ESTUDO DE CAVE CANEM

1-Introdução:

O presente ensaio tem por objetivo fazer uma analise da mulher romana, usando como base Cave Canem escrito por Danila Comastri Montanari.

 O enredo de Cave Canem envolve o leitor a mergulhar em um mundo pouco conhecido, a história de Roma, como tal os seus mistérios. O contexto envolve as personagens características de Roma: o pater famílias, a matrona, os escravos e vários outros.

2-Resumo da historia:

         O jovem Públio Aurélio Estácio até a morte de seu pai vivia momentos de terror nas mãos do seu pedagogo. Aurélio passou a pater família, o qual resolvia com astucia e sabedoria os problemas de sua casa. Ele percorreu as regiões do mundo dedicando-se ao estudo dos clássicos, em Alexandria do Egito, adquiriu como escravo o grego Castor, o qual considerado esperto. Após as suas viagens, o senador Estácio, resolve voltar para a Urbe na companhia de sua nobre amiga Pompônia. O senador antes de chegar a Roma resolve fazer uma visita na Villa dos Plaúcios, neste lugar ele encontra mistérios a serem desvendados. Pláucio Ático o primogênito de Cneu tinha sido assassinado, um mistério a ser desvendado. No decorrer da historia ocorrem outros assassinatos, com muitos suspeitos, e uma profecia.

3-De criança a mulher:

Uma parte mais ou menos considerável das crianças romanas frequentou a escola antes de completar doze anos, as meninas não menos que os meninos. Mas aos doze anos os destinos de meninos e meninas se separam. Com esta idade uma menina estava na idade núbil, que algumas eram dadas em casamento nessa tenra idade  o casamento era consumado; em todo caso, aos catorze anos era adulta. Os homens então as chamavam de ‘senhora’ [domina, kyria], e vendo que nada mais lhes resta senão partilhar o leito de um homem, elas se põem a se enfeitar e não tem outra perspectiva.

Nas famílias ricas, a partir desse momento as moças são encerradas em uma prisão sem grades dos trabalhos de fuso, que serve para demonstra que elas não passam o tempo fazendo o que não devem. Caso a mulher adquire uma cultura de salão(cantar, dançar e tocar um instrumento) é considerada honesta, como também tais gestos são louvados e apreciados.

4-A mulher em Roma antiga: Mater famílias.

A mulher romana desempenhava uma forte influencia na vida familiar e social. A matrona tinha um amor a vida domestica; a qual era ama(senhora) das escravas, mas escrava afetiva. Alguns maridos confiavam a direção da casa e a chave do cofre a elas.

 O casamento para a mulher significava liberdade de vida e movimento. As mulheres trocavam visitas, faziam compras e acompanhavam os maridos nos banquetes. Elas sempre aparecem ao lado dos seus maridos nas celebrações e como fieis colaboradoras, o pater família tinha orgulho de apresenta sua esposa em todos os momentos.

A história da posição da mulher romana na família e na sociedade assinala uma crescente conquista de autonomia e liberdade. Com a sua liberdade elas se distinguiam em campos diferentes, algumas tratavam de ganhar mais do que já tinha outras preferiam o prazer à fortuna. A corrupção e imoralidade não dominavam todos os lares e todas as mulheres. A mulher é o verdadeiro centro da civilização romana.

5-Casamento:

O casamento podia ser organizado pelos pais sem a presença dos filhos, ainda que estes fossem jovens ou adultos, era obrigatório que eles possuíssem mais de sete anos de idade afim que pudessem compreender o sentido da união. A cerimonia de casamento era um ato particular não era preciso um contrato para a realização deste, apenas para a confirmação de recebimento do dote.

A consumação do casamento não ocorria na noite de núpcias em atenção e respeito à mulher, caso a mulher engravidasse as relações sexuais eram interrompidas por todo o período de gestação.

