I. Introdução e panorama geral

O Censo EaD.BR(2010) e o Anuário Estatístico de Educação Aberta e a Distancia (2008), apresentam crescimento de 90% de novos cursos a distancia em todos os níveis no Brasil. Em recente relatório, a consultoria All Consulting considera os cursos de curta duração os de maior potencialidade de demanda na modalidade EaD, seguidos bem de perto pelos cursos de pós graduação e graduação respectivamente.

Neste sentido é importante observar o papel da mediação pedagógica entre sujeitos da EaD, bem como atentar para a sinergia deste cenário que remete a qualificação multidisciplinar, desde a análise e implantação de sistemas e suportes tecnológicos, passando pela gestão de projetos, pelo pedagógico e envolvendo entre outros, o sistema de tutoria, acompanhamento e avaliação da aprendizagem que são temas contextualizados neste curso de formação de professores para EaD.

Convém ressaltar sob este prisma, que é enganoso considerar que cursos a distancia minimizam ou acabam com o trabalho de mediação do professor e a efetiva participação do aluno. Muito pelo contrário, nos cursos a distancia, os docentes vêem suas funções se expandirem, o que requer que sejam qualificados e os alunos, super engajados e comprometidos. Em uma instituição de ensino que promova cursos a distancia docentes e alunos devem ser capazes, além de outras atividades, avaliar-se continuamente a fim de obter êxito em sua jornada acadêmica.

II – Polidocência e Mediação Pedagógica em EaD

Segundo Mill (2010) o trabalho docente na EaD é extremamente multifacetado, e cada parte das atividades que compõem o trabalho docente virtual é atribuída a um trabalhador especializado ou a um grupo deles. Desta forma o trabalho docente a distancia deve se  organizar de forma coletiva e cooperativa para o êxito de sua proposta. A esse conjunto articulado de trabalhadores, necessários para a realização das atividades de ensino-aprendizagem na EaD, o autor denominou polidocência.

Partindo ainda de que, num ambiente educativo há de se privilegiar a construção do conhecimento, este processo precisa ter como foco a aprendizagem do estudante e deve ser estimulado pelo docente, por meio do processo de ensino, pois é ele que deverá criar condições que estimulem a mobilização de saberes, através de um movimento retro alimentante efetivo, duradouro e eficaz.

Portanto, a partir do pressuposto que a mediação pedagógica pode ser entendida como o processo pelo qual o docente, no contexto educacional, cria, intencionalmente, as condições de aprendizagem que incentivem a mobilização de saberes são possíveis de entender que dialogo, ação sobre o outro, intencionalidade, significação dos processos e incentivo a construção de conhecimento são fundamentais para o sucesso desta modalidade de ensino. 

Já é conhecido que as tecnologias digitais neste contexto educacional da EaD, ampliam as possibilidades de mobilização de saberes trazendo outros estímulos – signos, linguagens, movimento, formas de interação – alterando de maneira significativa a forma de ensinar e aprender, e, como resultado, os processos em sincronia, formatando ainda mais o sentido de construção coletiva, redesenhando saberes.

Outro aspecto, dentre muitos outros, que é de extrema relevância na mediação pedagógica é o saber que em todo o tempo se lida com pessoas, Pallof e Pratt (2004) destacam que o discente e o professor virtual desenvolvem o que eles denominaram de “personalidade eletrônica”, exigindo das pessoas envolvidas neste processo, determinadas habilidades, dentre elas saber lidar com questões emocionais, criar uma sensação de presença, conectar-se de forma discreta, mas profissional, internalizar um conceito de privacidade no que diz respeito ao espaço pelo qual se comunica, dentre outros.      

III – Conclusão

Para concluir, mais não para terminar, tendo em vista o caráter do trabalho e o espaço delimitado, conclui-se que o uso de tecnologias nos processos de construção do ensino e aprendizagem na modalidade EaD, fortalecem a necessidade do abandono de antigos paradigmas  e a premente necessidade de mudanças nos papeis de discentes e docentes em geral rumo a uma nova era que já chegou.

Atualmente, não ha mais lugar na docência em EaD para meramente “transmissores de conteúdos” e acompanhantes estáticos, exigindo do docente e também dos discentes, projetar caminhos conjuntos, dinamizando ferramentas, construindo comunidades de aprendizagem e reaprendendo a aprender de forma coletiva e colaborativa. Isto promove, entre emissores e receptores, a troca, a conversação livre e não preconceituosa, os feedbacks e os intercâmbios.

Portanto, neste processo de produção de conhecimento, é importante salientar que todo esse contexto deve amplificar as possibilidades de se explorar os dois grandes pilares da contemporaneidade: conhecimento e comunicação. Isto exige que docentes, discentes em todos os papeis de envolvimento com a EaD, possam pensar em situações de aprendizagem que promovam a disseminação do conhecimento  e comportem na mediação pedagógica a riqueza das relações instituídas pelo processo.

 

Referencias

ALMEIDA, M.E.B. Formando professores para atuar em ambiente virtual de aprendizagem – Projeto NAVE. São Paulo: s.n., 2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO A DISTANCIA. Relatório Analítico da Aprendizagem a Distancia no Brasil. Censo.EaD.BR.: 2012. Disponível em HTTP://www.abed.org.br/censoead2012.pdf. Acesso em: 10 maio.2018.

MANUAL DE TUTORIA 2018, Brasília: SENASP, 2018. p. 46.

MILL, D.R.S., RIBEIRO L.R.C, M.R.G.(orgs). POLIDOCENCIA NA EDUCAÇÃO A DISTANCIA: múltiplos enfoques – São Paulo: EdUFSCar, 2010.  

PALLOF, Rena M.; PRATT, Keith. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line. Porto Alegre: Artmed, 2004.