MUDANÇA DE VISÃO SOBRE O “DIA DO TRABALHO”!

(Professor Ciro José Toaldo)

A temática relacionada ao mundo do trabalho é fascinante. Desde meus tempos de colegial, passando pela graduação e na sequencia dos estudos, demonstrei interesse pela dimensão da famigerada luta de classes e implicações sobre o mundo do trabalho.

Imbuído no fervor do Ensino Superior, fui levado a defender ideologias que acabaram inclusive levando-me a ter conflito com a própria família. Nesta rebeldia, desejava mudar o mundo! E, em 1989, na eleição presidencial, depois de 30 anos sem haver pleito para este segmento, enfrentava tudo e todos na defesa do candidato que se dizia defensor do trabalhador! 

Nesta balburdia, perdendo, inclusive oportunidades de trabalho e em prosperar na própria cidade natal, essa perversa doutrina relacionada com a visão marxista de mundo, doutrinou-me a entender, defender e lutar na dimensão que o ‘trabalho’ era um mero elemento de exploração do proletariado, onde quem vivia de seu suor, jamais poderia ter a oportunidade de prosperar no mundo capitalista!

Neste triste engodo, como ‘marionete’ de um jogo de interesses, a minha visão foi como que tapada por conta de manipulação, pois enquanto os 'companheiros' da base davam sua cara à tapa, os membros da cúpula, afirmando serem os ‘defensores do trabalhador’, preocupavam-se apenas com a questão de como se conseguiria chegar ao poder pleno e dele tirar vantagens meramente pessoais.

            Essa alucinação ainda persistiu em meu novo local de trabalho e de residência, inclusive fazendo Mestrado, na UFMS, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, dentro desta temática.

            A dimensão política foi persistente, pois acabamos assumindo o poder municipal, tendo apoio dos que se intitulavam ‘defensor do trabalhador’. Apesar de passar por momentos sombrios, mas tornaram-se fundamentais para abrir os olhos e perceber que os ditos ‘companheiros’, desejam apenas o famigerado poder.

            Todo esse dilema histórico relacionado com as questões políticas trouxeram importantes reflexões, especialmente no quesito relacionado às dimensões do trabalho e de seu mundo; o repugnante viés ideológico, com a ‘gana’ de se assumir o poder, deturpam a labuta diária de quem vive somente de sua força de trabalho!

            Não há como viver sem o trabalho! Afirmar que se recebe salário justo é hipocrisia, o próprio defensor dos pobres, intitulado como trabalhador, ao assumir o poder do executivo federal no início deste ano, proporcionou um aumento irrisório de 18 reais ao salário mínimo dos brasileiros para 2023. Realmente um absurdo, mas, parte dos sindicatos apoia e luta para isso se estabelecer!

            O trabalho é dignificante ao ser humano. Tive grandes exemplos de trabalhadores corajosos: o pai, pesador de porcos tornou-se gerente de uma grande empresa; o avô materno, saboeiro edificou uma família maravilhosa; o avô paterno, exímio alfaiate até hoje lembrado pela confecção de seus ternos.

            Do meu trabalho, como professor, tenho orgulho e satisfação do dever cumprido em cada dia. Aliás, permitido fosse, noutra vida, faria novamente a escolha para exercer o magistério, mesmo com as contrariedades encontradas dentro da escola contemporânea.

            Independente de qualquer visão ideológica, vivemos numa sociedade capitalista e na dicotomia de força de trabalho versus quem detém os meios de produção. Antes de discursos vazios e infundamentados, os que vivem da força de seu trabalho apenas desejam ser valorizados, assim, podem executar sua tarefa com entusiasmo e determinação! Por sua vez os detentores dos meios que geram a produção devem valorizar seus empregados, pagar salários dignos e buscar meios que enalteçam os cargos e as carreiras do trabalhador. Enfim, vivemos na via de mão dupla e somos necessitados do trabalho diário, assim como o patrão também necessita desta valiosa ferramenta que é à força do trabalho.

            Que a Suprema Corte Celeste, impulsione as mentes humanas para haver essa colaboração e equilíbrio, pois esse é o meio para ter evolução neste complexo mundo do trabalho.

Pense nisto! Até o próximo!