O “CORINHO”

TRONXO

 

Em uma igreja de Caruaru, Pernambuco, tinha uma irmã muito abençoada que não faltava culto. Ela ia sempre acompanhada de um filho de catorze anos que era retardado. O adolescente sempre que via o pastor, pedia:

 

-         Patô, Patô, deixa eu cantar um corinho no culto, deixa, Patô, deixa Patô, deixa, deixa.

-          

O pastor desconversava, ia adiando a coisa, porque sabia que ia ser um problema sério se ele desse oportunidade para o rapazinho retardado cantar diante da congregação. E o pior é que ele sempre pedia para cantar no Domingo.

 

Depois de muita insistência, da mãe dele e dele, dizendo que tinha decorado um corinho e que ia saber cantar direito, um dia o pastor não agüentou mais e anunciou:

 

-         Nosso irmão Marcos vem me pedindo há muito tempo para cantar um corinho diante da igreja, então hoje vamos dar-lhe oportunidade para cantar. Venha, meu filho.

 

O rapazinho veio diante da igreja e disse:

 

-         Saldo (não saúdo), os irmãos com a paz do Senhor!

 

A igreja respondeu:

 

-         Amém!

 

E ele continuou:

 

-         Vou cantar este corinho prá Jesus.

 

E sapecou:

Samba, crioula, que veio da Bahia

Pega a criança e joga na bacia

A bacia é de ouro, ariada com sabão

Depois de ariada, enxugada com roupão

O roupão é de seda...

 

A estas alturas o pastor já estava sem saber o que fazer. Não sabia se tomava o microfone, o que seria uma violência com uma pessoa deficiente, não sabia se tentava explicar para os que ali estavam o problema do rapaz. O certo é que teve de esperar até o fim do "corinho" que o pobre jovem repetiu três vezes..