A MORTE E O CAFEZINHO
Publicado em 02 de novembro de 2013 por joaquim sousa
A MORTE E O CAFEZINHO
Querido leitor. Se você se deparar com a morte bem na sua frente , se ela falar com você , o quê você faz ?
Oferece um cafezinho pra ela.
Venho de dar aulas pela Funap, do bloco seis. Paro no portão do bloco sete, está trancado. O porteiro me olha pela janelinha, o olhar dele vai na direção da minha direita, acompanhei, ao meu lado estava um morto.
Nem reparei direito porque era um morto qualquer, só lembro que tinha cabelos pretos e era de baixa estatura.
Entramos juntos no bloco sete, eu fui para a entrada do prédio, ele foi para o outro portão de acesso ao bloco quatro.
Atrás de nós o portão se fecha.
Vejo a morte de braços cruzados olhando fixamente para o morto, junto com ela um comparsa , ela correu em direção ao morto já sacando sua faca da cintura, seu vento me baçlançou, agarrou o morto pela camisa e deu a primeira facada pelas costas na altura do pescoço, jogou o morto ao chão , em seguida diversas facadas no peito e na barriga.
Nessas alturas o Mineiro meu amigo gritava bem ao meu lado, já era, já era.
O morto agonizando. De repente lá vem mais um comparsa o raimundo, atrasado, foi em direção ao morto já quase morto, começou nova sessão de facadas; a faca entra na barriga do morto, entorta a ponta no concreto, quando sobe de volta, traz com ela algumas tripas do morto. (é foda)
Já era, já era. Até a morte já gritava já era.
Subo pro meu barraco, trezentos e dezenove i, entro, começo fazer um cafezinho.
No corredor muvuca, muitas vozes, barulho, discussões.
Abri um pouco a porta, olhei pra fora. A morte de costas virou pra mim e olhou-me. Fechei a porta rapidamente.
A lei é essa, cuida da sua.
De repente a morte ainda com sangue entrou no meu barraco. Faca na cinta.
-: “ AQUI É A MORTE IRMÃO “
-: Toma um cafezinho, fiz agora.
Dei um cafezinho pra morte ela olhou-me fixamente e foi embora sem dizer nada.
A desgraçada ainda levou minha xícara de plástico azul.