O amor conjugal era sorte, não base do casamento nem condição do casal. A escolha pelo casamento era algo de estrema importância para o cidadão romano que almejava um cargo público. O casamento servia para favorecer as alianças entre famílias. Alguns esposos emprestavam suas esposas por devido tempo, depois recebiam as de volta. Algumas mulheres eram tomadas dos legítimos esposos ou vendidas para outros.

6-Viuvas, virgens e concubinas:

As viúvas e as virgens (que o pai morreu) podiam ser consideradas “mãe de famílias”, ou seja, torna-se dona de casa e do patrimônio, mas seria “imperiosa” por não terem senhor. As viúvas poderiam se casar de novo ou ter um amante, o qual ela podia manter uma promessa de casamento. Já as moças deviam permanecer em segredos, existia a suspeita que seu amante era o seu escravo administrador, isto quando elas não caiam nas mãos de um tio ou parente.

O concubinato é, em suma, um casamento impossível, o caso típico era o de um homem que tinha uma ligação com sua liberta e não queria transformar em núpcias legitimas uma união desigual.

O termo concubina tinha dois sentidos de inicio pejorativo, que acabou adquirindo um sentido honroso. Inicialmente chama-se concubina a mulher (ou as mulheres) com a qual um homem, casado ou não, mantia relações com ela. As relações tinham que ser duradoras e exclusivas como um casamento, e que somente a inferioridade social da mulher impedisse o homem de transformar a ligação em legitimas núpcias.

No sentido honroso da palavra a concubina devia ser livre(os escravos não podiam se casar) e a união devia ser monogâmica: era impensável ter um concubina sendo casado ou ter duas concubinas ao mesmo tempo.

Como em todo caso há uma exceção alguns homens resolviam casar-se com sua concubina transforma-la em ‘mater família’, mas a consciência da mulher que era de inferioridade não lhe deixava, pois continuava dando ao seu esposo o titulo de “senhor e marido”, como se a primeira condição servil não pudesse ser eliminada.

7-Leis romanas relativas às mulheres:

Muitos aspectos da vida das mulheres romanas eram ditadas pela lei das Doze Tábuas, que foi a legislação antiga que ficava na base da constituição romana e de direito. As Doze Tábuas incluía leis relativas ao casamento, herança, aos direitos de um pai, as leis relativas à propriedade e leis diferentes em relação as mulheres romanas. Havia também leis romanas restritas as mulheres.

*As mulheres romanas não poderiam transacionar qualquer tipo de negocio de importância sem o acordo do seu pai, marido ou tutor(guardiões, eram normalmente parentes do sexo masculino).

*As mulheres não tinham o direito de escolher seu próprio marido. Os casamentos eram arranjados pelos pais.

*Uma mulher não poderia fazer um testamento ou contrato.

*Após a morte da mulher sem herdeiros, seus bens são passados para o parente mais próximo.

8-Conclusão:

A ‘mater família’ dos dias atuais é uma mulher de fibra. Ela cuida da casa como também trabalha fora. A mulher atual como a romana são figuras bastante importantes na sociedade.

Podemos afirmar que a mulher (romana e atual) é um modelo, que divide-se em dois parâmetros: o lado romântico, o qual a mulher é a flor mais sublime que a natureza deixou na terra pelo seu perfume; o lado da integração na sociedade, conquistando espaço e ajudando a construir um mundo sem discriminação, o qual homens e mulheres se completam na busca de um bem estar conjunto numa só união. Neste sentido, a mulher deve seguir os dois caminhos, o de ser feminina-mulher-mãe e o de ser agente social, econômico e politico. Uma mulher participativa, trabalhadora e que quer contribuir para a evolução dos tempos.

9-Bibliografia:

CURTIS GIORDANI, Mário. História de Roma. 16 edição Petrópolis; Vozes

CAMASTRI MONTANARI, Danila. 1948-C722c            Cave Canem / Danila Camastri Montanari; tradução de Joana Angélica D’Ávila – Rio de Janeiro: Record, 2009.

MICKEOWN J. C. O livro das curiosidades romanas. Ed. Gutenberg Brasil.

PAUL VEYNE. História da vida privada.