O presente trabalho tem por objetivo analisar as semelhanças e diferenças na forma como José Saramago, em "O ano da morte de Ricardo Reis" e Antônio Antunes, em "Os cus de Judas", abordam a figura femina no romance português. Escolheu-se esse foco pelo fato de que, em ambos os romances, se trazer a discussão do papel social da mulher (portuguesa e Africana, nas respectivas obras), especialmente, diante a uma sociedade que confronta os acontecimentos do século XX.
Essa análise permite refletir sobre a educação recebida pela sociedade portuguesa, a qual pretendia formar uma mulher passiva, alheia as relações sociais e políticas. As regras sociais eram mecanismos que favoreciam os homens e silenciavam a voz feminina. Os romances denunciam a forma como estas mulheres eram tratadas e vistas socialmente, além do papel que desempenhavam na vida dos personagens principais. Foi feita a escolha destes textos por se considerar significativa a presença das personagens Lídia e Marcenda, em "O ano da morte de Ricardo reis" e Sofia, em "Os cus de Judas".
Para uma melhor compreensão de como a figura feminina é abordada nos romances portugueses, é pertinente que se pense como e qual era, realmente, o papel social das mulheres nas respectivas épocas dos romances.
Em relação à situação da mulher portuguesa no século XX, pode-se dizer que mudou radicalmente, devido aos acontecimentos da época dos quais o país atravessava. Estes acontecimentos foram os quatro regimes políticos diferentes: o final da monarquia, a I República, o Estado Novo e a democracia.
No princípio do século XX, a mulher casada era obrigada a residir no domicílio do marido; a prestar-lhe obediência e não era autorizada, sem o consentimento dele, a administrar, adquirir, alienar bens, publicar escritos e apresentar-se em juízo, de acordo com o código civil de 1867.
Com o advento do Estado Novo, a situação da mulher regrediu. Em 1932, em resposta a uma pergunta sobre qual seria o papel destinado à mulher no novo governo e regime, o recém-empossado Presidente do Conselho de Ministros, Oliveira Salazar, afirmou que "?a mulher casada, como o homem casado, é uma coluna da família, base indispensável de uma obra de reconstrução moral" e "a sua função de mãe, de educadora dos seus filhos, não era inferior à do homem". Segundo ele, devia-se deixar "o homem a lutar com a vida no exterior, na rua? E a mulher a defendê-la, no interior da casa" (CÓDIGO CIVIL PORTUGUES, 1867).
Para Salazar, as mulheres, de acordo com o novo regime, deveriam pertencer ao lar. Para defender essa situação, Salazar aparentemente valorizou o papel de mãe e de esposa.
Com a ideologia salazarista, não se priorizou os conceitos de cidadania, de igualdade e de liberdade (embora, segundo ele existisse), reservando-se às mulheres uma esfera própria de atuação, atribuindo ao espaço feminino um valor diferente ao do masculino, em que havia uma hierarquia em função do sexo. As mulheres também deixaram de poder exercer comércio, viajar para fora do país, celebrar contratos e administrar bens sem o consentimento do marido.
Também o Direito Penal tinha normas que penalizavam particularmente as mulheres e alguns crimes ditos femininos. Quanto ao direito ao voto, a Ditadura estabelecera em 1931 que "as mulheres, chefes de família viúvas, divorciadas ou separadas judicialmente e as mulheres casadas cujo marido está ausente nas colônias ou no estrangeiro" (CÓDIGO CIVIL PORTUGUES, 1867), tinham o direito de voto e, em 1933, o voto feminino foi estendido às eleições para as câmaras. Note-se que a capacidade eleitoral das mulheres, tal como a dos homens era determinada em função da chefia da família. Essa, entre outras situações, a mulher portuguesa do século XX era submetida.
Quanto à mulher africana do século XX, mas especificadamente a angolana, teve de conviver com a guerra em Angola. Segundo Tatiane Moura:

"Diante do conflito armado, se teve a desestruturação e a desintegração familiar, fazendo com que as mulheres desempenhassem um papel mais preponderante, tanto dentro da unidade familiar, como nas suas comunidades". De fato, o desenrolar do conflito exigiu que muitas mulheres assumissem a liderança de famílias, levando à transformação dos papéis sociais, com a acumulação de mais responsabilidades no sustento e garantia de segurança e sobrevivência da família". (2000, apud DUCADOS, 2009, p.104).

