CHAVES, Ozinei dos Santos. O filme: Ao mestre com carinho, 2012.

CREDENCIAL DO AUTOR

Graduando do 20 período do curso de Pedagogia da UNICEL- Faculdade Literatus da turma 2PED/11M sob a orientação da professora Jane Gonçalves

O filme “Ao mestre com carinho” (To sir, with love) se baseia no livro Homônimo de E.R. Braithwaite. É um filme britânico de 1967, estrelado por Sidney Poitier. Apesar de tocar no tema bastante discutido e polêmico, a trama se concentra nos padrões da adolescência em uma comunidade pobre da Inglaterra. Trata-se de um drama vivido por um engenheiro desempregado, que no momento difícil de sua vida, resolve dar aulas em uma escola problemática, cheia de maus hábitos, em meio a uma turma de adolescentes indisciplinados, rebeldes, desajustados, fora dos padrões normais de comportamentos.

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Analisando toda essa problemática escolar, Mark Thackeray percebe que a tarefa de lecionar não vai ser nada fácil. Resolvendo com isso, enfrentar o desafio, mesmo sofrendo a não aceitação dos alunos, e principalmente, o fato de seus colegas professores, não acreditarem na possibilidade de qualquer êxito. Mesmo não tendo uma didática, um preparo pedagógico compatível e adequado para lidar com a realidade de sala de aula e com os alunos, não desanimou, mostrando um alto grau de interesse com a prática educativa, mesmo não sabendo o real e a importância do valor de sua decisão.

Uma observação que merece destaque é o fato das politicas educacionais da época que não são diferentes de hoje. Mesmo estando prestes a se formar, muitos nem se quer sabiam ler e escrever, não havia um controle no aprendizado dos alunos. Outra situação do filme igual a nossa, era o fato de que os professores dificilmente eram formados nas áreas específicas de ensino, muitas vezes desprovidos de uma formação acadêmica, realidade que até hoje faz parte de muitas instituições de ensino no Brasil. A mesma situação vivida pelo professor no filme, reflete nossa realidade atual.

Mesmo despreparado, inexperiente, percebe que naquele momento, o ideal seria ensinar e mostrar para os alunos que eles precisavam de disciplina, de mudança de atitudes, de apoio moral e compreensão. Analisando o perfil daqueles alunos, percebe-se a carência de afeto, de apoio moral, apoio familiar, de respostas que fizessem deles, seres humanos dignos, responsáveis, preparados para lidarem com as situações da vida cotidiana. Nesse sentido, a presença de um mediador nesse processo contribuiria para incorporar conteúdos culturais e universais frente à realidade do aluno.

No passar do tempo e no decorrer das aulas, o professor tenta de todas as maneiras manter a postura equilibrada, a calma e o respeito com os discentes daquela escola. Com a crescente hostilidade e falta de respeito por parte de todos os alunos, certo dia, a chegar à sala de aula se depara com livros queimados próximos a sua mesa. Irritado e furioso perde a compostura, gritando e ordenando que os rapazes se retirassem da sala, e repreendendo severamente as meninas por contribuírem com o fato e pelo comportamento de puro desrespeito e pua indisciplina mostrado no queimar dos livros.

Preocupado com sua atitude, desgostoso com sua postura extremamente radical, expressando seu descontentamento resolve mudar sua postura perante a classe. Diante disso, relacionando essa cena com as ideias de Selma Garrido Pimenta com relação à formação do professor, os saberes da docência e a identidade do professor aprende-se que o professor no exercício de sua função precisa questionar sua própria prática e refletir sobre o seu fazer profissional, entendendo e compreendendo sua identidade a partir da significação, da revisão constante e da reafirmação de suas práticas.

Nessa proposta de rever, de refletir e de organizar sua ação a partir da articulação da ação-reflexão-ação o professor do filme retorna a classe e estabelece novas regras, tentando desesperadamente um anova aproximação. Demonstrando para aqueles adolescentes que em meio ao caus e a desordem, há possibilidade de progresso, de construção e da contribuição ao processo de humanização do contexto social dos alunos. Aos poucos, ele tente mudar a concepção e a visão dos alunos, embutindo valores, que ensinassem comportamentos decentes, a serem adultos e responsáveis por si.

