A MAÇÃ

Marcelo Rissato

A chuva fina caia sobre a pequena cidade de Vila Real de la Plata no interior da Argentina. O verde reinava e as gotas da chuva sobre os pés de maçãs transformavam tudo aquilo numa paisagem maravilhosa. Dos olhos tristes de Joana manavam lágrimas que combinadas com as águas da chuva tinham como destino o Mar de la Plata e por fim a imensidão do mar.
Joana Mendonza era uma jovem de apenas 28 anos e já estava condenada por uma moléstia. Muitos foram os tratamentos, contudo em vão, transformando a vida daquela linda jovem numa triste figura. Joana desiludida de viver nesse mundo que aparentava tão cruel para com sua pessoa escreveu uma sinopse na qual resumia alguns assassinatos que aconteceram nas imediações de sua cidade.
Vila Real de la Plata ficava na região do Rio de la Plata, um pouco a oeste de Buenos Aires. Além das maçãs, o tango era presente e preenchiam as noites com seu charme e sensualidade. Os turistas procuravam a cidade atraídos pelo frio do sul e pelas lindas plantações de maçãs argentinas. Os pomares eram maravilhosos e atraiam pessoas de toda região para conhecer a famosa maçã de la plata como era conhecida.
Joana era proprietária da Fazenda de la Plata e de uma das maiores plantações de maçãs da Argentina. Ela não era argentina, nasceu no Brasil, no interior do estado de São Paulo na pequena cidade de Soturna que após desvincular de Bauru passou a se chamar Arealva, devido as areias alvas que transformavam as lindas praias do enorme Rio Tietê numa paisagem belíssima. Logo após seu nascimento seus pais morreram vitimados a um acidente de automóvel e foi adotada por um tio que morava em Buenos Aires e com a morte deste, herdou toda sua fortuna incluindo a fazenda em Vila Real que era sua paixão por causa da plantação de maçãs.
Joana sabia que sua vida estava se definhando aos poucos devido a leucemia que transformava seu sangue em água. A melancolia tomava conta de sua mente e para passar o tempo transformou sua sinopse numa história de mortes. Plagiou alguns assassinatos que aconteceram durante algum tempo nas imediações das macieiras e transformou sua história numa obra policial cujo serial killer matava pessoas e deixava os corpos próximos a um pé de maçã.
Muito longe de tudo aquilo na grande metrópole de São Paulo, onde a poluição pairava e a fumaça tomava conta, pessoas corriam de um lado para o outro sempre com muita pressa e o trânsito era transformado num verdadeiro colapso. Em meio a tudo isso pessoas eram felizes, as rodoviárias e aeroportos sempre cheios de imigrantes. Pessoas que deixavam tudo aquilo para procurar um local ameno e outros que já viveram ali retornavam, uma vez que regressavam já que sentia falta de tudo aquilo.
Em meio a toda essa desordem, morava no Tatuapé, bairro de classe média paulistana uma advogada aposentada, Carolina Noronha Blanco Castelo, uma mulher de meia idade que sempre lutou em prol da defesa dos inocentes. Até então nunca havia perdido uma causa sequer, contudo no último mês a pedido de um grande amigo também advogado, Emerenciano Candelabro, que teria que viajar e não poderia assumir o compromisso, foi defender um bandido Aguinaldo Treme Treme e perdeu sua primeira causa em virtude do meliante ter sido o algoz do guarda do banco que havia sido assaltado. Seu esposo, Wilson Castelo acreditava ter sido por causa da perda desse caso que Carolina resolveu deixar de advogar.
Aguinaldo Treme Treme foi condenado pela justiça brasileira e extraditado para seu país de origem para cumprir sua pena na capital argentina.
