Inicialmente, nunca foi de meu intuito deixar as próximas linhas registradas, mas tornou-se necessário a medida que o destino desenrolou-se. Não tenho escolha, é preciso. Os humanos estão indefinidamente presos aos seus próprios inconscientes sujos, como escravos de suas próprias mentes. Nunca esperei que algo assim pudesse ser meu pesadelo. Oh! Erro maldito. Eu jamais quis isso, ou pelo menos parte de mim, entretanto parece que as coisas nunca são como queremos.
Este pesadelo começou de uma forma abrupta, minha melhor amiga havia sido assassinada no banheiro da escola. Ninguém entendia como alguém tão gentil pudera ser tão brutalmente enforcada e como esse assassino conseguiu fugir sem ser notado. Chorei, porém as lágrimas escorreram e logo secaram e um ódio tomou conta de mim. Eu precisava descobrir tal miserável capaz de executar uma pessoa tão amável.
Estava convicta de meus ideais e não iria deixar-me intimidar; descobriria a qualquer custo o indivíduo malévolo, autor daquela desgraça, e pagaria por todo malefício que causara a mim e, principalmente a minha amiga. Talvez, estivesse cometendo um grande equívoco, no entanto, minha determinação obsessiva não se deixava influenciar, queria a todo custo descobrir a verdade indubitável de todo aquele crime maléfico e não deixaria que tal caísse em esquecimento e se tornasse obsoleto.
Resolvi começar a investigar e, de imediato, desconfiei do zelador, ultimamente ele andava muito cabisbaixo, como se escondesse alguma coisa e passava alguns dias sem ir à escola, na semana em que minha amiga havia sido assassinada, ele andara frequentemente pelo corredor, no qual o banheiro ficava localizado. Então fui averiguar. Perguntei ao diretor se no dia do assassinato o zelador teria ido à escola, pois com toda a confusão acabara perdendo meu livro de português, história fictícia, é claro, porém minhas intuições estavam erradas, o zelador não foi à escola, devido a uma forte gripe.
Apesar de tudo não desanimei, continuei levantando hipóteses, analisando os fatos e suspeitos, lembrei-me, de súbito, ter visto a faxineira no dia do homicídio, minutos antes do ocorrido no banheiro, mas desta vez não fui até o diretor, não queria me expor ao ridículo acusando instantaneamente alguém que, de fato poderia ser inocente. Contudo, meu desejo era aniquilar o mais rápido possível o assassino; pensei fazer ameaças e fazê-la confessar todo o crime, porém recuei, teria que ser mais cautelosa, então resolvi segui-la, no entanto não obtive êxito algum, a mulher era perfeitamente normal, como era de praxe, não fazia nada a não ser o seu serviço, ela ainda chegou a perceber que eu estava seguindo-a, mas, não se importou e ainda perguntou-me se estava a fim de ajudá-la a lavar os banheiros. Percebi que a sua farda estava um pouco suja de sangue próximo ao joelho, e decidi indagá-la sobre o que acontecera, ela me contou que caíra quando estava lavando o banheiro. Fiquei meio desconfiada, mas depois que ela me mostrou o enorme ferimento que estava em seu joelho, decidi esquecer que ela poderia ser a homicida.
Prossegui em minha investigação mais a fundo, procurei saber agora, se minha amiga, tinha algum inimigo e acabei lembrando seu ex-namorado, que também estudava em nossa escola e que depois que minha amiga tinha rompido o namoro com ele, por estar apaixonada pelo melhor amigo dele, era constante as ameaças que ele fazia de se matar, porém, não me lembro de uma única vez, ele tê-la ameaçada de morte, mas quem sabe ele não tivesse perdido a cabeça e cometido tamanha loucura.
Procurei-o, todavia ele não estava freqüentando a escola desde o assassinato, resolvi então tentar obter informações com seus amigos, que com certeza teriam alguma notícia dele. Interroguei-os com diversas perguntas sobre como o amigo deles agira ao saber da morte da ex-namorada e como vinha se comportando ultimamente, confesso que fiquei bastante intrigada com as respostas que me foram dadas, como dizendo que ele andava nervoso, agitado e chorava quando se lembrava da ex-namorada, por isso não estava freqüentando a escola.
Fui para casa cheia de paralelepípedos na cabeça, afinal eu estava a ponto de entregar o culpado por aquela atrocidade ocorrida com minha amiga. Ao chegar, estava exausta e caí em sono. Ao acordar, minha mãe estava ao meu lado, olhando-me com uma cara triste e perguntou se eu estava me sentindo bem; achei estranho, pois minha mãe nunca demonstrara nenhuma preocupação por mim, sempre estava ocupada em seu serviço. Respondi que estava bem, só um pouco cansada, normal, afinal o dia embora rápido reservou-me inúmeras surpresas, jamais sabendo eu o que ainda estava por vir. Então ela se distanciou e pegou um papel que estava em cima da mesinha de centro. Perguntei-lhe de que se tratava, e ela respondeu que era o resultado dos meus exames com o psiquiatra. Eu não estava entendendo nada.
Não lembrava-me de ter ido ao psiquiatra e, afinal, porque iria? Era óbvio que eu era uma pessoa totalmente normal, confesso que um pouco alienada, sensível e meio histérica, mas, louca? Não, eu não era louca, pelo menos era isso o que eu julgava.
Minha mãe confessou-me que se tratava de uma doença, mas que eu iria ficar muito em breve bem, a doença era transtorno de personalidade, ou seja, era bipolar; e terminou a frase dizendo que eu iria para um lugar bem melhor onde poderia melhorar e que em breve estaria em casa. Eu não estava acreditando no que minha mãe estava afirmando, ao contrário, acredito que ela quem não estava bem. Quis correr, no entanto, quando fui saindo pela porta lá estavam dois homens, que me colocaram em uma camisa de força.
Gritei que teria que em primeiro lugar ir à delegacia entregar o assassino que matara minha melhor amiga, porém, minha mãe interrompeu-me dizendo, com lágrimas nos olhos:
"Filha, acharam a fita de vídeo que ficava próximo ao banheiro, nela você entra com sua amiga no toalete e a estrangula até ela perder o ar e cair no chão, você sai sem que tivesse acontecido nada. Você que matou sua melhor amiga!"


FIM