COMUNIDADE: LUTA CONTRA ESTIGMA DO PRECONCEITO

Vivemos num país onde os excluídos não tem voz, não tem direitos, apenas deveres e uma ilusão de que são ouvidos mas são atendidos por ouvidos surdos, são iludidos com falsas promessas e de algum dia conseguir igualar seus direitos para com as classes mais abastadas. A luta é antiga, é árdua, sempre procurando uma maneira de se expressar, mostrar seu lado, sua frustação seja com frases, músicas, filmes, videoclipes e quando algum militante consegue sobressair, não consegue fazer muita coisa porque é como se uma gota d’água tentasse mover uma rocha. Mas quando a massa acorda e resolve hastear a bandeira e lutar, aí sim é ouvida e alguma coisa acontece, assim fazem valer seus direitos a igualdade.

Como exemplo temos as comunidades do Estado do Rio de Janeiro denominadas favelas, é uma classe social largada a esmo, discriminada, tem seus direitos suprimidos e ainda assim a sociedade quer que dê bons frutos. De acordo com o artigo Preconceito de Marca e Preconceito de Origem de Oracy Nogueira, isso é caracterizado como preconceito de marca, onde independente da pessoa ser negra ou não, sendo morador de favela também vai sofrer as consequências discriminatórias imputadas a esta classe. Sem direito a uma educação digna, saúde e condições de moradia.

O Funk Carioca originou-se na década de 80, vindo do Soul e Hip Hop para dar voz a comunidade. Assim como os outros gêneros musicais como Rock, Samba, MPB, etc. o Funk veio para expressar o que o morador da comunidade sente, vive, a sua revolta. Mas por ser uma voz da comunidade, da classe mais baixa, a elite não se faz ouvir porque aí é que entra o papel da mídia. A mídia é tendenciosa, ela faz e transmite aquilo que ela enxerga sendo bom para ela ou para quem ela beneficia. Para a mídia, a comunidade não pode ser formadora de opinião, não pode ser culta porque caso isso ocorra, eles não terão poder sobre a comunidade, não dominarão a massa e com isso perderão a força. Então para continuar “reinando” sobre eles, informam em seus veículos de comunicação tudo o que acontece de errado de forma mais enfática para que as outras classes sociais não se solidarizem com eles ficando com medo de se aproximar do local ou de alguém que pertença a comunidade.

Com a comunidade fragilizada a bandidagem entra e com isso o Estado não entra deixando toda uma população com seu direitos básicos como saneamento, saúde, educação e segurança em degradação. Dentro da comunidade não há discriminação, lá entre eles todos são iguais, tem o mesmo direito. Pode ser negro, branco, homossexual, todos tem seu espaço mas a predominância é negra. Em um certo período o Funk teve o chamado Baile Country denominado como “Lado A” e “Lado B”. Essa conotação veio por conta dos lados A e B do disco de vinil que eram usados na época. Com isso tinha o “corredor” e a comunidade expressa suas indignações por meio da violência. Isso fez com que o Funk entrasse em decadência.

O Funk teve que se reinventar e entrou na onda sensual, começou a fazer músicas com conotações sexuais e fez com que fosse conhecido estados a fora e mundialmente. Na mesma época um determinado grupo de Axé fazia uma mulher seminua dançar e roçar na boca da garrafa e isso era visto como normal pela mídia e a elite da sociedade mas a comunidade era proibida de fazer isso, era considerada vulgar. O Forró podia fazer suas letras de duplo sentido mas o Funk não pode, é vulgar. No Carnaval pode aparecer na televisão mulheres com peito e bunda de fora e isso é normal, no Funk a mulher não pode rebolar, é considerado vulgar. Os gays podem fazer passeatas às vezes seminus na Avenida Paulista, podem fazer em Copacabana, mas o gay da comunidade não pode cantar ou dançar o funk, é vulgar.

A discriminação não é em cima da cor, credo, raça, é em cima da comunidade. O Funk movimenta milhões de reais, dá milhares de empregos, era para ter o respeito da mídia e sociedade mas não tem, são discriminados. Até quando vamos aceitar isso? Até quando isso vai acontecer? Até quando a comunidade sofrerá com esse estigma que a deixa oprimida e sem apoio?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

TATI QUEBRA-BARRACO. Sou Feia Mas Estou na Moda. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7TEGmeETANE>. Acesso em: 27 abr. 2016.

SILVA, Edison Márcio Almeida de.  Mídia e Construção da Realidade, Apostila

NOGUEIRA, Oracy. Preconceito Racial De Marca e Preconceito Racial de Origem. São Paulo: Revista de Sociologia da USP, 2006.