Alfabetizar e letrar: um diálogo entre a teoria e a prática

 

 

CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e letrar: um diálogo entre a teoria e a prática. 8ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. 142 p.

          O livro tem em sua essência, indubitavelmente, o seu título, pois consiste no ensino da alfabetização e letramento. Já no primeiro capítulo, a autora apresenta um diálogo agradável com os educadores que se propõem a trabalhar na alfabetização de crianças, jovens e adultos.

          A autora, Marlene Carvalho, divide sua obra em três partes, conseguindo esclarecer as dúvidas, receios e angústias dos professores na área da alfabetização. No primeiro capítulo ela procura esclarecer as diferenças entre o que é alfabetização e letramento, utilizando relatos de escritores famosos, entre eles, Ana Maria Machado e Graciliano Ramos, para refletirmos sobre os métodos que foram aplicados aos mesmos. Assim, ela passa a discutir a problemática dos métodos e dos fatores extraescolares que estavam presentes em suas formações.

A autora procura mostrar algumas hipóteses às dificuldades que os professores enfrentarão na sala de aula, contrastando dois capítulos, um dedicado aos métodos sintéticos de alfabetização e outro aos métodos globais ou analíticos, finalizando com mais dois capítulos dedicados ao trabalho com o texto na alfabetização com exemplos de leituras, na qual são reservados para destacar a importância de trabalhar com textos na fase inicial da alfabetização. Marlene Carvalho preceitua, “...para aprender a ler é preciso conhecer as letras e os sons, mas é fundamental buscar o sentido...”, ela apresenta um conceito do que é texto e enfatiza a competência linguística que a criança já possui, mostrando seu empenho para sanar dúvidas sobre tipos de textos a serem trabalhados e qual deles é melhor para uma determinada atividade.

A segunda parte do livro fala sobre o letramento, onde a autora esclarece todas as diferenças entre letrar e alfabetizar. É nesta parte que a autora irá defender que é preciso formar o gosto pelas diferentes formas de leitura e apresenta condições para que isso aconteça, fazendo algumas críticas ao “letramento escolar”. Baseado na pesquisa-ação, feitas em escolas de 1ª a 4ª séries, ela mostra os equívocos que aparecem na formação de leitores. Nesta parte temos três capítulos dedicados à inserção de três gêneros de textos em sala de aula: histórias, poesia e carta. Marlene Carvalho mostra como os textos podem ser bem explorados pelas crianças, jovens e adultos, mesmo que eles não dominem completamente a leitura e a escrita. 

Na terceira e última parte do livro, a autora fala sobre “O diálogo entre a teoria e a prática”, na qual temos depoimentos que relatam o ponto de vista dos professores e dos alunos sobre o que pensam do letramento e alfabetização, nos levando a refletir sobre como isso afeta o futuro dos nossos alunos na sociedade, e também sobre a importância do professor responsável pelo processo da aprendizagem dos mesmos. Outro ponto de destaque defendido pela autora é a liberdade do professor para escolher o método que irá seguir, enfatizando que o docente deve ter o direito de produzir seu material e de compartilhar ideias com outros colegas. Marlene Carvalho também apresenta uma carta enviada por uma alfabetizadora de jovens e adultos que ressalta a experiência árdua dos alunos e a necessidade de resgate de sua autoestima para despertar o desejo de aprender, depois de passar por diferentes métodos de alfabetização.

Com duas historinhas ela mostra o distanciamento entre a busca do conhecimento e a prática na formação do leitor e apresenta, de maneira descontraída, a diferença entre alfabetizar com e sem receita. O penúltimo capítulo nos traz algumas ideias para acabar com o analfabetismo. Concluindo a obra, a autora coloca em pauta a identidade da alfabetizadora atual que sente a necessidade de resgatar sua autoestima e definir sua identidade assumindo o papel de professor-reflexivo.

          O livro mostra de forma clara e simples tudo que é dito pelos grandes pensadores, entre eles, Freinet, Freire, Vygotsky, Piaget, Ferreiro, Morin, Perrenoud dentre vários outros citados na obra, na realidade vivida por muitos professores. Devo destacar também que este livro abre um caminho para o aprofundamento de novas pesquisas relacionadas ao assunto, haja vista que há referências bibliográficas ao final de vários capítulos, instigando-nos a prosseguir por novos caminhos na educação. 

          Este livro pode ser recomendado a muitos professores que já atuam na área a vários anos e aos que ainda irão atuar, também é recomendado para gestores de escolas públicas ou privadas que queiram melhorar o desempenho de seus docentes na instituição, levando aos mesmos novas fontes de pesquisas e de qualificação.

          Fernanda Lopes Martins Dourado, Acadêmica do Curso de Pedagogia do Centro Universitário de Desenvolvimento do Centro Oeste (UNIDESC).