No futuro existirão riscos para a soberania brasileira na Amazônia?

A região amazônica, principalmente a floresta, sempre foi assunto na pauta internacional. Desde o primeiro ciclo da borracha, com seu auge entre 1879 a 1912, e o outro entre 1942 e 1945 durante a II Guerra Mundial (1939-1945), os interesses internacionais e cobiças são comuns pela região.

Alguns mitos como "A floresta amazônica é o pulmão do mundo", já caíram por terra a partir de estudos, especialmente um feito entre 1992 e 1993 por onze pesquisadores, entre eles três brasileiros. Independente deste fato, asriquezas existentes na região são impressionantes e alguns fatos recentes têm marcado a polêmica em torno da soberania brasileira e a espoliação da região amazônica.

O general Lessa, ex-comandante na região, faz uma peregrinação pelo país mostrando ameaças e riscos ao Brasil com conhecimento de causa. Vale a pena ver os dados por ele apresentados e a polêmica apresentada, pelo menos para reflexão.

Alguns fatos marcantes na região amazônica:

·Dos 856 milhões de hectares que compõem a área do nosso território brasileiro, 350 milhões de hectares são floresta amazônica, ou seja, 41% do território nacional.

·O maior banco genético do planeta está lá

·As riquezas do subsolo vão desde o petróleo e gás natural, até o alumínio e o nióbio, passando por ouro e diamante, ou seja, o território é riquíssimo existindo praticamente todos os tipos de minerais e minérios de forma comercial para exploração

·O Brasil detém 20% da água doce na superfície do planeta, destes, 80% estão na bacia amazônica. A água terá um valor inclaculável em futuro próximo.

·A região ainda conta com potencial agrícola, de turismo e de extrativismo. Evidente que falamos de sustentabilidade ambiental e econômica.

·Segundo especialistas, as riquezas poderiam render ao Brasil o seguinte, em US$/Ano:

Petróleo

650 bilhões

Medicamentos e cosméticos

500 bilhões

Agricultura e extrativismo

50 bilhões

Minérios

50 bilhões

Carbono

19 bilhões

Turismo

13 bilhões

Madeira

3 bilhões

TOTAL

1,28 Trilhão

Fonte: Palestra do General Lessa – A realidade da Amazônia- Soberania ameaçada, farsa ou realidade?

A questão não pode ficar restrita a nossa geração, ou a dos nossos filhos. Daqui a cinqüenta ou cem anos, como ficarão todas estas riquezas? A cobiça externa tende a aumentar quando a humanidade enfrentar problemas ambientais previstos, mais sérios e complexos.

Sabemos hoje que a Amazônia sofre uma ação predatória e ilegal do homem. O desmatamento é uma delas. A questão fundiária com o argumento de terras indígenas é outro ponto que deve ser olhado com cuidado. A exploração de riquezas minerais e da biodiversidade é pública e notória, sem controle ou ingerência do governo. Contrabando é chavão por lá, todos os tipos.

Segundo dados mostrados na palestra do general Lessa, existem cem mil ONGs (organizações não governamentais) atuando na Amazônia. A grande maioria com laços e recursos externos. Estas ONGs muitas vezes estão camufladas para atender interesses estranhos aos nacionais, isso também já é sabido e confirmado por autoridades e políticos na região.

O local é problemático em sua vizinhança, conflitos históricos entre a Venezuela e a Guiana, litígios entre o Brasil e a Bolívia e a instabilidade política dos nossos vizinhos são motivos de alertas constantes, tanto nas matérias políticas como militares. A tudo somam-se os problemas do narcotráfico e contrabando, as contendas ambientais e fundiárias, o vazio demográfico, os interesses e pressão internacionais crescentes sobre a região agora, mais ainda no futuro.

Precisamos pensar urgentemente com mais cuidado na Amazônia. Antes de ser patrimônio da humanidade como dizem e defendem alguns, ela é patrimônio nacional.

É previsível que a água será fonte de riqueza e disputas no futuro, alguns países como Canadá e Austrália já compram água como petróleo. A crise mundial por falta de água potável já é uma realidade em diversos países sendo discutida em foros mundiais.

A Amazônia além de seu rico e poderoso subsolo terá que ser olhada pelo aspecto hídrico e sua importância estratégica no futuro da nação.

Recentemente saiu a DECLARAÇÃO DAONUSOBRE DIREITOSDOSPOVOSINDÍGENAS – de 13 set 2007, aprovada pelo Brasil e não ratificada pelos EUA, Canadá, Nova Zelândia e Austrália. Nota-se que estes países têm problemas com as nações indígenas também e não referendaram a Declaração que pode expor juridicamente a soberania. Detalhes mais técnicos desta situação estão também na palestra do General Lessa e são comoventes.

Tentar impedir o crescimento econômico da região pelos embates ambientalistas ou baseados na celeuma indígena é insensato e devaneador. Não podemos impedir a evolução da região, mas ela deve ter sustentabilidade e atender aos quesitos ambientais, no mínimo. Pode ser esta, umas das formas que vão preservar os interesses e a soberania brasileira na região.

Convenhamos, para uma população dita indígena, com 15 mil habitantes, muitos aculturados, a luta por 22 mil hectares de reserva no território de Roraima é um absurdo. Basta ver quem está por trás desta luta, as riquezas do subsolo e da superfície na área em lide para saber os reais interesses que se escondem nessa luta de preservação da cultura nativa. Esta é a situação da reserva Raposa Serra do Sol. Pasmem, mas 46% da área do estado de Roraima são compostos por áreas indígenas e ambientais. O processo em curso, em fase julgamento no STF pode ser um divisor de águas nesta guerra de interesses estrangeiros e contraditórios que envolvem a Amazônia com suas riquezas e a questão das reservas.

O General Lessa traz uma controvérsia, afinal a Amazônia está sendo ameaçada ou não? Normalmente uma minoria atuante consegue fazer mais estragos que a maioria omissa e silenciosa. Isso pode estar ocorrendo de forma silenciosa na guerra pelas preciosidades amazonenses.

A virtude estará sempre no meio, mas os problemas futuros, por pressão internacional principalmente, na Amazônia são irrefutáveis. O movimento em curso pode até ter caráter nacionalista e julgado por alguns extremista, mas é fato que a sociedade deve se manifestar e acompanhar o desenrolar dos episódios.

Precisamos ficar atentos ao que está ocorrendo por lá, com os argumentos do general Lessa ou não. Os protagonistas e suas origens, as ameaças e as oportunidades devem ser identificadas e debatidas.

Isso não é questão de governo, é assunto de estado. As futuras gerações, não nossos netos, mas os netos destes poderãosofrer as consequências dos erros cometidos agora.

O preço da liberdade é a eterna vigilância, o da soberania deve ir pelo mesmo caminho, mas sempre com a antecipação de fatos e ação enérgica quando necessária.