Depois de deixar os tribunais desiludida por perder a causa que resultou na condenação do bandido Aguinaldo, Carolina montou uma confeitaria, na qual chamava de "Maçã do Prata" a maior da Rua Tuiuti bem próximo à estação de Metrô Tatuapé. Na confeitaria produzia todos os tipos de bolos e tortas, porém a grande sensação era mesmo a torta de maçã que fazia tremendo sucesso e corria de boca em boca por toda cidade de São Paulo. Pessoas vinham de longe em busca da torta que possuía algum segredo que não era revelado. Carolina dizia ser uma receita de sua bisavó que trouxe da Espanha no inicio do século passado e não revelava seu segredo a ninguém.
As maçãs para a produção das tortas eram encomendadas da Argentina para o Brasil por Carolina, exclusivamente das plantações da Fazenda de Joana Mendonza que acabou conhecendo numa convenção em São Paulo e se tornaram grandes amigas.
Certo dia as maçãs pararam de chegar da Argentina, causando preocupação por parte de Carolina que imediatamente entrou em contato com Joana, sem obter sucesso. Carolina já não possuía estoque das maçãs que talvez fosse a grande clave daquelas famosas tortas e a fazia esquecer-se dos problemas que obteve após deixar o direito. Imediatamente se preparou e fez uma viagem para Buenos Aires a fim de descobrir o que estava acontecendo com sua amiga que não atendeu a seus últimos chamados.
Hospedada na capital argentina, seguiu para Vila Real no intuito de localizar Joana que não retornava as suas ligações e grande foi a surpresa ai encontrá-la definhando numa cama dizendo que estava morrendo.
Joana se surpreendeu com a visita da amiga e durante longa conversa, contou tudo o que havia acontecido em sua vida nos últimos tempos e por fim fez uma doação, presenteou a companheira com a sinopse de sua obra que sonhava em transformá-la num livro policial. Carolina aceitou de bom grado e prometeu que iria trabalhar com o texto e assim que terminasse a convidaria para o lançamento a homenageando.
Após sua volta à São Paulo, Carolina consternada, uma vez que não esperava deparar com Joana naquela situação e o pasmo se deu logo na chegada. Enfadada, do aeroporto seguiu imediatamente para sua casa no Tatuapé e ao chegar foi informada direto da Argentina que sua amiga Joana acabara de finar-se, causando enorme aflição e a partir de tal fato decidiu trabalhar dia e noite no epítome, porém com uma alteração, no original aconteciam quatro assassinatos agredido por um serial killer que eliminava suas vítimas e deixava os corpos próximos à um pé de maçã. Na obra adaptada por Carolina, foi adicionado um quinto assassinato. As mortes no livro incidiam na cidade de São Paulo e numa espécie de homenagem à Joana, o quinto assassinato era uma escritora que morria em sua própria casa, vitima de um tiro certeiro no peito.
Posteriormente ao lançamento da obra intitulada de "A Maçã" que foi feito na Pinacoteca do Estado, alguém apanhou um exemplar discretamente e o encaminhou para o presídio em Buenos Aires aos cuidados de Aguinaldo que nutriu tremendo ódio de Carolina ao saber que ela se encontrava bem e ele, cativo num presídio cumprindo pena devido Carolina ter perdido sua primeira causa, a de sua absolvição.
Ainda no lançamento do livro na Pinacoteca, uma mulher um tanto suspeita, com um sotaque espanhol, olhos profundos e negros e um olhar baixo, caminhava discretamente e vagarosamente ao encontro de Carolina e ao iniciar uma conversa, revelou ser amiga de Joana. Contou que depois de sua morte se mudou para o Brasil e em seguida adquiriu um exemplar da obra em homenagem aos longos anos de amizade e pretendia permanecer no país e conseguir um emprego como governanta. Carolina nutriu certa simpatia por ela e pediu que a procurasse numa outra oportunidade em sua casa para uma nova conversa.
Algum tempo depois, Eliane Saragoza procurou Carolina e após um período de apresentações e conversas, pareciam que já eram grandes amigas e de longa data. Carolina a contratou como sua governanta e uma espécie de secretária particular.
