Era uma tarde, era sábado, era outubro.

 Eu te teria dado a última chance que agora me pedes por mensagens de celular que não respondo, mas era a gota que parecia faltar. Não chegou a transbordar o oceano, é verdade, mas pareceu-me aquela gota, e pronto; preferi não esperar a inundação.

 Aborreci-me com o teu semblante de pedra, com atua incapacidade de formular um pedido de perdão que me convencesse, com a tua cara de medo do que te parecia óbvio, mas fiz questão de adotar o alto estilo, antes, porém, enfatizo se não a tua culpa, mas a responsabilidade por minha decisão.

 Com a bastante clareza que me é peculiar, alego tuas mentiras seqüenciais, teu desleixo (dito inconsciente) para conosco diante do tempo que dediquei a nós, adiando tarefas e distribuindo até disformemente o tempo de atenção para com pessoas outras , por entender que em nós havia o bastante para suprir esse aspecto.

 Sei de tuas fragilidades, motivos e razões, mas sou forte o suficiente para expor as reincidências que já vinham afetando o conjunto do nosso convívio, pois há limites , inclusive, para a mentira e a tolerância.

 O tempo, de fato, parecia-nos outro: foram ternos meses, com acontecimentos exclusivos a nós. E hoje, embora me fosse por demais incômodo, coube a mim acionar uma das teclas que sempre pareceram te causar pânico: Pause ou Stop!?

 Eu não estou com raiva; estou triste. Faço questão de lembrar-te este detalhe. Até admito a longínqua possibilidade de uma reversão. Longínqua!

 Que não me venhas em outra tarde, depois de chopes solitários, com aquele sorriso meio disfarçado de ingenuidade e arrependimento. Afinal, nem todo reencontro significa recomeço, pois prevalecem as regras estabelecidas no final da partida anterior. Não sei se haverá outro campeonato, se jogaremos no mesmo time, se o campo será o mesmo. A única coisa que sei é que, por enquanto, não estou disposto a novas prorrogações, mesmo que a torcida queira, espere e por isso chore.