VOGT, Carlos, POLINO, Carmelo. Percepção Pública da Ciência: resultados da pesquisa na Argentina, Brasil, Espanha e Uruguai. São Paulo: UNICAMP, 2003


A resenha está baseada no segundo e terceiro capítulos do livro Percepção Pública da Ciência que são respectivamente: Problemas Conceituais e Metodológicos: o enfoque Ricyt e OEI e Pesquisa da Percepção Pública da Ciência. O livro está editado em português e espanhol. Além de apresentar os resultados da pesquisa social realizada na Argentina, Brasil, Espanha e Uruguai, faz uma abordagem conceituando cultura científica e a utilização da mesma pela sociedade. Uma participação com democracia no mundo globalizado precisa maior informação e compreenção da ciência e tecnologia. Os indicadores servem como referência para orientar diferentes politicas. Estes indicadores estão organizados em três aspéctos relacionados entre sociedade, ciência e tecnologia: Interesse. A importância dada pela sociedade à pesquisa científica. Conhecimento. Compreenção básica do conceito científico e para que serve a pesquisa científica. Atitude. Como a sociedade se comporta com relação ao financiamento público da ciência, a confiabilidade no cientísta e quais os beneficios e riscos causados pela ciência.

RICYT (Red Iberoamericana de Indicadores de Ciencia y Tecnologia) e OEI (Organización de Estados Iberoamericanos).

PERCEPÇÃO PÚBLICA DA CIÊNCIA

O Texto está estruturado da seguinte maneira: o segundo capítulo do livro, além de trazer conceitos de percepção pública da ciência e cultura científica, o autor traz ao longo do seu texto justificativas para realizações de pesquisas sociais, a importância desses indicadores para os agentes políticos e como um retorno do trabalho à comunidade cintífica. Afirma que a percepção pública, cultura científica a participação dos cidadãos estão associadas e, a avaliação desse conjunto é a análise da cultura científica, por isso caracteriza a pesquisa social relevante para a busca pelos indicadores que demonstrem essa associação. A utilização da ciência e tecnologia como mecanismos de instituição de poder é uma das questões abordadas e como o cidadão percebe este poder e o utiliza.

No terceiro capítulo ele relata sua metodologia de pesquisa, que foi dividida por cotas de acordo com faixa etária, sexo, nível de escolaridade e nível socioeconômico considerado pelo autor como nível médio. "Aplicado na cidade de Campinas, o questionário buscou evidenciar algumas ideias sobre a ciência e a tecnologia entre uma certa classe social moradora dos chamados bairros nobres da cidade. Esse recorte justifica-se por ser essa camada da população aquela que tem maior acesso à informação científica e de divulgação científica e por ser, grosso modo, a camada mais escolarizada da sociedade.(?). Das 162 pessoas entrevistadas, distribuídas por 20 bairros de classe média alta e alta de Campinas (grifo meu), 86,4% tiveram algum contato com um curso de nível superior (completo, incompleto ou pós-graduação). O restante, 13,6%, havia cursado o nível médio completo". (JCOM 2 (3), 2003 )

Apresenta os gráficos em porcentágem, começando com a pesquisa pela escolha da frase que melhor expressa a conceito de ciência, passando por temas, por mim caracterizados como polêmicos, como: se o mundo da ciência não pode ser compreendido por pessoas comuns, se o governo não deve intervir no trabalho dos cientístas, a internet é uma nova forma de dominação cultural e se a internet aumenta as disigualdades sociais. Os resultados dos gráficos são apresentados também de forma linear, algumas leituras dos gráficos com argumentos de Vogt.


Problemas Conceituais e Metodológicos: o enfoque Ricyt e OEI e Pesquisa da Percepção Pública da Ciência


De acordo com o texto, os mecanismos de comunicação estão associados ao conceito de percepção pública, pois, estes mecanismos são responsáveis pela difusão de conteúdo que pode propocionar impactos nas atitudes e expectativas em relação a ciência e tecnologia.
Toda a sociedade pode discutir as questões que a investigação científica suscinta? Para Vogt é preciso possuir conhecimento adequado para se chegar ao nível de oferecer argumentos sobre assuntos postos pela investigação científica. Caracteriza a "cultura científica" como um problema de educação popular. "interpretam-se como ignorância as diferenças de conhecimento e pensamento entre o cientista e o público, e os indicadores apresentados não fazem mais do que resaltá-la".

