Dom Casmurro
O romance dom Casmurro, não fala propriamente em educação, mas exemplifica por vários modos a maneira como era feita no século XIX.
O que se pode depreender que a educação recebida por bentinho foi responsável pela sua casmurrice. Senão, vejamos: filho único, ele cedo fica órfão. Em casa, vive confinado. A mãe, D.Glória,é muito religiosa,mas de uma religião de aparências,pois bentinho vai para o seminário por promessa, e promessa que acaba por se trocada, também vive de rendas, o que aponta como alguém na periferia do capitalismo.D.Glória não aponta como alguém enérgica como também não é o tio Cosme, advogado,preguiçoso.
Prima Justina é uma agregada e sem sustento próprio. José Dias, esperto e à sua maneira enérgica, também acaba por ser para Bentinho um modelo de adequação às convivências. Talvez acabe por ser ele, na falta do pai, o modelo masculino de Bentinho. Talvez seja, com José Dias que Bentinho aprenda a insinuar, a fala em "tom menor". Ou será Capitu? Ou queria ele dizer que este é um comportamento humano?
Machado deixa entrever outro problema do século XIX _a educação da mulher: ela normalmente não vai à escola; o que aprende é no lar. E Machado prefere as mulheres que pensam. Aliás, preferia Machado esse tipo de educação?Por outro lado, nisso de a mãe completar o filho não estaria uma ideia de que Ezequiel (filho) era dissimulado como Capitu?Teria aprendido com ela, ou era hereditário?
Machado, no texto literário, não afirma, insinua, deixa ao leitor suas conclusões. Não será o seu real entendimento da Pedagogia?Não será essa prática pedagógica que recomenda?


A educação da mulher

Segundo R.Magalhães Jr., "Machado é o mais sentencioso dos nossos escritores".Quem le ou rele sua obra encontra uma vasta produção em prosa e verso com aforismos,máximas, provérbios, conceitos e reflexões.
Ao enunciar ideias alheia em seus escritos, esquecendo a origem como aconteceu com Coleridge (A criança é o pai do homem), Machado de toda forma, sempre as recriava, dando-lhes um tratamento tipicamente seu.
Foi com essa inspiração que Machado, em 15 de agosto de 1881, em A estação que abordou uma importante questão muito discutida na época: o papel da mulher na sociedade brasileira. Era tempo de um machismo desenfreado e machado entendeu que deveria tocar no assunto, menos por comiseração, e mais pela homenagem que gostaria de prestar à condição feminina, ele amou com fervo sua mãe, além de uma vida pela musa Carolina.
Do texto de Machado de Assis podem entender duas coisas: que ele pensa na necessidade da educação feminina para as mulheres da sua classe e que a mulher deve ficar não na dependência, mas na sombra do homem. E o texto termina na lembrando que "educar a mulher é educar o próprio homem, a mãe completará o filho".
O sentimento superior de Machado em relação à mulher do futuro, que deveria ter as mesmas oportunidades educacionais do homem, como é natural hoje em dia. Isso tudo, no final do século passado era uma grande e auspiciosa novidade.

O dicionário

"Uma coroa na cabeça vale mais do que uma saudade no coração".
O dicionário é a história de um rei que se coroa a si mesmo e que, na busca do agrado à sua bem-amada, manda confeccionar o "Dicionário de Bebel", onde havia uma enorme confusão de letras, que Machado na época, confundia dicionário com vocabulário, quando este somente coloca a grafia da palavra e a sua categoria gramatical. Já o dicionário tem também o significado.
O vocabulário Ortográfico da língua portuguesa tem 360 mil verbetes, dos quais 6.200 são novos e referentes, sobretudo ao desenvolvimento científico e tecnológico, inimaginável há 100 anos.

Defesa do Vernáculo

Machado procurava ser um purista do vernáculo. Tinha permanente preocupação com a escrita. Chegou a escrever A Semana: "Até nos leilões persegue-nos a gramática".
Em carta a Rui Barbosa, promete "guardar este livro entre os que mais prezam para estudo da nossa língua e animação de mim próprios". É preciso lembrar que Machado, fora tipógrafo contratado da imprensa Nacional. Daí ser perfeitamente compreensível o seu zelo pelas questões ligadas à impressão.
E reage ao desejo, na época, de valorizar a língua italiana, ensinando-a aos nossos jovens: "Ao contrário: não se deve ensinar italiano ao povo, antes de ensinar a nossa língua aos italianos".
O "Bruxo de Cosme Velho" fazia "referência "dicionários etimológicos", "vocabulário" e "gramática". Está em sua obra Papéis avulso: "o adjetivo é a alma do idioma, a sua poção idealista e metafísica. O substantivo é a realidade nua e crua, é o naturalismo do Vocabulário."
Machado tinha propensão aos adjetivos. Na época em que viveu não existia o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, nascido em 1981.

Bibliografia
NISKIER,Arnaldo.O olhar pedagógico de Machado de Assis.Rio de Janeiro:Expressão e Cultura,2001.41 a 58p.