A perspectiva realista das relações internacionais surgiu em oposição ao idealismo e tinha como maior conceito que o Estado era um ambiente em que existia a “guerra de todos contra todos”. Ela tem como foco o poder como principal ator dessas relações, onde são vistas as questões de ética e moralidade nas relações entre o Estado. Porém, o idealismo trata-se da solução de conflitos por meio de diálogos e negociações, o que é totalmente diferente do realismo. Segundo um artigo publicado por Gustavo Biscaia de Lacerda, o idealismo surgiu nos Estados Unidos com o principal líder Woodrow Wilson, o qual defendia que o homem é um ser racional e tem a capacidade de resolver problemas por meio do diálogo.

O realismo foi inspirado pelas idéias de Maquiavel e principalmente de Hobbes, em que o mesmo defendia que “um tem o poder de destruir o outro”. Para o realismo o Estado apresenta-se centralizado como um ator unitário e racional, ou seja, havendo divisões internas no Estado ele responde como uma única entidade, ele não responde separado, responde como um todo. Além disso, o realismo defende que constantemente o Estado vive em conflito em que prevalece a ausência de autoridade política.

As interpretações de Hobbes para o Realismo eram bem claras e precisas quando o mesmo expressava que cada entidade se comportava de maneira egoísta e não- cooperativa, além do Estado apresentar um cenário de incerteza e de guerra contra todos. Com Maquiavel, há o complemento dos pensamentos de Hobbes, onde o mesmo defendia a separação entre a ética, política e moralidade. Muitos filósofos foram coadjuvantes na propagação da teoria realista, dentre os primeiros citados, encontram-se Carr e Morgenthau. Para o primeiro a política não poderia ser separada do poder, pois este último trata-se de uma situação necessária o sistema político.

Além disso, para Carr a guerra era uma ferramenta necessária e que acontece devido a uma anarquia estrutural. Morgenthau demonstrava o mesmo sentimento que Carr, porém o mesmo tinha uma peculiaridade que se antagonizava dos ideais de Carr, em que dizia que a prudência era uma virtude na política e que as relações políticas eram uma constante luta pelo poder. Para esses últimos autores o poder era o foco para garantir uma unidade política e ter uma pequena parcela do controle na política do mundo.

No Brasil, o que se percebe atualmente é uma busca por aliados com a finalidade de obter investimentos para o País e o mesmo se mostra ambicioso por mais autonomia e poder de voz. Sem dúvidas, o Brasil precisa crescer mais em fatores sociais como: educação, saúde, infra-estrutura. Apesar do País apresentar essas dificuldades, percebe-se o reconhecimento internacional em fatores como a exportação, em que no ano passado o Brasil superou o Canadá, no âmbito de exportar produtos agrícolas no mundo. Recentemente, os brasileiros tiveram um exemplo típico de relações internacionais, a vinda de Obama para o País além de ter causado tumulto, aumentou os laços e reafirmou parcerias econômicas, investimentos.

O interesse em serem aliados é comum aos dois países, pois a cada dia o Brasil se apresenta inovador em fontes de energias, produção de combustíveis e descobertas de fontes na camada do Pré- Sal. Evidentemente, existe um interesse dos Estados Unidos em obter lucros com esses investimentos; utilizando a teoria realista para essa interpretação, o País procura aliados para obter mais poder mundial. E depois dentro de um certo tempo, não será surpresa os latino-americanos presenciarem uma possível “guerra política”. Vale salientar que o Brasil é considerado como uma potência regional, pois apresenta grande influência econômica da America do Sul, sendo seus rivais natos a Argentina e Chile. Isso tudo faz parte da política externa do País e chama a atenção dos demais países.

Segundo o Art. 4º da Constituição Federal, existem regras para a questão do relacionamento internacional do Brasil e em comparação ao que é visualizado no mundo nota-se que o País não se enquadra na teoria realista, pois podem ser analisados três tópicos: repúdio ao terrorismo, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos, essa última difere de muitas características do realismo, em que o foco trata-se de atrair a “guerra de todos contra todos”.

Constitucionalmente, o Brasil nem se apresenta nem pode adotar uma perspectiva realista para as suas relações internacionais. Não faz sentindo um País que rege a “Não- Intervenção” querer se aliar aos países que querem intervir na Líbia, por exemplo. No entanto, em relação a esse assunto, Dilma Rousseff solicitou a Líbia o cessar fogo com uma solução pacífica, promovendo sempre a paz. O País sempre vai se apresentar imparcial em relação a esse tipo de assunto, para não ter ameaças e garantir parcerias e sempre será a favor da sua Constituição.

Além de todos esses fatores, o País não se apresenta equipado para suportar uma idéia de “guerra”. É necessário ter militares capacitados e equipamentos dos quais as grandes potências mundiais já tem controle e pleno domínio. Não é viável para o Brasil, como um País em desenvolvimento, se posicionar de maneira realista em relação a outros países, pois ele pode precisar do apoio e investimento de tais. Sendo ele imparcial e buscando a solução pacífica dos conflitos talvez não agrade a todos, mas não ganhará uma possível ameaça.

  

Renata Fernandes Ramalho - Artigo solicitado pelo professor André Regis - Tópicos em Administração Pública. Universidade Federal de Pernambuco