A LUTA DOS SERTANEJOS EM LUZIA- HOMEM.

AZEVEDO, Maria Atacília Almeida

 

RESUMO: Este artigo vem mostrar na obra “Luzia-Homem” de Domingos Olimpio, a luta do povo sertanejo diante de um período de grande seca, junto com ele vem Luzia uma jovem retirante que tinha uma força totalmente incomum para mulheres, por causa dessa força e o apelido de Luzia homem. Uma época de estiagem e de muita luta pela sobrevivência e a busca por refugio na cidade de Sobral, na esperança de melhorias de vida.

PALAVRAS-CHAVE: Sobrevivência, Sertanejos, Força.

INTRODUÇÃO

Este trabalho refere-se à obra “Luzia-Homem”, do autor Domingo Olímpio sendo ele um dos últimos romances do naturalismo, essa obra tem sua grande importância para o naturalismo regionalista no nordeste. Descrevendo a seca no interior do Ceará, apresenta um cenário de extrema necessidade de chuvas, mostrando como o ser humano fica vulnerável ao poder da natureza agreste.

A personagem principal dessa obra é Luzia, uma figura marcante em todo enredo, tendo esta que conviver com o drama da seca, mas sendo marcado por outro tipo de drama ao qual tem um fim trágico. A retirante que tem que lidar em sua realidade, com os exploradores da miséria do povo e os parasitas e muitos aproveitadores da situação, em uma época difícil para os sertanejos.

O autor vem mostrando a figura dos sertanejos não como pessoas raquíticas ate miseráveis, mas  como um povo forte, que apesar da aparência não se deixa abater pela seca, que partem em busca de melhorias  e  juntos

com esses sertanejos encontramos Luzia, que recebe e apelido de “Luzia-Homem”. Aborda temas bem conhecidos no meio literário como diferenças sociais, lutas de classes, a busca de poder, também expressa o reconhecimento de base familiar, sendo essa família modelo tradicional marido e esposa.

 A LUTA DOS RETIRANTES E A CHEGADA EM SOBRAL

O enredo mostra a trajetória de Luzia é uma jovem mulher sertaneja e retirante que chega a uma cidade com mais recursos movida pelo desejo de ganhar a vida trabalhando, buscando melhorias aos males causados pela seca. Que vem junto com outros retirantes chegam à cidade de Sobral, interior do Ceará, onde acontece toda história. É no cenário de grande seca no final do século XIX eram tempos difíceis, mas movidos pelo desejo de buscar meios de sobrevivência.

Domingos Olimpio também descreve Sobral como sendo uma cidade formosa, de pessoas ricas e intelectuais, mostra a cidade como refugio para os sertanejos retirantes, como em um trecho ele fala: “A salvação estava em Sobral, na cidade formosa e opulenta, o oásis hospitaleiro anelado pelas caravanas de pegureiros esquálidos” (OLÍMPIO, 1983: 116), o autor destaca a situação atual da época, onde se achegavam vários tipos em busca de melhorias, achando nessa cidade a oportunidade de melhorar a vida.

É importante se pensar na realidade que é passada nesse romance, perceber o tipo de sociedade da época, tipos de comportamentos expressados através dos personagens. A existência de um tempo e espaço social, a presença da família como sendo símbolo de moral, e a distinção entre casa personagem são mostrados no cotidiano de cada um, mostrando a luta pela  sobrevivência e um possível futuro feliz .

O autor escolhe por cenário sua cidade natal, apesar da presença de personagens fictícios, ele descreve ao que parece denunciar a realidade descrita. Escreve enfatizando o caráter dos personagens, as relações da sociedade da época, diante das dificuldades como cada individuo reagia as situações que lhe eram impostas, mostrando as exploração diante da miséria do povo que trabalhava em troca mantimentos, traz também vários assuntos relacionados ao caráter social de cada individuo.

OBRA

Na narrativa Luzia é uma retirante que chega a Sobral com sua mãe por volta do ano de 1878, sua mãe já doente sendo ela o único ente querido que Luzia tinha. Chegando a cidade trata de arrumar um lugar para ficar  através do capitão Francisco Marçal, homem muito rico que era sempre procurado por varias famílias, tinham o costume de chamá-lo para ser padrinho de seus filhos em buscar de proteção.

Luzia consegue um trabalho por mérito de um salvamento como recompensa pelo seu bem feito, ela vai trabalhar na construção da cadeia publica de Sobral. O começo da narrativa mostra o lado Homem de Luzia, na ocasião do salvamento, onde ela salva Raulino as fúria de um boi bravo. Passou a chamar atenção por sua extraordinária força ao carregar para obra 50 tijolos, “Passou por mim uma mulher extraordinária, carregando uma parede na cabeça”. (OLÍMPIO, p. 1O) suas proezas causavam inveja qualquer homem robusto. Tornou-se alvo de comentários entre homens e mulheres.

            A jovem retirante passou a chamar atenção das pessoas, despertando o interesse de um soldado que tinha por nome Crapiúna, que não tinha boa fama, era um sedutor de mulheres, a moça tornou-se seu objeto de desejo. Por não conseguir se aproximar de Luzia, a partir daí  fez seu interesse aumentar mais e mais a cada dia.