Nessa postura destacada por Mark, o professor percebe-se que diante de uma tendência pedagógica tradicional, da autoridade de impor  do docente  atitude receptiva do aluno fez surgir uma tendência progressista libertadora, mudando  a concepção do aluno frente à realidade em que se encontram, dos temas geradores que surgiam no desenrolar das aulas, dos grupos de discussão, da relação horizontal, de igual para igual, fazendo da escola um lugar de diálogo livre de preceitos onde a autonomia se torne a busca do fundamento das coisas.

Nesse mesmo raciocínio, aprende-se com Paulo Freire que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a produção e construção do mesmo. Nessa proposta de ensinar e educar, o filme nos mostra a importância da boa vontade e da compreensão que o professor teve ao se deparar com aquela realidade caótica que a aqueles alunos se encontravam, seria fácil desistir em meio a uma situação de extrema ignorância e falta de comprometimento dos que fazem parte do contexto escolar, dos diretores, dos pedagogos, dos professores, em fim, todos sem exceção.

Após ensinar valores e comportamentos, o professor fez com que houvesse a mudança da realidade da classe, ensinando e enfatizando que buscassem seu próprio caminho e se orgulhassem de suas vidas, de suas aparências e de suas atitudes. Porém, aos poucos Thackeray, o mestre conquistou a confiança de todos, agindo com um amigo e conselheiro. A partir da quebra dos paradigmas de sua metodologia, com relação às matérias que ministrava, supriu as necessidades de cada aluno enfatizando conceitos que afetavam diretamente e faziam sentido naquele momento.

Apesar de tudo, os alunos se rendem aos ensinamentos e argumentos do professor. Aproveitando esse clima harmonioso, decide incentivar os alunos pelo gosto pela cultura, convidando todos a visitar um museu, e que até em tão nunca tinha feito um programa desse tipo. Com essa atitude, o professor ensina a importância educação não formal, de sair da sala de aula, de quebrar paradigmas, de visitar museus, de aprender com a história. E é por meio dela que estão fixadas as raízes do presente, é resgatando a história que podemos abranger a época moderna.

          No que diz respeito à didática empregada no filme pelo professor, pode-se afirmar que os elementos da ação didática que são: o professor, o aluno, os conteúdos, os contextos e as estratégias metodológicas foram empregados corretamente, e consequentemente surtiu efeito positivo, principalmente pelo fato de contextualizar os temas. Articular os conhecimentos adquiridos sobre como ensinar e refletir sobre para quem ensinar, o que ensinar e o porquê ensinar, essa sequência nos remete aos desafios da didática e que para Comenius, à didática significa a arte de ensinar.

Certo dia Thackeray recebe uma correspondência, ao abrir a mesma, tem uma surpresa, era o convite para voltar à empresa que trabalhava anteriormente. Diante disso, passou a refletir sobre sua decisão, se iria ou não, mas para a felicidade de todos decidi permanecer e continuar o seu projeto de ensinar por meio da interação professor-aluno, onde o professor deve trabalhar de forma sábia, todas as questões direcionadas com o contexto social de cada aluno, buscando conhecer seus gostos, o que pensam e o que esperam da vida, contribuindo para cidadania e para o bem estar do que os cercam.

A partir das abordagens anteriores, conclui-se que a sala de aula deve ser um lugar de trocas de experiências e de resgate de valores até então esquecidos pela sociedade. O papel do educador vai muito além do que ensinar uma determinada disciplina, o docente em sua essência, deve ajudar e direcionar seus alunos a se tornarem críticos, acima de tudo um pensador de opiniões, que não tenha medo de enfrentar as imposições da sociedade e muito menos, as opiniões daqueles que quando estamos enfrentando os desafios da pratica educativa, não acreditam na possibilidade do êxito.