Meu nome é Mulher
Publicado em 08 de março de 2009 por Zu Fortes
Agi por instinto, sem ponderar nada.
Aquele devasso já tinha sido descartado mil vezes de minha vida. Mas, quando ele se reaproximou com os olhos mornos e a voz sussurrante, não resisti. Tudo nele cheirava a perigo, a perdição - e eu já me sentia perdida. Fingia que não, fazia ar de desdém, mas já sabia como tudo iria terminar. O universo era meu cúmplice nesta loucura. A lua me aliciava implacavelmente.
Tantas vezes risquei seu nome no meu diário, do mesmo modo que riscava na agenda as tarefas já cumpridas – encerradas. De nada adiantou. Riscam-se nomes, palavras, tarefas... Antes de riscar o nome, tinha que ter eliminado o sentimento. Nunca consegui, porque não queria de verdade. Não passo de uma libertina, escondida sob um manto puído de inocência e fragilidade.
Uma vez desembaraçada de meus próprios preconceitos, posso jogar ao chão meu velho manto. E, assim, me mostrar nua e impura, como deviam ser todas as mulheres, desde os tempos de Madalena. Se Jesus perdoou a pecadora, por que haveriam os homens de não perdoar a nós outras? Despidos somos todos iguais: instintivos como qualquer animal. O que faz dele um devasso e de mim uma pecadora não é nada mais do que a idéia pré-concebida de que existe certo e errado, prêmio e castigo. Se conseguirmos nos desvencilhar destes conceitos, perderemos todos a razão, não sobrando a ninguém o direito de julgar o outro ou a si mesmo. Então, receberei dadivosamente o direito à fornicação.
Tantas vezes risquei seu nome no meu diário, do mesmo modo que riscava na agenda as tarefas já cumpridas – encerradas. De nada adiantou. Riscam-se nomes, palavras, tarefas... Antes de riscar o nome, tinha que ter eliminado o sentimento. Nunca consegui, porque não queria de verdade. Não passo de uma libertina, escondida sob um manto puído de inocência e fragilidade.
Uma vez desembaraçada de meus próprios preconceitos, posso jogar ao chão meu velho manto. E, assim, me mostrar nua e impura, como deviam ser todas as mulheres, desde os tempos de Madalena. Se Jesus perdoou a pecadora, por que haveriam os homens de não perdoar a nós outras? Despidos somos todos iguais: instintivos como qualquer animal. O que faz dele um devasso e de mim uma pecadora não é nada mais do que a idéia pré-concebida de que existe certo e errado, prêmio e castigo. Se conseguirmos nos desvencilhar destes conceitos, perderemos todos a razão, não sobrando a ninguém o direito de julgar o outro ou a si mesmo. Então, receberei dadivosamente o direito à fornicação.