Este contexto exigiu que as mulheres ficassem responsáveis pela sobrevivência econômica da unidade familiar, porém com um conhecimento reduzido da língua portuguesa, pouco ou nada alfabetizadas e sem experiência e educação formal, fez com que houvesse pouca oferta no mercado formal.
Com isso, muitas destas mulheres arriscaram sua integridade física quando atravessavam fronteiras internacionais para comprar mercadorias, quando perdiam tudo o que compravam para pagar subornos às autoridades policiais, quando viajavam longas distâncias para os vários mercados dentro e fora das cidades, tanto em Luanda como em outros centros urbanos do país. As mulheres de áreas rurais foram as principais vítimas de atos de violência e abuso sexual por parte dos soldados durante a guerra, além de serem oprimidas pela sociedade africana colonizada, da qual era patriarcal e machista.
Ao ler "O ano da morte de Ricardo Reis" e "Os cus de Judas", percebe-se esta mulher tipo da época, em que se caracteriza por ser submissa ao homem e por sofrer com os acontecimentos da época. No caso de "O ano da morte de Ricardo Reis", mostra-se, como personagens secundárias, duas mulher portuguesas, que têm um caso com o heterônimo Ricardo Reis, médico, que escreve poesias e vive suas últimas aventuras em Lisboa, no ano de 1936.
A história começa com a chegada de Ricardo Reis a Lisboa, em dezembro de 1935, e vai até a morte da personagem, já anunciada no título da obra, em setembro de 1936. Durante esses meses, o até então "espectador do mundo" vive seus dias finais entre um romance com uma criada de hotel, não por acaso chamada Lídia, musa nas odes de Ricardo Reis, de Fernando Pessoa; sua paixão pela jovem Marcenda, também musa das odes de Ricardo Reis, de Fernando Pessoa.
Apaixonado por Marcenda, amante de Lídia, Ricardo Reis vive desanimado e sem perspectivas, porém este personagem saramaguiana se envolve tanto com a vida, que gera outra no ventre de Lídia. Com Lídia, Reis estabelece uma relação totalmente sexualizada, física, o que se diferencia da relação à distância que demonstrava ter com a Lídia de suas odes (de Fernando Pessoa), conforme visto nos diferentes trechos:

"(...) Ricardo Reis se aproxima por trás dela, cinge-a pela cintura, ela faz meio gesto para esquivar-se, mas ele beija-lhe o pescoço, então o prato foge das mãos de Lídia, estilhaça-se no chão, (...), ele riu-se, voltou-a para si e beijou-a na boca (...)" (José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis, 2008, p.335).

"Vem sentar-se comigo , Lídia, à beira o rio
Sossegadamente fiemos o seu curso e aprendemos
Que a vida passa, e não estamos de mãos dadas." (Odes de Ricardo Reis¹)

Como se pode ver no trecho a cima, não há como identificar uma só semelhança entre a musa por Ricardo Reis idealizada e a criada do hotel. Reis ainda vive outra experiência com Marcenda, aquela que não é imarcescível ?como é vista em suas odes -, mas a quem, num ímpeto passional (o que mais uma vez o difere do sujeito comedido), chega a pedi-la em casamento, quando na visão de Pessoa, era um ateu, que não desejava casar-se.
Já em "Os cus de Judas", de Antônio Antunes, é mostrada Sofia, uma lavadeira negra angolana, da qual o narrador-personagem, que é português, aparentemente se apaixona e com quem, aparentemente (não fica explícito), teve um filho. Eles se encontram em Angola, na África, quando ele, por causa da guerra, teve de ir como soldado para lutar por Portugal, como pode ser visto a seguir:

"Conheci-te em Gago Coutinho, num sábado de manhã, quando as lavadeiras vinham ao arame entregar a roupa engomada dos soldados (...) Conheci-te numa manhã de sábado, Sofia, e a tua gargalhada de prisioneira livre, harmoniosa e estranha (...), tocou-me como um gesto de irreprimível ternura me toca se me sinto mais só (...)" (António Antunes, Os Cus de Judas, 2003, p.179 e 181)





