MARIO CABRAL
VIDA E OBRA

(Ana Maria Fonseca Medina)



Não é do meu feitio lantejoular graciosamente a produção literária da qual tomo conhecimento, entretanto, mais uma vez a comunidade sergipana de intelectuais, se rejubila com a produção literária de Ana Medina. Como sempre presente em seus trabalhos, a qualidade na escrita, a riqueza de detalhes, o rigor metodológico, configuram-se como marcas indeléveis do "estilo Medina".
Digo estilo, pois para todos aqueles que buscam conhecer seus trabalhos se deparam com a marca indelével de uma propriedade impar na forma de escrever.
Ler um trabalho desta escritora é um deleite que devemos fazer como se delicia um cálice do melhor vinho, deve ser feito aos poucos, saboreando, sentindo cada palavra, deixando-se levar pela riqueza literária da sua produção.
Ana Medina, nos apresenta seu recente trabalho, uma biografia de Mario Cabral onde procura revelar para as novas gerações e relembrar para todos aqueles que o conheceram, como foi a vida e a obra de Mario Cabral, ou como foi a obra na sua vida.
Condensado em 508 páginas Ana Medina nos apresenta em poucas pinceladas um esboço deste baluarte da cultura sergipana, Mario Cabral, digo condensado pois jamais conseguiremos traduzir na pena uma vida, e tão pouco, condensar e poucas páginas tantas obras.
Entretanto, com a maestria da mágica intelectual onde o menos é maior que o mais, Ana consegue resumir tantas informações ao sintetizar uma vida e uma obra em poucas palavras. Certamente é a concretização da maestria de todos aqueles que conseguem fazer o menos ser maior que o mais.
O trabalho hora em apreço de linguagem escorreita, nos apresenta da página 23 à pagina 311, traços da vida de Mario Cabral, calcada basicamente, em discorrer de forma temática pontos importantes da sua vida obedecendo uma linha de causas e efeitos, sem que para isso a apresentação esteja atrelada a um rigor cronológico que fragmenta o sentido do fato apresentado.
Ana nos revela um Mário que muitas vezes perdido em conflitos religiosos encontra refúgio no agnosticismo, entretanto contrariando a grande maioria dos leitores e amigos, Ana revela um Mário que não se diz ateu.
No tocante as suas obras magníficas o trabalho da Ana nos recorda declarações como a de Epifânio Dória quando este classifica Mario como "Pontífice do Parnaso" sergipano.
Da página 317 - 380, a escritora nos apresenta uma seleta dos trabalhos do biografado, permitindo a todo aquele que se depara com este magnífico trabalho, uma visão sincrética do pensamento de Mário Cabral.
Ana nos apresenta um Mário na intimidade familiar com um viés de amiga e por vezes confidente. Não é um trabalho livresco pautado dentro das normas fria da pesquisa, mas, embora obedeça rigorosamente o método, Ana procurou impingir um toque literário, aliás, como em tudo que ela faz.
Parabéns Ana Maria Medina, por mais uma vez premiar a intelectualidade sergipana com um trabalho sério, digno daqueles que formaram e formam este "Ninho de Águias" que foi, é, e sempre será, Sergipe.


Arionaldo Moura,
Aracaju, 09/03/2011