Texto solicitado na disciplina Geopolítica.
Resenha do Filme Goodbye Bafana (Mandela).
por Blan Tavares.
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O filme Goodbye Bafana (baseado no livro Goodbye Bafana: Nelson Mandela, my prisoner, my friend) é uma perspectiva "branca" do carcereiro que, contraditoriamente, foi criado numa fazenda, cresceu amigo de uma criança negra, aprendeu o dialeto xhosa, aprendeu a Intonga (luta com varas) e, no entanto, tornou-se um militar, seguindo escolhas que atendiam às situações cômodas e favoráveis às minorias brancas dominantes:  tornou-se o carcereiro (sensor) do símbolo vivo mundial da luta por igualdade racial.  

Esse filme amarra bem o contexto da época e expõe bastante os requintes de crueldade (tal como acontece com os filmes que abordam biografias de épocas históricas violentas e aviltam a dignidade humana); no entanto, há uma contradição na perspectiva do autor carcereiro: ele demonstra crises de consciência em relação à sua função militar e à amizade com o menino negro da sua infância, mas em seguida suprime todos os valores humanos e positivos daquela amizade em detrimento da causa Apartheid e sua educação racista, influências e práticas normalizadas, eliminadoras da compaixão, dignidade e respeito e até da autoestima.

Entre os aspectos relevantes do filme, semelhante às tentativas de redenção dos conflitos internos do carcereiro James Gregory, penso que as cenas do  interesse que ele manifestou pela "Carta da Liberdade” (aprisionada na Biblioteca, semelhante aos documentos julgados profanos na Inquisição) realizaram um looping de 360º; mas infelizmente os pontos fundamentais de tão importante documento foram reduzidos, junto com a minimização da intensidade do período de transição para a democracia, no calor da campanha mundial Free Nelson Mandela, lançada pelo companheiro de luta, e exilado, Oliver Tambo, em 1980.

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