Truman é o primeiro bebê televisivo, criado em um mundo aparentemente real e perfeito, encenado por atores e controlado por mais de mil câmeras. Nada ali é real. Tudo ali é real.

O filme “O show de Truman – o show da vida”, é um belo retrato de que vivemos num mundo onde aparentemente sabemos tudo o que nos cerca, estamos seguros de que estamos no controle da situação. Truman nem desconfia que sua vida tem um roteiro pré-definido por um diretor que controla sua própria vida, e quando ele descobre que viveu nessa prisão, talvez já seja tarde para recomeçar a viver, ou talvez não.

Esse filme nos mostra um lado da vida de cada um de nós onde nada é realmente feito apenas com nossa vontade. Na verdade, quem controla nossa vontade é a televisão, fazendo seu marketing e propaganda em tudo o que querem promover. Vivemos alienados no mundo de hoje. Se você quer ser bonita, use produtos da marca “tal”, se quer ser cheirosa, use esse ou aquele perfume. E os líderes de tais marcas tão famosas estão relacionados aos mais poderosos chefes telecomunicativos, pois sempre aparecem propagandas de seus produtos em suas redes.

Estão dizendo às pessoas o que comprarem, o que assistirem, o que comerem, o que vestirem, enfim, estão moldando-as à seus gostos, estão dizendo a elas o que elas serão dali por diante.

Todos somos neuróticos e isto é o que nos matem dentro da sociedade. Por isso firmamos um contrato. Temos nossos desejos (de qualquer ordem) e os reprimimos para não ultrapassar um conceito ético estabelecido pelos poderosos.

Hoje, temos programas parecidos ao que aparece no filme, chamam-se reality shows. Eles surgem para inovar no campo da produção e da audiência. São programas onde os participantes são filmados vinte e quatro horas ao fazerem suas tarefas na casa filmada.

No Brasil, o primeiro passo – no sentido de proporcionar uma interação entre emissor e receptor, criando uma audiência ativa não apenas por meio da cumplicidade, mas principalmente por meio da participação popular explícita – foi o “Você decide”. O telespectador tinha a oportunidade de interferir no final de uma pequena história encenada por atores da emissora. Por ser necessário atrair a atenção das pessoas, ele era cheio de clichês, estereótipos e preconceitos. A proposta de interação caía em virtude da manipulação feita pela produção. Na verdade, apenas havia a possibilidade de escolher entre duas situações idealizadas  e determinadas pela produção. O telespectador não decidia, mas optava por dois extremos: sim ou não. Dessa forma, não havia margem para um “talvez” nem ao menos para modificar o rumo da história. Ou seja, trata-se de uma falsa interatividade. Nesses modernos reality shows é a mesma coisa, falsa interatividade. Eles procuram mostrar as imagens que mais lhe cabem e assim “formam” o personagem “real” da televisão.

Isso tudo não passa de manipulação das pessoas em massa, e é isso que o filme nos mostra.