AIRA – a égua do galope

 

Na época em que procurávamos caberas para compra, meu filho viu em uma chácara uma égua branca com manchas cinza, não tinha uma raça definida, era baixinha, porém bem aprumada, mansa, com bons dentes e casco firme.

Aquela égua ganhou nossa simpatia e sempre comentávamos sobre voltar àquela chácara para comprá-la.

 

Certo dia eu telefonei para o dono dela e pedi que a entregasse em nosso sítio, pois ela seria nossa a partir daquele momento.

Lembro-me dela chegando suada após um longo galope até o nosso sitio. Meu filho não se cabia de tanta alegria ao ver o animal entrando pela porteira.

 

Como ela não tinha um nome definido pelo antigo proprietário, meu filho logo a batizou por “Aira”, pois era o nome do personagem de um livro que ele estava lendo, e assim a Aira passou a fazer parte de nossas vidas.

 

Para que meus filhos pudessem andar com mais segurança, resolvemos chamar um treinador que a domou para andar para frente, para trás, de lado, trotar, galopar, sempre obedecendo a comandos e com muita segurança.

 

Eu me deitava na rede e ela passava por perto para me cheirar e ganhar um carinho, pois gostava quando eu passava a mão na sua cara.

Entendíamos o que ela queria, pois parecia conversar conosco através do olhar. Montávamos nela até mesmo sem sela e ela era uma verdadeira amiga.

Quando chegávamos no sítio a Aira já vinha correndo para a porteira e relinchava de alegria ao nos ver.

 

Certo dia, ao cair da tarde, recebemos um telefonema desesperado do Sr Pedro, o caseiro que trabalhava em nosso sítio, e saímos rapidamente para ver o que havia ocorrido, pois segundo ele a Aira estava caída no pasto.

Levamos conosco o veterinário que detectou uma doença incurável e adiantou que mesmo que dedicássemos todo tratamento a ela não teríamos resultado satisfatório dado a gravidade da doença.

 

Mesmo assim, não poupamos esforços e passamos várias noites ao lado dela, eu, meu pai, meus filhos dando-lhe remédio, água, injeção, comida na boca, pois ela não mais conseguia levantar.

Olhávamos para seus olhos e eles nos diziam que ela sentia dor e que estava triste e sofrendo.

 

O veterinário aconselhou sacrificá-la mas não tivemos coragem. E preferimos dar sedativos e remédios para dor para ela não sofrer. 

 

Durante dias convivemos com uma grande agonia e sofremos junto a ela, até que em uma manhã infelizmente, ela fechou os olhos e nos deixou.