Na página 61, Carlos Vogt traz a informação que o julgamento feito com base de que o indivíduo com maior conhecimento tem melhor compreenção da ciência, e que a população com acesso maior a informação ou "mais bem informado" pode levar a uma maior aceitação da ciência é combatida por ele no livro, além de acrescentar que " as atitudes favoráveis, defendidas, talvés equivocadamente, como disposições para a ação, não dependem necessariamente do nível de conhecimento". Porém vai de encontro ao seu artigo sobre essa mesma pesquisa feita no Brasil meses antes da editoração do livro, expõe:


O que a análise desses dados nos permite delinear, numa primeira aproximação, é a existência de uma maioria de respostas que avaliam positivamente a ciência e a tecnologia.(?) O país guarda grandes disparidades regionais e a cidade de Campinas, por si só, diferencia-se bastante da maioria dos outros municípios do Brasil.(?) É razoável acreditar que sua classe social mais elevada (e que foi a base da pesquisa), se diferencie da existente no resto do país, justamente pelo fato de considerável parte da riqueza gerada no município basear-se em atividades associadas ao conhecimento científico e à produção com base tecnológica na associação às universidades e à alta tecnologia desenvolvida. É plausível afirmar que o grupo que se mostra favorável e com uma imagem positiva da ciência seja menor no resto do país. (JCOM 2 (3), 2003 )



Os indicadores demonstram que as frases que os intrevistados acham que melhor expressa a ideia de ciência são: Grandes descobertas, Avanço técnico e Melhoria da vida humana. A primeira ficou-se (entre 30% e 40%). O avanço técnico ficou em primeiro lugar na Espanha (59,3%), em segundo lugar na Argentina (43%), Brasil (40%) e Uruguai (42%). A melhoria da vida humana ficou em primeiro lugar no Uruguai (49,4%) e Brasil (46,9%). Em segundo lugar na Espanha (48,6%) e apenas um pouco mais de um terço dos intrevistados na Argentina (37%).

A questão; o mundo da ciência não pode ser compreendido por pessoas comuns, os gráficos falam por si, mas, podemos verificar a motivação tendenciosa do autor quando em sua leitura comentado dos mesmos, divulga os dados indicadores favoráveis à frase na Argentina (60,5) e omite o percentual contrário à frase no Brasil de (64,8%). Não podemor dizer qual região foi concentada a pesquisa na Argentina, porém, no Brasil sabemos que foi em Campinas que concentra empresas de alta tecnologia, que segundo o autor é camada da população que tem maior acesso à informação científica e de divulgação científica quais, localizados nos 20 bairros de classe média alta e alta. Assim também como aconteceu para o Brasil os indicadores da Espanha e do Uruguai, mesmo com números "apertados" discordam de que o mundo da ciência não pode ser compreendido por pessoas comuns.

A questão que aborda; o governo não deve intervir no trabalho dos cientístas, a maioria, nos quatros países, concordam com a frase "mesmo que seja o governo que os pague" os indicadores demonstram concordância de (57,7%) em média.

A internet é uma nova forma de dominação cultural? Para os três países pesquisados Argentina, Brasil e Espanha, cerca de (61,2%) em média acreditam que a internete é uma nova forma de dominação cultural, cotrapondo aos (34%) contrários.

A internet aumenta as disigualdades sociais? Entre os três países pesquisados, Argentina, Brasil e Espanha, apenas a Espanha discorda. Qual discordância é justificada pelo autor como hipótese provável o impácto que tiveram as políticas da Sociedade da informação na Europa e na América Latina; também seja certo que tal diferença possa ser atribuída, pelo menos em parte às características das amostras em cada país.


O autor

"Carlos Vogt, desde 1995, é coordenador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo ? que é um centro de referência, no país e na América Latina, para a formação e para os estudos em divulgação científica e cultural ? com os cursos de pós-graduação em jornalismo científico e cultural e o desenvolvimento de pesquisas que tratam de percepção pública da ciência, em particular com o desenvolvimento da teoria da espiral da cultura científica que pretende representar a dinâmica constitutiva das relações inerentes e necessárias entre ciência e cultura." (Wikipédia,2011)

"Foi presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp, 2002-2007) e Secretário de Ensino Superior do Estado de São Paulo entre 2009 e 2010, onde iniciou a implantação da Univesp ? Universidade Virtual do Estado de São Paulo ? programa que continua a coordenar." (Wikipédia,2011)

"Publicou, ainda, vários outros livros como O intervalo semântico (Ática, 1977 ? Ateliê, 2010), A imprensa em questão (co-autoria, Unicamp, 1997), Cafundó ? A África no Brasil (co-autoria, Cia. das Letras e Unicamp, 1996), A solidez do sonho (Papirus e Unicamp, 1993), Linguagem, pragmática e ideologia (Hucitec, 1989), e Cultura científica: desafios (org., Edusp, 2006), além de artigos e ensaios em jornais, revistas e órgãos especializados nacionais e internacionais, entre outros." (Wikipédia,2011)





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DE PESQUISA



VOGT, Carlos, POLINO, Carmelo. Percepção Pública da Ciência: resultados da pesquisa na Argentina, Brasil, Espanha e Uruguai. São Paulo: UNICAMP, 2003



VOGT, Carlos. Percepção pública da ciência: um esboço de análise e interpretação
dos dados do questionário aplicado na cidade de Campinas, Brasil, setembro de 2003, disponível em:
http://jcom.sissa.it/archive/02/03/.../jcom0203(2003)A01_po.pdf
último acesso 11:22 do dia 30/05/2011



Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível eem:
http://wikipedia.com.br/carlosvogt
último acesso 11:30 do dia 30/05/2011