A casa onde Carolina morava, se localizava no bairro do Tatuapé, próximo à estação de metro Tatuapé na Rua Apucarana. Era uma enorme casa que construiu com os ganhos que obteve exercendo o direito. Na entrada havia um grande portão eletrônico que disponibilizava o visual da piscina do lado direito, com a vista da casa aos fundos. Com Carolina, morava seu esposo, Wilson Castelo e Paulinho o filho de 18 anos. Carolina nunca gostou de muitos empregados, possuía uma arrumadeira, Maria do Socorro, a copeira Janete, o porteiro Senhor Osvair e a jardineira Maria Aldonza, que havia sido a última a ser contratada para os serviços domésticos.
Maria Aldonza Castañera, era uma triste figura que morou durante certo tempo na capital paraguaia, Assunção e após casar-se com um brasileiro, mudou-se para Foz do Iguaçu e devido a morte do cônjuge resolveu tentar a vida em São Paulo. Era uma mulher misteriosa e estava sempre observando a todos com certo olhar suspeito.
Ao lado a casa de Carolina na Rua Apucarana, havia uma danceteria chamada Toca do Leão. A danceteria possuía um clima pesado, e era muito conhecida pela cidade de São Paulo como "A Toca". Pessoas de toda cidade, da grande São Paulo e do interior faziam suas reservas e aos finais de semana o movimento era intenso. Os proprietários Adilson Noronha e Mauricio Botelho eram sócios e tinham planos de uma filial na zona sul. Carolina mesmo sendo irmã de Adilson, não gostava de seu sócio e sempre foi contra a construção da danceteria ao lado de sua casa e sua decisão sempre causou desconforto entre ela e Mauricio.
O livro escrito por Carolina foi adquirindo popularidade pela cidade e críticas. As vendas aumentaram e o livro corria de mão em mão. Nem mesmo a autora esperava que sua obra literária fizesse tanto sucesso, mesmo porque era um livro policial sem algo de novo. O que procurou expressar naquelas linhas foram os anos que dedicou ao direito, como se ao narrar aquela história desabafasse, contando suas aventuras e desavenças que obteve durante longos anos exercendo sua profissão e por fim, uma homenagem a sua amiga, deixando ainda nas entrelinhas do prefácio registrado a dedicação, carinho e respeito que tinha por Joana, a autora da sinopse.
Alguns meses após o lançamento do livro, Carolina recebeu uma visita muito estranha de duas mulheres que se apresentaram como Constância e Maroca Sanchez, que surgiram simplesmente do nada na casa da autora com um exemplar do livro "A Maçã" em suas mãos e dizendo que necessitavam muito conversar com ela a respeito da obra. Carolina sem ao menos entender o que realmente estava acontecendo, recebeu aquelas estranhas senhoras, que aparentavam ter por volta dos 60 anos, vestiam saias compridas e rodadas, com tom avermelhado e rosa. Maroca usava um chapéu e mesmo sendo um dia de muito calor, uma blusa com mangas compridas. Constância portava luvas com rendas e o saiote deixando-se aparecer por debaixo da saia. Eram duas mulheres muito estranhas e suas vestes não era algo comum as vistas das pessoas tidas como normais do Brasil, quiçá de São Paulo.
Após apresentação, Constância e Maroca proferiram que eram tias de Joana e que ao tomarem conhecimento sobre o lançamento do livro decidiram conhecer a escritora, já que desconheciam o fato de sua sobrinha ter doado a sinopse, dando a entender que Carolina teria plagiado Joana ao usar a sinopse da amiga para escrever seu livro. Carolina desconfiou que as duas estranhas mulheres que possuíam um sotaque espanhol estavam interessadas em lucrar com a rentabilidade que o livro estava tendo e mesmo sendo uma advogada, de imediato contratou Emerenciano Candelabro, um amigo advogado da época da faculdade e o mesmo que a indicou como advogada de defesa do bandido Aguinaldo Treme Treme, o colocando a par de sua situação atual.
