A tarde era longa. Sentado num largo e espaçoso sofá, e já visivelmente desgastado pela espera, o jovem demonstrava desconforto. A curiosidade animava-o, tanto quanto, o fazia temer.

"A sala especial" - só se entrava lá acompanhado de um membro influente, respeitado, e conhecido por todos e ou quando se era convidado. Não se comentava sobre o ambiente; não se comentava o que se ouvia naquele ambiente. Até aquela idade, não sabia detalhes do interior dela, a não ser a aura de mistério e total desconhecimento. Foi intimado a estar ali. E ainda que apreensivo e desconfortável, fazia força para permanecer, e desejava perder sua primeira, ou quem sabe única oportunidade de adentrar aquele tão misterioso espaço.

Nem todos eram convidados. Sentiu um misto de alegria e angustia. Deparou-se com uma nova sensação. Indescritível por nunca tê-la sentido, sem explicação por não saber por onde começar e se soubesse, não sabia como expressar, estava sem palavras. Antes do escurecer, fora introduzido ao interior da sala. Entrou, ressabiado. Olhando todo o ambiente, como que seguindo o velho conselho de que "nenhum caminho é sem saída, para quem sabe olhar para trás".

Decepcionou-se em não encontrar nada de estranho e anormal na grande sala. Podia-se ver a grande quantidade de obras de artes e artefatos antigos; Sentou-se confortavelmente.

- Você terminou a pós-graduação. Arqueologia e história Têm diversos conhecimentos. E você foi chamado aqui para começar seus trabalhos para nossa imensa família. A semelhança de muitos outros, você agora vai saber por que esforçamos para que você fosse historiador e adquirisse estes conhecimentos.

- Eu quis meu avô! Era meu sonho ser um conhecedor da história... - antes de continuar, foi interrompido.

- Não o chamei aqui para ouvir do que você pensa... Então não gaste suas energia, em tentar me convencer com estas idéias egoístas de que você escolheu, era o que você sempre desejava, era seu sonho, e etc, etc e tal. Você fez o que desejamos, e era o que precisávamos. - tentou interromper, mas foi intimidado com um olhar de desaprovação.

- Nós investimos em todas as áreas do conhecimento. - E tomando um exemplar da Bíblia, abriu-a no profeta Daniel e leu - "muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará." Esta falando de nós aqui.

Olhou-o e sorriu. E então continuou a explicar que muitos outros antes dele, haviam estudado e concluído seus estudos para servir aos interesses não deles mesmos, mas da família.

Uma grande família, e que há mais de quatro mil anos estavam empenhados num projeto. Não um projeto secreto da maioria da humanidade, mas tão somente desconhecido. Um projeto, que se concretizado, todos poderiam obter vida eterna. A pergunta que todos que entravam na sala faziam era porque este projeto tinha que ser assim conduzido. E a explicação era longa e demorada. E sempre começava com as palavras do último livro do novo testamento, o Apocalipse. - "E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos;".

O que é desconhecido da grande maioria, é que estamos nesta guerra porque fazemos parte da facção que deseja disponibilizar vida eterna a todos. Muitos estão empenhados. Até o momento, é como declara o apostolo Paulo: "Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno". Enquanto a outra facção promete vida eterna para aqueles que submetem aos seus desejos, e segue os ditames, dogmas, doutrinas diversas através das muitas religiões, nós queremos disponibilizar a vida eterna para todos humanos e todas as raças criadas, não apenas aqui, mas em todo o universo. - Sem saber como reagir, apenas olhou em volta, de si, e observou o ambiente, para certificar que não havia mais pessoas na sala. -As luzes foram apagadas. E no fundo da sala começou a ser exibida imagens de ciências antigas.

Começando pelos egípcios. E com ela explicações de que estes povos antigos mumificavam seus mortos, para uma época futura, onde poderiam ressuscitar e também alcançar a imortalidade. E não se tratava apenas de crença religiosa. Era parte do planejamento. Imagens antigas revelavam muito mais do que simples crença, mostrava certezas. E finalmente algumas explicações passaram a fazer sentido.

O plano de alcançar a imortalidade, fora idealizado no céu, quando um querubim descobriu o plano secreto de salvar qualquer raça espalhada no vasto universo que caísse em desgraça, ou seja, que fosse condenada a situação de mortalidade. O plano, chamado pelos cristãos de plano da salvação, foi ativado, por nosso movimento. Planejaram e executaram com êxito até o momento que o Todo-Poderoso foi informado dos planos do movimento.- Ele conseguiu colocar um espião em nosso meio. E foi avisado momentos antes de obtermos êxito. Ele então teve que tomar providências e teve que mudar regras e adaptar ambientes. Quando percebeu a cilada, eles já estavam avançados nos planos de salvar a raça caída, e nós já estávamos em vantagens em nossos planos.

Ele fez uma pausa e disse - Você deve estar se perguntando: que projeto é este? E eu vou te responder agora. E continuou com uma breve explicação dos cromossomos. E então perguntou: Como foi que Maria ficou grávida? Como foi que o Nazareno nasceu? Uma mulher foi fecundada, e estamos atrás deste elemento, este pequeno gene, que deu características únicas a este homem nascido na palestina; é para nós o elemento que falta para alcançarmos a imortalidade. O elemento y do cromossomo do Todo-Poderoso. Ele ressuscitou o corpo, e teve que quebrar regras, pois como disse Paulo, "que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus", eles tiveram que improvisar. Isso nos atrasou. Entretanto, deu-nos tempo para avançar e criar nosso ambiente. Já fizemos diversos experimentos. O bebê de proveta, e agora as mais avançadas técnicas e conhecimentos nos campos da genética. Tudo está preparado para nosso passo final, encontrar os artefatos que nos falta.

- E quais são estes artefatos?

- Os pregos, a madeira da cruz, a lança do soldado, o lençol verdadeiro, a coroa de espinho, e tudo que foi usado na crucificação do homem de Nazaré, inclusive algumas pedras que ficavam ao pé da cruz. Ele ressuscitou o corpo, mas não pode levar estes itens.

Estamos há muito envolvidos no projeto, a parte da ciência está avançada, falta a parte jurídica que está empenhada nas questões éticas da clonagem humana, alguns detalhes técnicos da genética que estamos incrementando; agora você e sua equipe, vão reforçar as buscas por estas peças. Sua equipe esta lá fora te esperando. Ultimo aviso: - Não perca tempo com o Sudário, é uma falsa isca, o verdadeiro lençol está oculto. Estamos empenhando por nossos planos, eles se esforçam pelos deles. Tenha cuidado! Haverá aqueles que tentarão te impedir. Há deles entre nós e nossos entre eles.