            Luzia também tem uma amiga chamada Teresinha, era também retirante era por sua vez defensora da feminilidade de Luzia por esta sempre em sua companhia, sempre dizia: "Hei de punir por você em toda parte, porque vi com meus olhos que é uma mulher como eu” (p. 21). O autor descreve, Luzia como sendo uma mulher que apesar da força extraordinária, ela era tímida e frágil, mostrando também uma mulher bonita e sensível, Massaud Moisés vê, na protagonista, uma espécie de batalha travada entre o substrato romântico (representado pela beleza) e a doutrinação naturalista (concentrada na força)", seu corpo musculoso em uma mulher frágil e dona de uma beleza a qual o autor fala com admiração.

Tendo sua família reduzia apenas em sua mãe doente, Luzia não era uma desterrada: “– Eu me chamo Luzia Maria da Conceição. Sou filha do Ipu. Meu pai, que Deus haja, era vaqueiro das Ipueiras do Major Pedro Ribeiro [...] Está ouvindo, seu doutor?” (OLÍMPIO, 1983: 28). O enredo mostra a família como sendo sinal de boa conduta, descrever as origens da família.

O fim do enredo é um final trágico, sendo mista de naturalismo e romantismo, Sânzio de Azevedo (1976, p. 131) afirma que o romance é realista, com algumas pinceladas naturalistas e românticas a morte ainda como uma punição, mostrando varias alternativas ao leitor, pois os personagens mortos um punido por seus delitos e outro por ser diferente do modelo feminino da época. Fazendo o leitor ir alem da primeira leitura, buscando possíveis soluções, as temáticas em todo enredo.

Em todo o decorrer do enredo, percebe-se a presença de linguagem naturalista e bem típica do sertão do Ceará regada de costumes regionais. O autor segue a mesma ordem cronológica, de começo meio e fim, embora muitas vezes aconteçam alguns flashback,que não interferem na ordem do tempo, assim obedecendo sempre essa ordem do inicio ao fim da obra.

Leite Jr.(2003, p.48) Fala que Domingos Olimpio escreveu essa obra não para agradar o publico, que pelo contrario a obra tem uma feição pessoa tamanha trazendo dificuldades de classificação critica no meio literário. Pois o autor abre varias oportunidades de classificação.

Apesar de vários assuntos abordados, todos giram torno de um só a seca sendo o conflito principal, em todo enredo. Descreve a fragilidade humana diante da natureza, a situação de desequilíbrio causado pela estiagem, dando lugar as mazelas humanas, o abalo da sociedade, o sofrimento dos migrantes que chegavam a Sobral.

A luta pela sobrevivência se sujeitam as condições que lhe impõem, aos trabalhos forçados, em um cenário de seca, marcado pela luta do sertanejo, sendo sãs leis do sertão, não deixa de lutar para viver. Motivado pelo desejo de romper diante das condições da natureza,alem desses aspectos da narrativa é mostrar  imagens das cidades do interior e suas ascensões e mazelas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com o que vimos podemos observar que Domingos Olimpio pode viajar por sua terra natal através desse enredo, que apesar dos personagens fictícios, mostrando em forma de denuncias a realidade, as mazelas causadas pela grande seca. A luta dos sertanejos em buscar melhorias,diante de muitos desafios não apenas devido ao tempo de estiagem, mas a lutas sociais.

Apesar do sofrimento devido ao tempo de seca, ele vêem mostrando que na cidade de Sobral, uma cidade em ascensão, sociedade de pessoas intelectuais, fazendo notório o sentimento por sua cidade natal. Fazendo um retorno as suas origens, sabia que escrevendo seria uma forma de esta perto da sua terra, revivendo alguma realidade, os dramas causados pelos tempos difíceis.

A força de Luzia representa a luta dos sertanejos, o desejo pela sobrevivência, sujeitando-se a trabalhos forçados em troca de mantimentos,a migração para uma cidade que poderia  oferecer-lhe a oportunidade de sonhar com um futuro melhor. Também a luta pela sobrevivência junto aos tipos indivíduos que buscam poder, que tiravam proveito da miséria alheia, comportamentos dos indivíduos,a possível punição por seus delitos.

Percebe-se também a forma com o autor mostra o caráter de cada individuo,a forma como se relacionam com os outros indivíduos, seus comportamentos diante das situações. Levando o leitor a refletir sobre a realidade transmitida em forma de ficção, que em meios as dificuldades o ser humano pode  lutar por uma vida melhor. 

REFERENCIAS

OLÍMPIO, Domingos. Luzia-Homem. Fortaleza: ABC, 1999.

AZEVEDO, Sânzio de. Literatura Cearense. Fortaleza: ACL,1976.

MOISÉS, Massaud. Literatura Brasileira através dos textos.

São Paulo: Cultrix, 1971.

OLIVEIRA JUNIOR,José Leite de.Domingos Olimpio/José Leite de Oliveira Junior.- Fortaleza:Ed. Demócrito Rocha,2003