Para Carolina, a visita dessas mulheres a preocupou, uma vez que não possuía uma autorização para ter escrito a obra com as idéias da amiga. A autorização foi feita verbalmente e agora tal acerto poderia causar desconforto. Achava aquelas figuras estranhas e procurou o dvd com as imagens do dia do lançamento do livro na Pinacoteca do Estado e viu aquelas duas figuras estranhíssimas circulando de um lado para o outro. Ainda assistindo o dvd observou outras pessoas que não esperava encontrar por lá, Maria Aldonza, Janete a empregada de sua casa, Eliane Saragoza, seu irmão Adilson acompanhado de seu sócio Mauricio e ainda um antigo amigo e agora seu advogado Emerenciano acompanhado de sua secretária Alba Valéria, que lhe chamou a atenção.
Algum tempo depois, Carolina esqueceu o que havia acontecido quando perdeu a causa do bandido Aguinaldo e já havia superado a perda da amiga argentina a quem nutria grande apreço e agora uma nova preocupação iniciara com a chegada dessas duas mulheres, fazendo com que Carolina começasse a se arrepender de ter mudado tanto sua vida, contudo o que nossa heroína ainda não sabia era que o pior ainda estava por vir, algo de muito tenebroso estaria para acontecer.
Uma pessoa muito suspeita andava pelas ruas de São Paulo sem deixar ser percebida por ninguém. Essa pessoa que valia-se de luvas pretas pegou um celular e fez uma ligação internacional para Argentina, depois seguiu para uma quitanda e comprou apenas uma maçã, a mais bela de todas aquelas da prateleira e escolheu justamente a que estava com a descrição de "maçã argentina".
No outro dia Carolina que estava na confeitaria, recebeu a visita de seu advogado Emerenciano que lhe trazia noticia sobre a ação de Constância e Maroca a respeito da publicação de seu livro. A justiça estava para tomar uma decisão cobrando a autoria da obra, reservando os direitos à autora que agora falecida, teria que ser repassado as únicas parentes que possuía, as duas espanholas trapaceiras. Enquanto a conversa se estendia com o advogado numa das salas internas da confeitaria, um rapaz entrava para comprar algo e acabou sendo assassinado em plena luz do dia com um tiro certeiro no peito, sem que ao menos alguém conseguisse perceber de onde tivesse vindo a bala que acarretou na morte daquele desconhecido mancebo. O susto foi enorme para os funcionários que jamais haviam presenciado algo parecido tão próximo.
A imprensa paulistana noticiara o assassinato. Até então essa morte nada deixava a desejar, já que a todo instante aconteciam mortes por toda cidade, bala perdida, assaltos, brigas de casais e ai por diante. Porém quando a repórter Janete Passarinho que fazia a cobertura do caso noticiou que ao lado do corpo da vítima havia uma maçã, e o local havia sido a Confeitaria Maçã do Prata de propriedade de Carolina Castelo, a autora do livro intitulado A Maçã dessa mesma pessoa. Tanta coincidência causou certo desconforto, principalmente para Carolina.
De imediato, a confusão tomava conta do estabelecimento, no entanto após passar um tempo e assistir aos noticiários da TV pela repórter Janete Passarinho sobre o ocorrido, o susto voltava, uma vez que parecia que os fatos reais teriam sidos narrados por ela em sua obra, era como se a ficção se tornasse realidade e por alguns momentos sua cabeça rodou e caiu em desmaio.
Carolina ao voltar a tona se preocupou, porém procurou esquecer e acreditava que aquilo poderia ter sido uma mera coincidência, já que seu livro era uma ficção e qualquer semelhança, não seria nem poderia ter nada a ver com algo real, Acreditou piamente que tudo não havia passado de mera coincidência.
O caso do assassinato na Confeitaria Maçã do Prata, como tantos outros acabaria tendo o mesmo fim que a maioria das mortes da grande metrópole, sendo arquivado como um assassinato de rotina semelhante aos demais.
