ANDERSON CYPRIANO RAMOS. Antonio Prado de Minas 11/05/2016

O texto intitulado “Este mundo da injustiça globalizada” de José Saramago publicado no site www.ciberfil.hpg.ig.com.br em 2002, apresenta como tema a discussão sobre a Democracia e como consequência “  a morte da justiça”.

“José de Sousa Saramago foi um escritor, argumentista, teatrólogo, ensaísta, jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta português. Foi galardoado com o Nobel de Literatura de 1998”.( www.josesaramago.org/)

A narrativa se passa em Florença (Itália) no século XVI onde os camponeses trabalhavam incansavelmente nas suas lavouras, ao longe vindo da cidade, o sino da igreja começa a sibilar com seus afinados acordes e melodias.

Ao chegarem todos enfrente a igreja para saber quem de fato havia falecido, como era de praxes o toque do sino, um camponês abre-se a declamar que a “Justiça havia falecido”, todos pareciam conformados com a situação, ou de fato sabia lá no fundo que a justiça realmente havia tempo que já estava morta. Inconformado o camponês reivindicava euforicamente quase que em prantos seus direitos, direitos estes que haviam sido violados, e que continuava a ser violado por parte dos “grandes” latifundiários que não respeitavam suas divisas, ou seja, ele estava sendo roubado. O pobre campones irredutivelmente clamava pela justiça...

Diante desse fato ocorrido, várias questões são levantadas. O que é democracia? Onde estão aqueles que deveriam fazer prevalecer a Lei da Justiça? Será que realmente o camponês estava se equivocando? Ou ele tinha razão ao falar da morte da Justiça?

Primeiro precisamos entender a etimologicamente a palavra democracia. No seu ideal popular, uma frase que resume bem o que é a democracia: “o governo do povo, pelo povo e para o povo”. Em outras palavras seria a vontade do povo sendo aceita,o povo votando,exercendo seu papel como cidadão, mas sabemos que na prática isso não é bem assim. Que democracia é essa que a todo o momento somos manipulados por nossos governantes, somos obrigados a pagar altos impostos e nossos direitos sendo violados?
“Somos sucateados por uma corja de políticos que usam do dinheiro público e pagamos mais impostos nos dias atuais  do que no período do Império Brasileiro. Estamos vivemos no atual governo a Idade Média” (RESGALA, Renato-2015). Para manter seus altos padrões em belas mansões luxuosas dentro e fora do país os políticos deturpam a Justiça, e a Lei acaba sendo levada ao descrédito, nos causando uma sensação de impunidade e de uma ineficiência tanto do Estado como da Justiça. Como disse Cid Gomes: “ O governo tem de trezentos ( 300) a quatrocentos ( 400) achacadores no parlamento, ser político no Brasil é ser oportunista”.

O único momento que exercemos nossa democracia é no momento do voto, ainda mesmo assim há manipulação e “votos de cabresto”, ou compra de votos. Infelizmente a política no Brasil é governada por grandes empresas que financiam as campanhas para que seus candidatos patrocinados ganhem a disputa, há uma grande troca de favores. Eleição é como uma final de copa do mundo, entra vários times, antes mesmo da final já sabem quem vai ser o campeão, assim são os “ partidos políticos”.

O poder do capital é quem governa “o mundo globalizado” e governa nesse país. Saramago define a democracia como um círculo vicioso, demagogo e não tem nada de popular, cujas premissas precisam ser revalidadas. A idéia de que se tem uma democracia é puramente fictício onde o povo acha que tem o poder, enquanto na verdade não passa de marionetes nesse sistema de “ ditadura disfarçada de democracia” (RESGALA, Renato 2015).

Saramago deixa visível que é inútil lutarmos contra o sistema, já que somos reféns das nossas próprias irresponsabilidades e negligências, porque a partir do momento que aceitamos uma má qualidade de ensino, de saúde, de renda, de transportes e juros abusivos, somos sim culpados pelo que o governo faz conosco.
Nessa apresentação de Saramago fica evidente a sensibilidade e real situação dos fatos apresentados por ele, a situação que se encontra o mundo dividido, onde há “muita riqueza para poucos e muita miséria para muitos”. Ele faz uma crítica ao processo de globalização, onde em meio a esse processo os Direitos Humanos é por lei inviolável e deveria ser, mas não é o que acontece na prática.

Toda via , o texto de Saramago sendo um discurso que narra uma história nos tempos do século XVI, suas críticas foram certeiras no viés que diz respeito a morte da justiça dita pelo camponês. Nos dias de hoje, e em comparação com o século mencionado ainda temos um logo caminho a percorrer, o que vemos todos os dias são as injustiças cometidas para com os mais pobres, os desprovidos de capital.

O Direito como ciência surge como uma forma de tentar amenizar, combater, trazer paz, harmonia na sociedade, e punir os absurdos cometidos por aqueles que acham que estão acima da Lei, mas percebemos que de nada adianta, porque o dinheiro dita as regras do jogo, e os mesmos se safam pela porta da frente rindo de canto a orelha da justiça. Lei só existe para pobre na visão de alguns ( isso acontece porque somos levados sempre a incredibilidade da aplicação da Lei de forma que não é igualitária), e para o rico a lei nada mais é do que um amontoado de normas que de fato não surtem efeitos. Será? Ainda que tardia, hoje parece que a Justiça esta começando a gatinhar e o povo mostrando sua força contra as atrocidades daqueles que insiste ir a margem da LEI.

Assim fica evidente que a história do camponês não é mera história de conto de ficção , mas retrata nossa realidade como ela é de fato, lá o latifundiário rouba o pequeno pobre trabalhador e hoje não se difere, já que o governo nos roubam todos os dias. Onde está a Justiça? Realmente, literalmente a Justiça é cega, sua espada está cega e a balança está viciada tomada por um vírus que adentrou em sua engrenagem fazendo não ter dois pesos e duas medidas, mas dois pesos e somente uma medida, ou seja, só pesa para os menos favorecidos.

Saramago também nos permitiu a concluir a necessidade de uma urgente intervenção para a ressuscitarão da justiça, antes que seja tarde. E mais uma vez faz referência ao Sino, onde o mesmo tem como finalidades de uma representação de morte e nascimento, simbologia a história cristã, que tem como símbolo o nascimento de Jesus. Ainda que tardia, se a justiça do homem falhar, a justiça divina esta não falhará.

Referências Bibliográficas:

http://neidedomingues.blogspot.com.br/2009/10/resenha-este-mundo-da-injustica.html. 05/10/2015

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2913 05/2015