O cliente sempre tem razão

O cidadão tinha uma vontade louca de ter uma televisão de plasma de 42”. O televisor bundudo já era e esta fora de moda. A minha ultima TV convencional, uma Sony de 38”, pesava 120 kg. Foram preciso quatro homens para transportá-la para o segundo piso de minha casa. O modelo de LSD de 42” pesa em torno de 30 kg. Para o cidadão possuir a sonhada televisão só faltava um pequeno detalhe: a grana. Quem foi que inventou a famosa frase “querer é poder”? Em conversa com um elemento entendido da lei do menor esforço, o cidadão ficou sabendo que pela mixaria de 300 contos o “gente boa” tornaria o seu sonho realidade, poderia assistir jogo do flamengo na telona. Trato feito, o fornecedor sai a procura do objeto de desejo do seu consumidor. Descarta a casa com alarme. Deixa de lado a residência com cerca elétrica. Salta o imóvel vigiado por um pit bull. Pronto, é aqui. Esta tem o muro alto, mas em compensação esta com a janela do andar superior aberta, deve ser o calor. O “pé de anjo” escala o muro e pula no quintal. Ele não acredita quando vê uma escada no beco entre a casa e o muro. Sobe pela escada e se depara dentro da sala. O desbravador da madrugada amarra a biteluça pelos quatro lados e com a calma que Deus lhe deu vai deslizando a televisão parede abaixo, palmo a palmo, com todo o cuidado para não danificar o produto. Neste caso a garantia soy yo, não dá para vacilar. O mesmo processo é feito para transpor o muro. Nem bem raiou o dia e o fornecedor já estava entregando o produto ao consumidor. Que beleza, não acredito, Divino você é o cara! Meu irmão, agora me passa a bufunfa por que tenho que comprar as trinta pedras pra minha mãe que esta doente. Pára tudo. E o controle remoto? Nada feito, não existe essa de TV sem controle. Você não vai quer que eu volte lá para buscar o controle? Lei é lei. O consumidor tem direito ao objeto encomendado na forma pactuada. Faz o seguinte, deixa o televisor sem o controle e eu te dispenso dos danos morais. O dissenso perdura e a briga começa. O vizinho chama a policia e o caso vai parar na Depol. Estou eu na audiência e sou obrigado a propor a suspensão do processo, sob condições que não serão cumpridas, por que não tem cadeia para todo mundo.