A MORTE E O CAFEZINHO

Querido leitor. Se você se deparar com a morte bem na sua frente , se ela falar com você , o quê você faz ?

Oferece um cafezinho pra ela.

Venho de dar aulas pela Funap, do bloco seis. Paro no portão do bloco sete, está trancado. O porteiro me olha pela janelinha, o olhar dele vai na direção da minha direita, acompanhei, ao meu lado estava um morto.

Nem reparei direito porque era um morto qualquer, só lembro que tinha cabelos pretos e era de baixa estatura.

Entramos juntos no bloco sete, eu fui para a entrada do prédio, ele foi para o outro portão de acesso ao bloco quatro.

Atrás de nós o portão se fecha.

Vejo a morte de braços cruzados olhando fixamente para o morto, junto com ela um comparsa , ela correu em direção ao morto já sacando sua faca da cintura, seu vento me baçlançou, agarrou o morto pela camisa e deu a primeira facada  pelas costas na altura do pescoço, jogou o morto ao chão , em seguida diversas facadas no peito e na barriga.

Nessas alturas o Mineiro meu amigo gritava bem ao meu lado, já era, já era.

O morto agonizando. De repente lá vem mais um comparsa o raimundo, atrasado, foi em direção ao morto já quase morto, começou nova sessão de facadas; a faca entra na barriga do morto, entorta a ponta no concreto, quando sobe de volta, traz com ela algumas tripas do morto. (é foda)

Já era, já era. Até a morte já gritava já era.

Subo pro meu barraco, trezentos e dezenove i, entro, começo fazer um cafezinho.

No corredor muvuca, muitas vozes, barulho, discussões.

Abri um pouco a porta, olhei pra fora. A morte de costas virou pra mim e olhou-me. Fechei a porta rapidamente.

 A lei é essa, cuida da sua.

De repente a morte ainda com sangue entrou no meu barraco. Faca na cinta.

-: “ AQUI É A MORTE IRMÃO “

-: Toma um cafezinho, fiz agora.

Dei um cafezinho pra morte ela olhou-me fixamente e foi embora sem dizer nada.

A desgraçada ainda levou minha xícara de plástico azul.