BIANCHI, Sérgio. Quanto vale ou é por quilo? Direção: Sérgio Bianchi. Roteiro: Sérgio Bianchi, Eduardo Benaim e Newton Canito. Rio de Janeiro Europa Filmes, 2005. 

Franciele Sabrina Tiecher[1] 

Sérgio Luís Bianchi nasceu em Ponta Grossa no ano de 1945 é um cineasta brasileiro. Estudou cinema em Curitiba e posteriormente em São Paulo, onde se formou na Escola de Comunicações e Artes da USP, em 1972. Em 1979, estreou seu primeiro filme longa-metragem comercial: Maldita Coincidência. Foi ganhador do prêmio de melhor direção no Festival de Gramado e do Grande Prêmio do Festival de Cinema da Cidade do México em 1985 com o filme: Mato eles? Dirigiu também, Romance (1988), A Causa Secreta (1994), Cronicamente Inviável (1999) e Quanto Vale Ou É Por Quilo? (2005)

Na presente resenha nos atentaremos a produção Quanto Vale Ou É Por Quilo, o filme se inicia com uma mulher pedindo para que os capitães do mato largassem seu escravo, Antonio, essa mulher era Joana uma ex-escrava alforriada que reclamava por seu escravo roubado, Joana além de não recuperar seu escravo ainda é condenada por perturbação da ordem sendo destinado a além pagamento de fiança ou prisão, isso ocorre no ano de 1799.

No decorrer no filme são relados alguns desses acontecimentos, retirados pelo autor dos documentos do Arquivo Nacional.

O filme faz um paralelo entre os anos da escravidão e os dias atuais, revelando a intenção de algumas ONGs, que se preocupam apenas com retorno financeiro, usam da pobreza e do detrimento de uns para seus próprios benefícios, e se escondem atrás de uma “solidariedade”.

De como essas ONGs, Associações e demais seguimentos se valiam para valar dinheiro, isentar-se de impostos, super faturar, e movimentar a economia, como o próprio filme diz esse empreendimento, um novo mercado.

O filme se passa em dois principais momentos, por isso o telespectador deve ter demasiada atenção, ao mesmo tempo em que retrata a atualidade e atuação das entidades ditas “sem fins lucrativos”, ele também nos remete aos tempos de escravidão.

Em 1786, Lucrecia compra sua liberdade, com a “amizade” e a “solidariedade” da “amiga” Maria Antonia que á compra como escrava, e que por meio de exploração, horas extras, e muitos juros vende a Lucrecia sua liberdade depois de 03 anos de trabalho, o autor mostra justamente a visão que “bondade” que Maria Antonia representava, fazendo um paralelo com Noêmia que empresta dinheiro para sua amiga, mas em troca “maquiadamente” a manipula para que a mesma faça tudo o que ela quer, da maneira como ela quer. E isso não seria uma forma de escravidão moderna?

Atualmente as manipulações e o poder são esmagadores, aqueles que se arriscam a denunciar as irregularidades são rapidamente reprimidos, os negócios são mais lucrativos. Como retratado no assassinato da mulher que denuncia a ONG representada no filme.

A comparação existente no filme entre os capitães do mato da escravidão e os assassinos na atualidade é pertinente uma vez que, em busca de dinheiro, das necessidades ambos faziam seus ofícios em detrimento dos demais.

O filme também destaca as novas formas de mercado em que se ensina se treina, para a solidariedade, para a responsabilidade social, mas na verdade só se aumenta o abismo social que milhões de pessoas vivem.

O filme nos mostra justamente os interesses que estão por detrás de tanta “bondade” e “benevolência” das ditas ONGs, Associações e muitos outros órgãos que dizem prezar pelo bem em comum dos pobres.

 Mas que na verdade valiam-se disso para ganhar dinheiro, as mídias fazem questão de expressar essa “bondade” em alto bom som.

Enfim o filme é essencial para compreender e entender as relações de servidão que estão tão presentes nos dias de hoje, as relações de dinheiro, os estímulos a solidariedade por detrás de interesses sujos e enriquecimento ilícito.

 Sendo de suma importância não somente para os acadêmicos, para todos aqueles que se interessarem pelo assunto, que buscam entender os reais interesses e ambições de muitos desses órgãos.

 

REFERÊNCIAS

 

BIANCHI, Sérgio. Quanto vale ou é por quilo? Direção: Sérgio Bianchi. Roteiro: Sérgio Bianchi, Eduardo Benaim e Newton Canito. Rio de Janeiro Europa Filmes, 2005.

 

BIANCHI, Sérgio.  Quanto vale ou é por quilo? http://www.youtube.com/watch?v=fZhaZdCqrHg acesso em: 28 de agosto de 2013. 



[1] Acadêmica do VI período de História pela UNIR (Universidade Federal de Rondônia)