Carolina tentava esquecer, entretanto algo a preocupava, até que ao sair de sua confeitaria na Rua Tuiuti, seguiu a pé para sua casa e ao passar pela Rua Antônio Camardo, travessa da Rua Apucarana, avistou a 30ª Delegacia de Policia Civil e resolveu entrar e falar com o delegado responsável. A delegacia era responsável pelas ocorrências naquelas imediações e ao revelar ao delegado Evilásio Castore sobre suas preocupações a respeito do assassinato em sua confeitaria, o delegado retrucou afirmando já estar a par de tudo e ainda colocando sobre sua mesa um exemplar do livro "A Maçã" escrito por ela. Tal ocorrência a preocupou mais ainda quando Evilásio contou que já havia ligado os fatos ocorridos com os narrados na obra de Carolina dizendo que a coincidência teria sido cabal. Após aclaração, Carolina se retirou com as palavras do delegado na mente dizendo que muito em breve seria chamada a depor e prestar esclarecimentos sobre o crime ocorrido.
O boato sobre a coincidência no assassinato corria de boca em boca pelo bairro do Tatuapé e na própria confeitaria pessoas estranhas que por ali passavam teciam seus comentários que ao chegarem aos ouvidos de Carolina extraiam mais aflição, visto que além de estar sendo acusada de plágio pelas inescrupulosas senhoras espanholas, ainda poderia estar sendo alvo de um serial killer que por algum motivo ainda ignorado estaria utilizando suas idéias registradas em sua obra para cometer crimes hediondos.
Não só na confeitaria, mas também na boate Toca do Leão os comentários sobre o ocorrido também eram expelidos pelas más línguas que mesmo sem conhecer com exatidão o caso, faziam questão de articular com certo furor e acréscimo, inclusive por Mauricio o proprietário da Toca que não nutria bons sentimentos por Carolina desde o momento que construiu sua danceteria ao lado de sua casa.
Um mês depois do assassinato na confeitaria, o delegado comentava sobre o assassinato da confeitaria Maçã do Prata que nenhuma prova sobre o algoz daquele estranho rapaz teria sido encontrada e o destino seria o arquivo morto.
Paulinho o filho de Carolina estava preocupado com a mãe, uma vez que ela andava atormentada com o ocorrido no mês anterior em seu estabelecimento e para animar um pouco a casa que no último mês parecia um saloon de cidade fantasma, resolveu convidar seu tio Adilson que trouxe junto de si o sócio Maurício e alguns amigos para um banho de piscina. Era um domingo e os convidados começavam a chegar e se refugiarem ao redor da piscina que há muito tempo estava inativa. Rafael Castro filho da socialite Eleonor Albuquerque Castro era amigo de Paulinho e acabara de chegar com sua namorada Estela e mais cinco jovens que rapidamente iam se ajeitando por ali mesmo tirando suas roupas pelo jardim da casa e se servindo das bebidas que os criados serviam sobre as mesas que ficavam próximas à piscina.
Pela janela de seu quarto que estava entreaberta, Carolina observava os amigos de seu filho se divertindo na piscina, tal fato conseguiu extrair de uma feição triste um acanhado sorriso e rapidamente se retirou e deitou-se em sua cama para descansar.
