Anabel e Pedrônio: Uma história que não têm abraços
Por Joacir Soares d'Abadia | 03/04/2023 | ContosAnabel e Pedrônio: Uma história que não têm abraços
“Eu te amo tanto…” O “eu” parece não ter sentido por causa dos remédios de tarja preta; o “te” estava mais para ser realmente de outrem, nada parecia estar próximo de mim, nem meus pensamentos, eles, todavia, voavam pela imensidão do mundo. O mundo que “amo”, um amor entre aspas pois se precisava de todo o seu sabor para eu poder sentir o “tanto” do meu existir.
Meus sentimentos se perdera nas reticências do “Eu te amo tanto…”, pois minha timidez amorosa teve uma obsessão ao iniciar o “eu te amo “. Fala difícil demais para um coração gelado, todos os pensamentos iam na mesma direção, mas logo despertou pois a fala era para uma folha com pautas e um lápis de escrever.
1.
Assim começava mais um dia na vida de Anabel. Ela acordava todos os dias com o mesmo vazio no peito, a mesma sensação de que algo estava faltando. O que ela não sabia era que essa sensação era causada por uma profunda solidão, que só se agravava com o passar do tempo.
Anabel tinha trinta anos e nunca tinha namorado. Na verdade, ela nunca tinha sequer beijado alguém. Ela era uma pessoa introvertida, que passava a maior parte do tempo em casa, lendo livros ou assistindo séries na TV. Ela tinha amigos, é verdade, mas nenhum deles era realmente próximo o suficiente para preencher o vazio que ela sentia.
Foi então que Anabel decidiu que era hora de fazer uma mudança em sua vida. Ela começou a frequentar novos lugares, a se abrir para novas pessoas e a se arriscar mais. Ela sabia que não seria fácil, mas estava determinada a encontrar a felicidade que tanto buscava.
E foi assim que ela conheceu Pedrônio. Ele era um homem gentil, engraçado e inteligente, que rapidamente se tornou o melhor amigo de Anabel. Eles passavam horas conversando sobre tudo e sobre nada, rindo de piadas sem graça e compartilhando seus medos e sonhos mais profundos.
Mas Anabel sabia que havia algo mais entre eles. Ela sentia seu coração bater mais forte toda vez que via Pedrônio, e seus pensamentos voavam longe toda vez que ele tocava sua mão. Ela sabia que estava se apaixonando por ele, mas tinha medo de estragar a amizade que haviam construído.
Foi então que Anabel decidiu escrever tudo o que estava sentindo em um diário. Ela escreveu sobre suas esperanças e medos, sobre o amor que estava nascendo em seu coração e sobre a incerteza que a consumia. Ela escreveu sobre o "eu te amo tanto" que nunca conseguiu dizer a Pedrônio, mas que agora estava gravado em seu diário para sempre.
E assim, a história de Anabel e Pedrônio começou a se desenrolar. Uma história de amizade, amor e descobertas, que mostrava que às vezes é preciso arriscar e enfrentar nossos medos para encontrar a felicidade que tanto buscamos.
2.
Uma manhã, enquanto Anabel lia seu diário, seu celular vibrou. Ela olhou para a tela e viu que era uma mensagem de Pedrônio. "Bom dia, Anabel! Como você está hoje?" O simples gesto de Pedrônio de enviar uma mensagem de "bom dia" foi o suficiente para fazer Anabel sorrir. Ela sentiu seu coração se aquecer com a gentileza do amigo.
Aquela mensagem era mais do que um simples cumprimento de bom dia. Era uma prova de que Pedrônio se importava com ela, de que ele estava presente em sua vida e que ela não estava sozinha. Foi um momento mágico que Anabel guardou em seu coração.
Aquela mensagem de Pedrônio foi como um raio de sol em um dia nublado. Anabel sentiu que podia enfrentar qualquer coisa, que podia vencer seus medos e abrir seu coração para o amor que sentia por Pedrônio.
E assim, Anabel decidiu que era hora de contar a Pedrônio sobre seus sentimentos. Ela sabia que seria difícil, mas não podia mais guardar aquilo só para si. Ela queria que Pedrônio soubesse o quanto ela o amava.
E foi então que Anabel escreveu uma carta para Pedrônio. Uma carta que expressava todo o amor que ela sentia por ele, e que pedia que ele a visse como algo mais do que uma amiga. Anabel entregou a carta a Pedrônio com medo e expectativa, mas ao mesmo tempo com a coragem que nunca teve antes.
