Os desiguais na comemoração dos 50 anos da ditadura militar
Será que em pleno terceiro milênio ainda é possível tratar a sociedade ou segmento social de maneira desigual e, pasme-se, legitimado pelo Estado? Como se sabe o golpe militar de 1964 marcou e permeou o Brasil pela falta de liberdade de expressão e na ausência de participação nos rumo da nação e no destino dos brasileiros, cujos efeitos foram às torturas de todas as ordens, inclusive com desaparecimentos, daqueles que tentassem romper estas fronteiras. O estado ditatorial militar se utilizou de todos os artifícios para legitimar um sistema fundado na coerção, colocando na clandestinidade os porta vozes do chamado Estado democrático.
Todavia, após meio século do período da ditadura militar, e embora de conquistas e avanços políticos sociais, alguns chefes de Estado ainda se utilizam de mecanismos ditatoriais para coibir movimentos reivindicatórios, como expulsão e/ou detenção, alegando motim dos praças (soldados, cabos, sargentos e subtenentes) da policia militar do Pará, os quais reivindicam isonomia salarial e a não perseguição. Trata-se da forma de tratamento das causas sociais dada pelo gestor deste Estado, ou seja, plagiando o Governador Simão Jatene em seu discurso de campanha eleitoral: “tem-se que tratar os desiguais de maneira desigual”, tornando-se uma marca na sua administração.
Os representantes do governo argumentam que os praças vêm obtendo reajuste salarial desde 2006, com base no aumento do salário mínimo. Por este parâmetro, se em 2005 os praças ganhavam cerca de R$ 762,59 e, no ano vigente, este indicativo passaria para R$ 2.811,60; enquanto que os soldos dos superiores ficaram estagnados. Para recuperar os salários dos oficiais, o Governo, com apoio da Assembleia Legislativa, aprovou aumentos escalonados de 110% para os oficias até 2018 e, para acentuar este problema de distinção salarial, no corrente mês de abril, os oficiais passam a ter um ganho de 11%, proporcional ao reajuste dos soldos e do aumento da gratificação de risco de vida; enquanto que os praças passam a ter um reajuste correspondente a 8,85%.