¹ Texto tirado do sait http://www.artigonal.com/literatura-artigos/a-literatura-portuguesa-contemporaneaa-personagem-lidia-nas-odes-de-ricardo-reis-uma-analise-da-voz-feminina-na-obra-de-fernando-pessoa-847298.html
Neste contexto, Sofia surge como personagem que sintetiza a relação entre o grupo negro e o sujeito narrador. Com efeito, Sofia vem a ser a única coisa boa que o narrador encontra em plena guerra, a única coisa que lhe faz bem, apesar disto, quando feita prisioneira pelos PIDEs, o narrador-personagem nada faz para salvá-la, conforme na citação seguinte:

"(...)Sofia, nos perdemos, quando cheguei à tua casa e a porta não se abriu, (...) a cama deserta, as pregas de calcário dos lençóis, as latas oxidadas na prateleira, o horrível côncavo da ausência. (...) Passei pelo quartel da PIDE, Sofia, entrei o portão a estremecer de medo e nojo, (...) E saio deste aquário de azulejos como saí do quartel da PIDE, em que os prisioneiros
sacham a lavra dos agentes (...) sem a coragem de um grito de indignação ou de revolta (...)" (António Antunes, Os cus de Judas, 2003, p.189-191)

Como se pode perceber, neste romance, é através de Sofia, que se abordam questões como a independência angolana, as injustiças, a violência e a condição humana diante de um conflito em que não há regras e a vida nada representa, tanto que, diante das condições em que o narrador-personagem se encontra, nada faz para salvá-la, até por que se fizesse também acabaria morto.
Em relação à Lídia e Marcenda, podemos dizer que, Lídia é uma arrumadeira e Marcenda, uma hóspede. Aqui os aspectos intertextuais com a obra de Pessoa tornam-se mais fortes, uma vez que Lídia e Marcenda são musas dos poemas de Ricardo Reis. As musas são rebaixadas no plano literário, de figuras idealizadas e sublimes transformam-se em personagens humanas com virtudes, mas também com defeitos. Já Sofia é uma lavadeira, socialmente, desprivilegiada como Lídia, mas valorizada por seu amado, assim como Marcenda, pois a todo o momento o narrador deixa claro que sente a falta de Sofia e que gostaria de estar com ela:

"Falta-me o teu sorriso, as tuas mãos no meu corpo, as cócegas dos teus pés nos meus pés. Falta-me o cheiro bom do teu cabelo" (António Antunes, Os cus de Judas, 20003, p.177)

Lídia, por ser uma camareira do hotel, tem como condição mulher humilde do povo, o que contribui como principal obstáculo à rendição afetiva e a não valorização por parte de Ricardo Reis, sendo muitas vezes apenas visto como mulher objeto, devido a ele apenas querê-la para uma relação carnal. Ela chega a engravidar, Reis sugere que ela faça um aborto. Porém, apesar da indiferença de Reis, ela opta por enfrentar sozinha a gravidez e a criação do filho, conforme visto nos trechos abaixo:

"...como se chama, e ela respondeu, Lídia, (...) às ordens do senhor doutor (...) a criada que traz o pequeno almoço é também quem faz a cama, limpa e arruma o quarto"(José Saramago, Ano da Morte de Ricardo Reis, 2008, p.44-45)
"(...) pensa ele, se la não faz o aborto, fico para aqui com um filho às costas, terei de o perfilhar, é minha obrigação moral, que chatice, nunca esperei que viesse a acontecer-me uma destas. Lídia (...) diz as incríveis palavras, simplesmente, sem nenhuma ênfase particular, Se não quiseres perfilhar o menino, não faz mal, fica sendo filho de pai incógnito, como eu." (José Saramago, Ano da Morte de Ricardo Reis, 2008, p.364-365)

Sofia, mesmo tendo as mesmas condições de mulher humilde como Lídia, é valorizada pelo personagem-narrador, pois ao contrário de Reis, o protagonista de "Os cus de Judas", além de ter uma relação carnal com Sofia, sabe que ela é a única coisa boa que lhe aconteceu ao ir para a guerra, considerando-a, assim, sua musa negra e aceitando o filho que ela tinha. Marcenda, por sua vez, a mulher bem educada, rica, que tem a mão esquerda paralisada, evoca sentimentos mais líricos por parte de Reis, provavelmente, por se enquadrar no perfil de mulher portuguesa certa para o casamento, conforme o que diz a seguir:
"(...) pensou em Marcenda, disse mesmo o nome dela em voz baixa, e ficou a observar-se atentamente, como um aprendiz de químico que misturou um ácido e uma base e agita o tubo de ensaio, não viu muito, é sempre assim se a imaginação não ajudar, (...). Lembrou-se do alvoroço adolescente com que a olhara pela primeira vez, então a si mesmo insinuou que o moviam simpatia e compaixão por aquela pungente enfermidade, a mãozinha caída, o rosto pálido e triste (...)" (José Saramago, Ano da Morte de Ricardo Reis, 2008, p.174)

