Para o entendimento dos movimentos de contestação de rua.

 O Brasil atravessa grandes dificuldades na perspectiva do desenvolvimento econômico com distribuição de renda, atingiu realmente a sexta economia do mundo e só não é a quinta porque o cálculo de riquezas de um país é determinado por moedas de referência internacional: o dólar ou o euro e não de bens de produção.

Nesse sentido o Brasil é mais rico do que a Inglaterra, pois o fato  de um país ser rico não significa que o povo receba como forma de bem estar a distribuição da renda correta, a exemplo específico da China, a segunda economia do mundo, o povo é extremamente pobre.

O Brasil em comparação a alguns países da Europa, em que não figura entre as principais economias do mundo, exemplo clássico a Dinamarca, o povo tem uma escala de bem estar invejável em que supera os Estados Unidos e o Japão, países de primeiro mundo, enquanto em nosso país a pobreza reina.

Então qual é a resposta fundamental, se o país pode ser rico e o povo pobre, caso especifico da China, Brasil, entre outros, quando um país pode não ser tão rico e o povo não pobre, não apenas a Dinamarca especificamente, mas o norte da Europa regra geral, povos germânicos e  anglo-saxônicos.

Isso significa que um país como o Brasil e outros de mesmo nível de desenvolvimento, o povo não tem que necessariamente ser pobre: para que isso possa acontecer não é necessário fazer uma revolução socialista.

Obviamente não, pois a pobreza historicamente sempre foi fruto do capitalismo como ideologia liberal pura ou do socialismo como formulação minimamente ou maximamente marxista.

Os países que superaram a ideologia da pobreza tiveram que superar o conceito do liberalismo econômico puro, isso por um lado, por outro, a compreensão do socialismo marxista, o que atesta a prova histórica do desenvolvimento social.

Instalou-se no Brasil um modelo de Estado do ponto de vista do desenvolvimento capitalista, portanto, também liberal a respeito do entendimento do liberalismo puro, da lógica da produção da iniciativa privada, sempre  responsável pelo desenvolvimento sem distribuição de renda.

Com efeito, um Estado conservador, mesmo estando nas mãos de centro esquerda. O outro modelo, o que se determinou de socialismo de Estado, a produção concentrada nas mãos do mesmo, sendo que o referido era o grande produtor e o trabalhador, participava das riquezas constituídas pelo Estado, não na forma do socialismo puro, porque este modelo nunca existiu em nenhum modo de produção.  

Entretanto, o terceiro modelo de produção, do ponto de vista social, a sociedade é capitalista, mas o modelo de distribuição da renda é social, criou-se um modelo de Estado fundamentado na perspectiva da social democracia.

 A divisão de renda sempre foi realizada pela iniciativa privada dando ao trabalhador a participação dos lucros obtidos pela produção por meio dela própria: uma junção do capitalismo e socialismo em instâncias diferentes.

Nesse modelo existe uma lógica da distribuição de renda com o desenvolvimento econômico, é o que se denomina de desenvolvimento econômico com desenvolvimento humano: o que exatamente não é realizado no Brasil, motivo das constantes crises sociais e políticas.

Exatamente esse modelo de sociedade produtiva adotada por países de economia sólida, nos exemplos já referidos, a importância da distribuição de renda, o fenômeno se denomina de pleno consumo.

Apenas o fenômeno do pleno consumo poderá levar a sociedade ao absoluto emprego, todos têm de consumir para poder manter o total emprego e, com a distribuição da renda, a sociedade volta ao equilíbrio, supera suas crises e evita as contestações políticas, o que não acontece em nosso país devido  à falta de igualdade na ausência da distribuição da renda.

Vamos entender o que se efetiva com o Brasil: o fenômeno da industrialização veio de fora, a burguesia não é necessariamente interna, e, quando esta se constituiu como burguesia nacional foi à custa do Estado por meio da proteção das Intuições ou através da corrupção, o que se denomina de burguesia nacional.

Extremamente conservadora e deseja evitar politicamente as transformações sociais, isso por um lado, por outro, nega a qualquer custo, politicamente, a implantação do terceiro modelo, motivo da pobreza humana, exatamente essa classe política que se incorpora ao Estado, com pequenas exceções sem poder viável; mesmo a esquerda não tem essa perspectiva, o motivo da crise que levou o fenômeno aos movimentos de rua.

Quando a burguesia é externa, parte significava da riqueza produzida volta aos capitalistas de origem, pelo mecanismo das arremessas de lucros, o que sempre acontece em nosso caso com um capitalismo em parte de fora, um dos motivos do empobrecimento da sociedade brasileira.

O segundo grande motivo, além de outras variáveis, a questão das diferenças de moeda, na troca comercial, o ato de vender e comprar, não existe na troca nenhum equilíbrio, pelo fato que o produto produzido em nosso país sempre custará menos para o exterior, do mesmo modo o que importa custará mais, devido à relação significativa do menor valor do nosso dinheiro, razões também significativas do nosso empobrecimento. 

Quando o Lula foi Presidente do Brasil sabia de imediato que era necessário fazer uma reforma com a finalidade de distribuir renda, do mesmo modo a Presidenta Dilma, acontece que o poder Institucional não está de certo modo nas mãos da Presidenta citada e, sim, do congresso e do senado.

 Para se ter uma ideia, a Presidenta é tão fraca do ponto de vista Institucional que não pode sequer aumentar o salário mínimo sem aprovação do congresso e do senado. Então  como pode imaginar que a referida tenha culpa dos desmandos nacionais, se as relações do poder são mais complexas que o nosso imaginário.

