A busca do refúgio que Mabel procura configurando-se através do orgulho e solidão da mesma.

A busca do refúgio que Mabel procura configurando-se através do orgulho e solidão da mesma.

 

Ana Damares Mendes*

         A partir da análise do conto A filha do Negociante de Cavalos remete-nos compreender e identificar em Mabel características que visam esclarecer esta possível busca pelo refúgio da qual ela precisa para sentir-se protegida de todos que a julgam. Estas características são notáveis tanto pelos aspectos sociais (como ela é vista pela sociedade) como também individual ( como ela enfrenta as percas ) e as duas são totalmente interligadas e dependentes para explicar o porquê do isolamento de Mabel com a sociedade e o orgulho que acaba impedido-a de seguir em frente.

         È importante destacar no decorrer do ensaio quais fatores influenciaram Mabel a agir de forma orgulhosa e até que ponto este orgulho impediu-a de buscar novos ideias, resultando assim na solidão e procurando na morte o consolo para seus problemas.

         Cabe salientar aqui Mabel como um ser totalmente dependente e neste caso dependente em diversos sentidos ( dinheiro, mãe, pai,status, atenção, ser reconhecida). Apesar de todas estas dependências cabe argumenta as principais dependências de Mabel e que o fato da mesma perceber-se sem poder usufruir do reconhecimento que dantes possuía ( uma  filha de um negociante de cavalos, pertencer a uma classe social razoável e principalmente com dinheiro,sendo assim,onde podia ser reconhecida e ser associada a tudo que já foi citado anteriormente) a deixa frutada e paralisada.

(...) Joseph Pervin, o pai da família, era um homem sem instrução, mas que tinha tornado uma prospero negociante de cavalos. Os estábulos viviam cheios, havia um grande  movimento de vai-e-vem de cavalos,negociantes e cavalariços .A cozinha repleta de empregados. Mas ultimamente as coisas vinham decaindo. O velho se casou uma segunda vez para recuperar sua fortuna. Agora estava morto

e tudo se foi, não sobrou nada a não ser débitos e  ameaças. (Lawrence, A Filha do Negociante de Cavalos.p.12)

        É notório afirmar a humilhação que Mabel enfrenta, afinal de contas pertencer a uma família com dificuldades financeiras, e assumir uma posição antes feito por serviçais  requer um posicionamento flexível e onde a aceitação da realidade deve ser vista como algo modificador.

Os homens podiam ser bocas sujas, as mulheres na cozinha podiam ter má reputação, seus irmão podiam ter filhos ilegítimos . Mas enquanto havia dinheiro, a moça se sentia estável e brutalmente orgulhosa e reservada ( Lawrence, A Filha do Negociante de Cavalos.p.17)

         Vale lembrar que se para Mabel o dinheiro era primordial, então a perca dela faz reconhecer um novo mundo, onde priorizava a solidão, o orgulho e a busca incessante da solução para seus problemas. Um refúgio onde sinta-se protegida dos olhares e julgamento dos outros, onde não seja cobrada pelas suas atitudes.

Com a falência de sua família.Mabel se sente desprovida de poder e segurança, exposta a um mundo que ela desconhece.No qual  é incapaz de viver sem seu status financeiro.Mabel vive em dois mundos, um exterior e outro interior.O mundo exterior pode ser descrito como um mundo masculino onde existe o casamento do pai, e o orgulho vinculado ao dinheiro. Em contradição  a esse mundo temos o mundo interior, onde Mabel busca anciosamente a morte, a fim de conseguir sua “ glorificação e purificação”. ( Gonçalves.1997.p.3)

        È importante lembrarmos que até o momento da ruína  da família Mabel não tinha uma participação concreta ativa na sociedade, ela não trabalhava, não participava de ações sociais, vivia unicamente a base do orgulho, em querer mostrar para os outros seu status ( fazer compras) e visitava a mãe no cemitério.

Agora, para Mabel, o fim chegaria.Ainda assim ela não mudaria.Ela seguiria á sua maneira. (...) Ela não mais precisaria passar escondida na rua principal da cidade,evitando todos os olhares. Nem precisaria mais se humilhar, indo as lojas e comprando a comida mais barata. (Lawrence.p.17).

         Este fato remete-nos analisar o dinheiro representando um poder de grande significância para Mabel, neste caso até mais que a própria família e sua educação, bem como os princípios recebidos. O orgulho corrompe a vida de Mabel de uma forma tão intensa que ela não vê na vida novos caminhos a trilhar. O fato de prender-se ao passado e ao que os outros pensam no presente, faz dela uma fracassada, sem forças nem mesmo para buscar construir sua prórpia identidade, procurando na morte uma segurança, um refúgio no qual sempre fora acostumada a ter.

Ali sempre se sentiu segura, como se ninguém pudesse vê-la, mesmo que  de fato estivesse exposta aos olhares de qualquer um que passasse por perto do mundo do cemitério. Não obstante, uma vez sob a grande sombra ameaçadora da igreja, entre os túmulos, ela se sentia imune ao mundo, protegida entre os grossos muros do cemitério, como se estivesse em outro país. ( Lawrence,p.18)

         Observa-se que apesar de Mabel está em choque com a situação das percas existente ( dinheiro ,status), o fato de buscar na morte um possível refúgio, está consciente de seus atos e certa de que era o melhor a ser feito, ela está totalmente segura de sua decisão.

-Por que você fez isso?

-Porque não queira que você fizesse esta tolice.

-Não foi uma tolice- disse olhando-o fixamente , deitava no chão, com a almofada do sofá sob sua cabeça.- era a coisa certa a se fazer e eu sabia disse. ( Lawrence.p.26)

        Vale ressaltar ainda que o orgulho e solidão de Mabel é fruto de suas próprias atitudes, apesar de ainda possuir irmãos, ela não possui um bom relacionamento com os mesmos. Mabel fica presa a lembrança do passado e não se dá uma oportunidade para sair da mesmice e enfrentar a realidade ( o mundo exterior), prefere a morte ao invés de lutar por suas conquistas, ela mesma não se aceita do jeito que é, tanto para Fergusson ( médico  que a salvou do suicídio) como também para a sociedade e apesar de ser salva da morte não dá uma nova oportunidade para si mesma.

Bibliografia

GONCALVES, Lourdes Bernandes. O Simbolismo em “ A filha do Negociante de Cavalos.106 ver. De Letras v.19º nº 1/12/JAN/ DEZ 1997. EM www.webartigos .com./JUN/2010, último acesso dezembro de 2012.

LAWRENCE, D.H. Nature & Civilization: A Filha do negociante de Cavalos.