O poeta chega a lhe propor casamento, mas ela, já não mais se hospedando em Lisboa, manda uma carta rompendo o relacionamento.
Pela condição de Lídia, mulher pobre e apaixonada, é praticamente usada por Reis, devido a faze-lhe todos os deveres de mulher casada (lavar, cozinhar, limpar, cuidar do "esposo", alem de saciar o apetite sexual de Reis), e nunca ter sido valorizado por ele, enquanto Marcenda, que nunca ajudou Reis na sua nova vida, tinha o total respeito e amor dele, a prova disto, é pedido de casamento. Amor, do qual Sofia recebia também do protagonista, pois apesar de ser negra e pobre, para ele, esta moça tinha seu papel ao lado dele como companheira, independentemente, de sua cor e condição financeira.
Todas as três personagens sofreram com a guerra, cada uma de sua forma, direta ou indiretamente. Ao final do romance, Lídia, que também deixa a companhia de Reis, volta para informar desconsolada a morte do irmão Daniel, marinheiro, que se envolvera em questões revolucionárias. Lídia é a própria representação do povo, como ela mesma se coloca, "o povo é isto que eu sou, uma criada de servir que tem um irmão revolucionário e se deita com um senhor doutor contrário às revoluções" (José Saramago, Ano da Morte de Ricardo Reis, 2008). Marcenda, não sofre diretamente os efeitos da guerra, mas sofre com uma sociedade machista e patriarcal, típica da época, em que é totalmente submissa ao pai autoritário, submetendo-se as mentiras dele, sendo, indiretamente, a representação de Portugal sem reação frente ao poder de um Ditador, conforme abaixo, quando Marcenda desabafa com Ricardo Reis sobre a pressão que ela sentia por ter de se submeter as decisões que apenas o seu pai, Sampaio, queria:

(...) Deveria desistir, não vir a Lisboa, dizer a meu pai que estou conformada, que não gaste dinheiro comigo, Por enquanto, seu pai tem duas razões para vir a Lisboa, se lhe tira uma, Talvez arranje coragem para continuar a vir, sozinho, Terá perdido o álibi como o pai que quer ver curada a sua filha, o resto é como se não fosse verdade (...) Sou eu que lhe peço, Não desista, continue a vir a Lisboa, faça-o pelo seu pai, mesmo que deixe de acreditar na acura (...) (José Saramago, Ano da Morte de Ricardo Reis, 2008, p.128).

E por último, Sofia, mulher africana, da qual é arrancada de seu homem e filho para ser feita prisioneira, conseqüentemente, violada pelos soldados da PIDEs, os quais acreditavam que, dessa maneira, seria uma possível forma de atingir o inimigo, conforme no trecho abaixo:

"Era boa, hã? Estava feita com os turras. Comissária, topa? Demoslhe uma geral para mudar o óleo à rapaziada, e, a seguir, o bilhete para Luanda." (António Antunes, Os cus de Judas, 2003, p.190).

