorrisos que desmontam um homem cercado de ilusão". Sua solidão agora era companheira da lembrança do sorriso de uma moça, mas mesmo assim continuava solitário. Era uma solidão que insistia em se firmar mesmo diante de outras companhias, ele se sentia só estando acompanhado de várias pessoas. Isso desmente a premissa de que estar solitário é estar sozinho.


3- ABREU VERSUS PONTES: SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS
Depois de analisar as obras de Abreu(2005) e Pontes(2008) é chegada a hora de identificar semelhanças e divergências entre ambas. Sabemos que há em comum o tema solidão que é a temática abordada nos dois contos analisados. Mas é interessante também procurar desvendar onde residem essas diferenças e quais são elas.
Em "Pela Passagem de uma Grande Dor" o autor abordou a solidão no seu aspecto urbano, melancólico e entediante. O personagem vivia em algum ponto da cidade e tinha a solidão como sua companheira. Nesse caso a solidão existia como sinônimo de estar só. Para aliviar sua solidão o personagem usava as drogas e o cigarro como escapismo para seu tédio. A melancolia de sua casa demonstrava que o seu viver era vazio de sentido. A moça que o ligava estava com medo de uma catástrofe ambiental, coisa que também evidenciava seu estado solitário, melancólico.
Na sociedade atual vários medos habitam o interior humano, entre eles o medo da solidão é um grande inimigo daqueles que possuem um espírito fraco. Sobre isso CHALITA( 2009,p.90) afirma:
Há medos que nos sondam pelas ruelas envelhecidas dos dizeres malditos, frutos de precipitações, e é por isso que precisamos de um norte. Urge que tenhamos um norte! É isso que faz com que as angústias cotidianas tenham um sentido.
O autor que dizer que cada um dos nossos medos tem uma razão de ser. E que talvez muitos medos possam acabar no instante em que decidimos tomar um rumo certo na vida. É preciso ter um norte, ter objetivos para que a vida não se torne vazia de sentido. Nos contos dos dois autores percebemos que os personagens não possuem objetivos claros de vida. Eles estão apáticos, sem rumo, sem interesse por nada.
Em "um sorriso é Pouco para..como é mesmo o nome dela?" Gildemar Pontes quer questionar a solidão em conjunto. É um ótimo conto para ser lido e analisado com o propósito de perceber a história de um homem que mesmo estando em uma festa se sente solitário. Nesse contexto percebemos que a solidão possui características ligadas ao mundo interior de cada pessoa. E não basta possuir um exterior agitado para se livra da solidão.
Talvez essa seja a diferença entre os contos. Enquanto Abreu(2005) fala de uma solidão sozinha, com tédio, melancolia e dor, Pontes(2008) discorre acerca de uma solidão em conjunto.Algo que é estranho de se entender, porque alguém se sente só, estando acompanhado, em coletivo?
No conto de Abreu(2005) a personagem não queria sair de casa, insistia em refugiar-se no seu lar, ao passo que em Pontes(2008) o protagonista queria sair, foi a uma festa, conversou com uma moça, ele estava em um lugar público. O personagem Lui fugia dos seus problemas através de drogas e cigarro, já no conto de Pontes(2008) o rapaz se dizia avesso a fumaça de cigarros e até hesitou em ficar perto de alguém que fumava.
São dois contos que abordam a solidão com aspectos diferenciados, com personagens de diferentes personalidades, com contextos diferentes mas com um tema em comum.

























CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados desse artigo foram encontrados a partir da análise comparativa entre as obras de Caio Fernando Abreu e Carlos Gildemar Pontes. Seus contos trazem como tema a solidão, mas guardam em si especificidades concernentes ao estilo de cada autor.
São duas formas distintas de tratar a solidão, em uma delas percebe-se a solidão sentida por alguém que mora sozinho em uma cidade. Em outro conto a pessoa que se sente solitário é alguém que está na rua, em uma festa na companhia de pessoas. Isso indica que a solidão para ser sentida não depende do fator "estar sozinho ou acompanhado". Ela se manifesta em pessoas que tem aspectos psíquicos vulneráveis.
São personagens que vivem em um contexto moderno, rodeado por rádio, televisão, musicas e festas,mas esses recursos não os impediu de terem solidão.De acordo com CHALITA(2009,p194):
É interessante como as pessoas não têm tempo para ficar sozinhas. Vivemos em uma sociedade barulhenta. Mesmo quem vive só, quando entra em casa acessa todo tipo de barulho. A televisão, o som, o computador, o telefone, os problemas que não encontram tempo de decantação para que se resolvam.
Nesse sentido, o autor deixou claro que em nossas casas existem várias alternativas para diversão e para quebrar o silêncio e a monotonia. Esses meios de comunicação e informação se fizeram insuficientes nos contos para evitarem a solidão dos personagens.
São dois personagens transtornados pela solidão, sentimentos diferentes que demonstram causas divergentes. A solidão que é sentida sozinha e é em outro momento sentida em coletivo. Pessoas que encaram a solidão de formas diferentes, dois autores que possuem influencias da psicologia e da filosofia para escreverem suas obras.
Abreu é considerado um dos mais importantes contistas da literatura brasileira contemporânea,desenvolve suas narrativas criticando as convenções sociais, tem uma linguagem que não se enquadra nos padrões"normais" e tradicionais.
Pontes tem um caráter de intrigar os leitores que se questionam acerca da temática por ele proposta em seus contos. Ele possui profundo conhecimento e tem uma ampliada visão de mundo. Ele brinca com os leitores e faz referências implícitas a outras obras literárias. Sua linguagem não possui obviedade e ele inova em vários aspectos.
Em suma são dois excelentes escritores que nos brindam com belíssimas obras fazendo-nos refletir sobre aspectos contemporâneos da sociedade atual.



REFERÊNCIAS
ABREU,Caio Fernando.Pela Passagem de uma Grande Dor.in:ABREU,Caio Fernando. Morangos Mofados.Rio de Janeiro:Agir,2005
ARAUJO, Antonio Carlos Alves de. Solidão. Retirado do site: [email protected]
CHALITA, Gabriel &MELO, Fabio de.Cartas entre Amigos.São Paulo:Ediouro, 2009
KLEIN, Melaine. O Sentimento de solidão:nosso mundo adulto e outros ensaios.Rio de Janeiro:Imago, 1975
PONTES, Carlos Gildemar.Um sorriso é pouco para...Como é mesmo o nome dela?in:PONTES, Carlos Gildemar. Da Arte de Fazer Aeroplanos. Fortaleza: Edições Acauã,2008