  Para  o governo ter sustentabilidade é necessário o desenvolvimento das coligações, sendo que as mesmas enfraquecem qualquer perspectiva política, não existe governabilidade em nenhuma parte do mundo sem coligação.

 Imaginar que um determinado partido governa uma nação é simplesmente desconhecer as regras do jogo, isso significa que toda culpa das demandas nacionais não é da referida Presidenta. 

Desse modo como Dilma poderá fazer reformas constitucionais, para mudar a distribuição de renda dando a esse mecanismo a iniciativa privada e não por intermédio do Estado, como naturalmente está acontecendo, quando não é da vontade do parlamento.

 Obviamente que é o seu objetivo o desejo do desenvolvimento econômico com distribuição de renda, a burguesia aceita essa possibilidade, desde que seja feita por intermédio do Estado e sem elevação dos impostos.

 O atual modelo não atende a perspectiva das demandas generalizadas dos movimentos de rua, motivo pelo qual a crise será permanente, o movimento não tem consciência dessa análise e a mesma não é desenvolvida pelos meios de comunicação ou pelas universidades.

Então a ideologia que é constituída a moralização pela substituição dos governos. O que é de certo modo um equívoco, não que os mesmos não devam ser substituídos: o médico diagnosticou a doença errada, não tem como dar o remédio correto.   

 O que o Lula procurou fazer nos seus dois mandatos, distribuiu renda pelo Estado, atingindo as classes pobres, mas esse modelo se esgotou praticamente no governo da Presidenta Dilma. O Estado distribuiu tudo o que foi possível provocando uma relativa mudança social, com a mínima participação da iniciativa privada.

Naturalmente da forma que está estruturado o modelo de desenvolvimento do Brasil, impossibilitam as mudanças de classes sociais, não apenas das pessoas pobres, mas também dos três setores da classe média: a baixa, a média e  classe média alta, naturalmente com a participação da burguesia.

O movimento de rua não é politizado, não tem essa visão a qual desenvolvo nessa análise, considera que todos os políticos são iguais, desconhece absolutamente o pensamento da Presidenta Dilma, não consegue verificar as diferenças do pensamento e o porquê da sua não efetivação, dado a falta de poder Institucional da pessoa em referência.

Sendo desse modo, imaginando que todos os gatos são pardos, desenvolve uma ideologia para levar a Dilma a um grande desgaste popular, favorecendo a ascensão da direita ao poder, exatamente pelo fato de não existir esquerda nesse país e, até mesmo, no mundo.

 Exatamente o que está acontecendo nesse momento, não que seja contrário aos  movimentos de rua, não é essa a questão, os mesmos são legítimos e necessários, mas precisamos de muito cuidado, pois poderá ocorrer um retrocesso na vida política brasileira e em todos esses anos que se lutou pela democracia  serão  em vão.

Naturalmente, um golpe militar não está inteiramente descartado, justifica-se o mesmo  numa democracia por dois motivos: quando o modelo de Estado, não  em nosso caso, o regime da propriedade privada estiver sob ameaça para mudança a um sistema coletivista, que não é o específico em referência.

A outra justificativa, quando a democracia for ameaçada pela anarquia generalizada, a sociedade inteiramente desprotegida, a destruição total dos bens do Estado e do cidadão em particular e, quando essa ação for prolongada.

 Justifica-se a intervenção militar com a ausência prolongada de poder, para restabelecer o Estado de Direito, que é a ordem anterior: essa perspectiva interessa a setores políticos do Brasil como caminho para retomar o poder.  

O terceiro aspecto, o prolongamento da crise, o desgaste político do governo, de caráter democrático de centro esquerda, o que evidentemente acontecerá se a situação não for modificada, a volta ao poder de forças conservadoras, aquelas que são realmente contrárias à junção do desenvolvimento econômico com a distribuição de renda. O que certamente acontecerá se a atual situação não for modificada, o que, objetivamente, não existiria outra possibilidade para a elite econômica retomar o poder.

Portanto, do ponto de vista do futuro da sociedade política, os movimentos de rua podem ser uma espada de dois gumes, é necessário serem analisados e refletidos com coerência e sabedoria, sem manipulação no sentido de atingir o verdadeiro Estado Direito.

  Na perspectiva da modelação de um Estado com desenvolvimento econômico, com distribuição de renda e cidadania, faz-se fundamental a urgência de uma reforma ampla, com um Estado Social Democrático que garanta o desenvolvimento para todos. A  burguesia não quer esse modelo de Estado, muito menos a classe política, e, a sociedade é despolitizada.

 Mas o verdadeiro problema está no congresso conservador que inviabiliza as reformas e ainda existe deputado pelo preconceito, perde-se tempo discutindo se a homo afetividade é doença. Pobre Dilma... tem de fazer coligação com essa gente para poder ter o mínimo de governabilidade.

 Portanto, dada a inviabilidade do congresso não dispostos às mudanças a sociedade imagina que a responsabilidade seja da Dilma, e o movimento pode ilegitimamente provocar sua queda em um governo sabidamente de centro esquerda, é tudo que o pensamento de direita deseja. Entretanto, são necessários os movimentos de rua: a implacável contradição indelével ao entendimento político.

Revisora: Laura Maria Fernandes da Silva.

  Edjar Dias de Vasconcelos.