Tudo estava bem até que uma visita inesperada findou o sono de Carolina. A campainha da mansão tocou e para a surpresa de todos, as espanholas Constância e Maroca chegava para uma inesperada visita e foram recebidas pela governanta Eliane que as convidaram para entrar e pediu para que elas aguardassem no hall de entrada até que Carolina pudesse atendê-las. Carolina solicitou a Eliane que chamasse seu advogado Emerenciano Candelabro imediatamente para conversarem juntos com as mulheres, uma vez que sabia que elas não vinham numa boa missão em sua casa. Enquanto Carolina se preparava para recebê-las, as duas mulheres que mesmo embaixo de um tremendo sol do meio dia encontravam-se todas cobertas por panos compridos e coloridos, como se fossem à um baile de carnaval. Constância disse a Maroca que ia dar uma espiada na casa, já que gostou muito do ambiente. Maroca que ficou sozinha também resolveu dar uma volta explorando o espaço e olhando por tudo com um olhar suspeito. Constância se aproximou da piscina e cumprimentou os jovens que ali estavam e Rafael que achou a mulher uma tremenda baranga, resolveu pregar uma peça na velha, saiu da água e agarrou-a na perna, que com o susto caiu na água e a confusão geral estava armada. Maroca que observava se aproximou e tentou puxar a irmã, acabou caindo também causando maior Deus-nos-acuda. Eliane que observava de longe também se aproximou e acabou toda molhada devido a confusão. A rapaziada que ali estava se preocupou e um a um começou a pular na água para ajudar aquelas mulheres que pareciam estar se afogando e a desordem foi tremenda. Todos foram saindo da água e as duas velhas senhoras ficaram estiradas na beira da piscina como se estivessem com falta de ar por causa da água que engoliram e depois que tudo se acalmou, Estela percebeu que Rafael havia sumido e iniciaram uma procura pelo rapaz por todas as dependências da mansão. A surpresa só viria quando alguém proferiu que parecia ter algo no fundo da piscina. Paulinho pulou e a revelação, Rafael havia sido algemado numa grade nos fundos da piscina e já se encontrava sem vida e aderente a seu corpo estava uma linda maçã vermelha como o sangue que ainda se encontrava quente nas veias do rapaz. Essa imagem era observada de longe pelo advogado Emerenciano que estava há uns dez metros de distância daquele fato e bem próximo dali estava Maria Aldonza que muito calmamente fazia a poda de um pingo de ouro nas imediações daquele lindo jardim que fora protagonista daquele hediondo assassinato.
Tal fato resgatava tudo aquilo que para Carolina parecia estar sendo amenizado. As lembranças da morte daquele rapaz em sua confeitaria e para a polícia, os fatos agora recentes pareciam fazer sentido, uma vez que a segunda morte do livro de Carolina era idêntica a que havia acontecido naquele trágico domingo e para a polícia a maçã encontrada junto ao corpo da vitima na piscina fazia sentido já que no livro a semelhança era o corpo estar próximo a um pé de maçã.
A partir dos fatos as investigações iniciavam e todos que ali estavam seriam convocados a depor e supostos suspeitos, uma vez que Rafael sendo algemado no fundo da piscina ficava explicito o assassinato e a maçã deixava claro que o desconhecido algoz estava seguindo o livro por razão ainda incógnita.
A notícia da morte de Rafael na piscina da mansão de Carolina tomou proporção que corria mundo, pelo menos o mundo daqueles que já haviam lido o livro e outros que ainda não tinham lido queriam ler para saber o que iria acontecer. As vendas aumentaram monstruosamente e a editora não vencia produzir exemplares para livrarias em virtude da grande procura pelo livro A Maçã.
Janete Passarinho a principal repórter do TJ São Paulo Hoje noticiava com ênfase os assassinatos fazendo questão de relacionar um ao outro e fundi-los ao livro de Carolina tecendo comentários sensacionalistas como se aquele episódio fosse a pedra da vez e nada mais importasse aos ouvidos dos expectadores. Para Carolina o assédio que a imprensa nutria a respeito dos fatos, causava tremenda tristeza e desgosto, ocasionando certo arrependimento por ter deixado o direito para montar a confeitaria, pois foi devido a ela que tudo começou, com a importação das maçãs da Argentina para suas tortas que já não protagonizava mais aquela situação tendo virado agora mera coadjuvantes daquela história que poderia dar ainda muito mais pano para manga.
O delegado Evilásio Castore da 30ª Delegacia fazia visitas freqüentes a casa de Carolina, a fim de obter alguma nova pista sobre o assassinato investigando tudo e a todos, mas as investigações pareciam estacionar e nenhuma prova era encontrada.
Vinte dias do segundo assassinato havia passado e a imprensa começava a deixar de lado os comentários, mesmo porque o assunto do momento agora era outro, a eleição à prefeitura de São Paulo e o candidato a prefeito da oposição que estava na mídia era Claudir Frutero do PPP que liderava as pesquisas causando desconforto ao candidato da posição Ferdinando Alencar.