Pedrônio leu a carta em silêncio, e quando olhou para Anabel, seus olhos brilhavam com lágrimas. Ele então segurou as mãos de Anabel e disse que sentia o mesmo por ela. Eles se abraçaram com força, sabendo que aquele momento era o início de algo especial.
E assim, a história de Anabel e Pedrônio continuou, agora como um casal apaixonado. Tudo era tão lindo, se não fosse apenas um sonho de Anabel.
3.
Ao acordar, contudo, ela começou a escrever tudo que vinha à sua mente… escreveu: “eu sinto muito a sua falta”
Anabel suspirou ao fechar seu diário. Ela se sentia presa em seus próprios sentimentos, sem saber como lidar com a saudade que sentia de Pedrônio. Eles eram amigos há anos, mas ela não conseguia negar que havia algo mais em seus sentimentos.
Ela se levantou da cama e decidiu que precisava sair um pouco para espairecer. Ela se vestiu e saiu de casa, caminhando pelas ruas da sua pequena cidade sem rumo definido. Enquanto caminhava, ela pensava em Pedrônio e em como seria bom estar ao lado dele naquele momento.
De repente, ela ouviu alguém chamando seu nome. Ela se virou e viu Pedrônio acenando para ela, sorrindo com seus olhos castanhos. Era como se ainda voltasse ao seu sono.
"Anabel! Que coincidência te encontrar aqui. Você está bem?", perguntou ele, preocupado.
Anabel sorriu timidamente, sentindo o coração acelerar dentro do peito. "Estou sim, só precisava de um pouco de ar fresco."
Pedrônio percebeu a tristeza nos olhos dela e se aproximou, envolvendo-a em um afago nas suas mãos reconfortante. Anabel disse o que escreveu em seu diário. "Eu sinto sua falta também, Anabel. Mas estou aqui agora, tudo vai ficar bem."
As palavras de Pedrônio a fizeram sentir segura e protegida. Ela se afastou das carícias em suas mãos e olhou em seus olhos, sentindo a sinceridade em suas palavras.
"Obrigada, Pedrônio. Você sempre sabe o que dizer para me acalmar", disse ela, sorrindo timidamente.
Pedrônio sorriu de volta, passando a mão carinhosamente pelo rosto de Anabel. "Sempre estarei aqui para você, minha amiga. Eu te amo."
Anabel sentiu um arrepio percorrer seu corpo ao ouvir aquelas palavras. Será que Pedrônio também sentia algo por ela além da amizade? Ela decidiu que era hora de tomar coragem e falar o que estava em seu coração. Mas teve medo da reação dele uma vez que ele disse: “minha amiga, eu te amo”.
Ela pensou em dizer com voz clara: "Eu também te amo, Pedrônio. Não só como amigo...", sem saber se estava pronta para ouvir a resposta dele, ela deixou as palavras voar no vazio.
Pedrônio sempre sorridente, nem pareceu surpreso com o que disse, mas o carroção de Anabel estava descontrolado, não demorou para reagir traindo seus sentimentos de amizade. Ela não queria ter ouvido as palavras: “minha amiga”.
4.
Ele segurou as mãos de Anabel e olhou profundamente em seus olhos.
"Eu sempre vou torcer pelo seu bem, Anabel. Eu não quero que nada estraga nossa amizade, tão linda neste sentimento de bons amigos. Eu quero ser seu amigo para sempre", disse ele, com a voz carregada de emoção.
As palavras de Pedrônio fizeram o coração de Anabel saltar de alegria, mas também de tristeza. Ela não conseguia acreditar que o homem que ela amava também não a amava de volta, mais do que amizade. Eles acariciavam as mãos uns dos outros com muita força, deixando a felicidade tomar conta de seus corações.
O desejo de Anabel era que a partir daquele dia Pedrônio começasse a lhe amor profundamente num lindo relacionamento, cheio de amor, carinho e cumplicidade. No entanto, a amizade de Pedrônio era verdadeira. Assim, eles viveram juntos uma linda amizade com os desafios que a vida lhes impôs e seguiram aquela mesma história inspiradora de amor verdadeiro de um pelo outro.
Padre Joacir d’Abadia, filósofo