Este é um momento em que se mostra a dimensão da loucura, da miséria humana e do engano monstruoso em que os portugueses estavam envolvidos. No caso das mulheres de "O ano da morte de Ricardo Reis", o que ambas sofreram não foi menos doloroso que Sofia, devido a também serem vítimas do preconceito, da desigualdade, do abuso de poder, da submissão, entre outros problemas que a mulher portuguesa desta época tinha de enfrentar.
Em vista do que foram vistos, ao comparar as figuras femininas de "O ano da morte de Ricardo Reis" e de "Os cus de Judas", percebemos algumas semelhanças e diferenças na condição de mulher que cada uma representa, mas o sofrimento é inevitável para todas elas, devido ao papel social que a mulher desempenhava na época.
Marcenda e Lídia representam as duas faces da mulher portuguesa, a rica e a pobre, em que uma vive sob os cuidados do pai, sendo totalmente submissa para, assim, ser aceita pela sociedade machista. Ela carrega em si o símbolo da alienação, contentando-se com o seu papel na sociedade burguesa como forma de afastar qualquer repudia de ação do mundo, preferindo a imobilização a ter que enfrentar os obstáculos existenciais, o que talvez, ocasionou a não união dela com o protagonista, pois ambos representam a imobilização diante dos fatos da vida, sendo que para permear a felicidade precisa-se de mudança diante das coisas que não estão certas.
Do outro lado da pirâmide social, aparece a jovem Lídia, a qual tem como destino assumir o filho sozinho, não tendo como valores casar ou constituir uma família, devido a saber bem o seu lugar na sociedade como camareira e amante de um senhor. Motivo esse, que faz com que Ricardo Reis não tenha se casado com ela, sendo sempre tratada por ele como empregada e objeto sexual.
Como também representante da classe social baixa, e pior, representante da classe racial negra em uma época totalmente racista, aparece Sofia, vítima de uma Portugal que quer comandar seu país e que diretamente é afetada pela guerra, quando feita prisioneira, tirada dos braços de seu filho e provavelmente morta. Assim, como lídia não tem grandes perspectivas de vida, e que diante das dificuldades, ambas não tem a quem recorrer, pois vivem em uma sociedade que não está nem um pouco preocupa com os marginalizados.
Enfim, Marcenda, Lídia e Sofia são típicas figuras do século xx, em que a situação da mulher no seio da família era regulada por código que não visava pelos direitos das mesmas. A mulher era submissa ao homem, ao seu marido ou família. Esta devia prestar obediência e não administrar, adquirir, optar, ou até mesmo, reivindicar seus direitos como cidadãs.
Naquela época, a mulher ideal era a "rainha do lar", prendada, que cuidava da aparência, e boa esposa/companheira perfeita, ao passo que o homem era o "chefe da casa", o poderoso, que gozava de liberdade, detinha o controle financeiro e devia ser agradado, nunca incomodado.
A própria sociedade e o contexto histórico da época faziam com que a mulher não tivesse "voz" perante o homem. A mulher de então não se pautou pelos conceitos de "cidadania", "liberdade" e de "igualdade", só aceitou o princípio da diferença sem igualdade. O contexto histórico da época não permitiu ao espaço feminino um valor igual ao do masculino, porque a subalternizou hierarquicamente em função do sexo.


REFERÊNCIAS

ANTUNES, Antonio Lobo. Os cus de Judas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2003.
ARTIGONAL. A Literatura Portuguesa Contemporânea:a Personagem Lídia Nas Odes De Ricardo Reis, Uma Análise Da Voz Feminina Na Obra De Fernando Pessoa. Disponível em http://www.artigonal.com/literatura-artigos/a-literatura-portuguesa-contemporaneaa-personagem-lidia-nas-odes-de-ricardo-reis-uma-analise-da-voz-feminina-na-obra-de-fernando-pessoa-847298.html. Acesso em 15 de julho de 2010.
GOOGLE LIVROS. Código civil português: aprovado por carta de lei de 1 de julho de 1867. Lisboa: Imprensa Nacional: 1868. Disponível em http://books.google.com.br/books?id=FssWAAAAYAAJ&pg=PR3&lpg=PR3&dq=C%C3%B3digo+civil+portugu%C3%AAs:+aprovado+por+carta+de+lei+de+1+de+julho+de+1867.+Lisboa:+Imprensa+Nacional:+1868.&source=bl&ots=cL3smvWAHa&sig=8N_nHlRkXoYF7GMzhPlyg3bo30U&hl=ptBR&ei=sPVrTPesLMSAlAfW3dXVAQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=2&ved=0CBoQ6AEwAQ#v=onepage&q&f=false. Acesso em 15 de julho de 2010.
MOURA, T. S. S. M. R. Invisibilidades da guerra e da paz: Violências contra as mulheres na Guiné-Bissau, em Moçambique e em Angola. Disponível emhttp://www.ces.uc.pt/myces/UserFiles/livros/435_RCCS%2086%20T%20%20Moura%20et%20al.pdf. Acesso em 15 de julho de 2010.
SARAMAGO, José. O ano da morte de Ricardo Reis. São Paulo: Companhia de Letras, 2008.