Janete Passarinho que tinha como bel-prazer notícias sensacionalistas para o Telejornal São Paulo Hoje se sobressaía ao divulgar as pesquisas eleitorais dando ênfase à queda do candidato da posição, explanando ainda sobre uma suposta ameaça anônima ao candidato Claudir Frutero.
Tal ameaça veio a público veiculado pelo TJ São Paulo Hoje e chegou aos ouvidos de Carolina que pôs a se preocupar, mediante as linhas de seu livro relatar no terceiro assassinato deste, um político que morria ao ministrar um comício.
Imediatamente Carolina procurou o delegado da 30ª do Tatuapé e contou sobre suas desconfianças, expondo que estaria muito preocupada com o rumo que esses assassinatos estavam tomando, contudo o senhor Evilasio Castore acreditou que essa história estava virando paranóia de Carolina e não deu ouvido a tal suspeita.
Para Carolina uma terceira morte relacionada a sua obra seria uma catástrofe e pôr-se a comentar sobre suas desconfianças entre as pessoas que a rodeava, até que assistiu à propaganda política e descobriu que no próximo sábado estaria marcado um comício do candidato Claudir Frutero no bairro de Sapopemba, próximo ao Tatuapé. Essa noticia caiu como uma bomba em sua casa e imediatamente tentou entrar em contato com a delegacia sem obter resultados, restando o óbvio, indo direto à fonte, ou seja, procurando o senhor Claudir em seu comitê, porém não obteve sucesso e o dia do comício havia chegado.
Era o sábado, o dia amanheceu com raios de sol e uma leve brisa. Parecia que nunca havia tido um dia tão belo e os pássaros cantavam em sua janela a acordando logo de manhã. Carolina saiu de seu quarto apressada e fez alguns contatos, primeiro conversou com seu advogado Candelabro e pediu para que a acompanhasse ao comício no período noturno. Wilson Castelo seu esposo também a acompanharia. No período da tarde, recebeu a visita de seu irmão, Adilson e ao saber que sua irmã não se encontrava muito bem e de suas desconfianças, resolveu também ir ao comício.
O sol estava quase se pondo, já era por volta das 18 horas, quando aquelas duas mulheres esquisitas, Constância e Maroca que vestindo suas roupas fora de qualquer padrão, chegava ao escritório de Emerenciano a fim de obter notícias sobre o processo de plágio que haviam registrado contra Carolina, mas tal a surpresa quando a secretária Alba Valéria Paixão disse que Emerenciano havia saído mais cedo para acompanhar Carolina ao comício do candidato Claudir Frutero em Sapopemba.
Anoiteceu rapidamente, chegou o momento do comício e a tensão era grande, principalmente perante Carolina e entre as pessoas que era de seu meio. Parecia que um clima denso estava envolto as pessoas e que algo muito ruim iria acontecer.
Olhando de um lado para o outro Carolina estava aflita e seus lábios tremiam, talvez de medo, e até certo terror, pois se havia mesmo um serial killer que estava seguindo seu livro ele poderia estar ali no meio daquelas pessoas inocentes e poderia cometer um crime hediondo ali mesmo. Carolina que estava acompanhada de seu advogado Emerenciano Castore e de seu esposo Wilson. Observava na fisionomia das pessoas tentando localizar algo que pudesse levá-la a um determinado criminoso e ao correr com os olhos entre os expectadores, percebeu a presença de seu irmão Adilson, acompanhado de seu sócio Mauricio. Ainda mais adiante, sua governanta Eliane Saragoza andava assustada no meio da multidão e percebeu que ela se esbarrou em Constância e Maroca, em seguida conversaram durante um tempo. Carolina acreditou que a conversa pudesse ser um ato de desculpas. Ainda olhando no meio do povo estava Maria Aldonza acompanhada das empregadas Maria do Socorro, Janete e do porteiro Osvair que eram funcionários de sua casa. Mais adiante, chegava Janete Passarinho que entrevistava algumas pessoas naquele local causando certo tumulto até que em seu lado aparecia Alba, a secretária do escritório de Emerenciano e sussurrou no ouvido do advogado algo que não vinha a tona. Emerenciano pediu licença e se retirou deixando-a sozinha. Wilson ao perceber que Emerenciano saiu do lado de sua esposa após cochichar com Alba, também se retirou e Carolina ficou sozinha no meio da multidão quando Claudir já sobre o palanque disse:
_Boa Noite povo de São Paulo!
As palavras do político desviaram a atenção de Carolina, mas não houve tempo de mais nada, um amplo estrondo aconteceu mandando o palanque pelos ares. A confusão foi total e uma tremenda correria iniciou-se. Janete Passarinho presenciava tudo aquilo e noticiara de primeira mão tudo o que oncidia. Em meio ao tumulto, o corpo de Claudir era encontrado sem vida estirado no chão e ao lado uma maçã.
A cena do assassinato do político era mostrada e a repórter Janete divulgava tudo, inclusive tecia comentários maldosos sobre a relação com o livro de Carolina ao mostrar a maçã encontrada ao lado do corpo da vítima.
Mais uma morte acontecia e nada era feito. Não se tinha notícias sobre o assassino nem uma razão para aquilo tudo. O tempo passava e Carolina se desesperava, pois havia um serial killer seguindo o livro que teria escrito e sendo assim a próxima vítima seria um DJ e a última um escritor, e qual seria a razão para toda essa tragédia?
Quase trinta dias depois do assassinato de Claudir, Carolina ainda não havia esquecido o episódio e lutava para não pensar mais naquilo, contudo o clima de suspense estava ao redor de sua casa e no fundo ela sabia que mais uma morte iria acontecer em breve e que talvez nada poderia fazer para amenizar aquilo.
Paulinho se preocupava com a mãe, já que percebia que a cada dia a tensão aumentava e desde aquela morte na piscina de sua casa as coisas por ali nunca mais foram as mesmas. Adilson fez uma visita a mansão de Carolina e convidou Paulinho para uma amostra de músicas eletrônicas que haveria na danceteria A Toca na próxima sexta-feira. O rapaz se encontrava chateado pelo que andava acontecendo com sua mãe, mas aceitou o convite confirmando sua presença na festa.
Carolina não gostava de ver seu filho envolvido na danceteria, mesmo porque ela era a maior inimiga de Mauricio em virtude dos problemas causados pela adjacente e tais problemas já foram protagonizados por seu irmão Adilson também em momentos em que quase romperam com os laços.
Chegado a sexta-feira, o Dj Carlitos responsável pela apresentação não compareceu e Mauricio sem saber o que fazer assumiu o controle da boate no lugar do Dj que simplesmente não justificou os motivos de sua ausência.
Já era noite e na Toca estava Adilson ao lado de Paulinho. Mais tarde foram chegando muitas pessoas e a aglomeração era total, mas para a surpresa de todos, quem chegou causando certo furor entre os convidados era Carolina que pela primeira vez aparecia naquele local causando em Mauricio uma surpresa enorme e quando o rapaz a viu andando no meio da multidão como se somente ela estivesse por ali, a música cessou e todos a observou como se ela fosse a protagonista daquele ato. Parecia algo ensaiado, uma peça, um filme e Mauricio chegava a engolir mostrando a garganta em movimento e os olhos do rapaz estavam estatelados esperando algo acontecer, imaginando que aquela mulher teria vindo ali para fazer um escândalo, mas para a surpresa de todos, uma bomba estourou fora da boate desviando a atenção dos que ali estavam e quando todos voltaram os olhares para Carolina e Mauricio, o rapaz estava estirado no chão com um tiro de 38 no peito.
Parecia que uma profecia se cumpria e o quarto assassinato se realizava, agora a pergunta que todos faziam era o porquê de tudo isso? Qual a razão para que tudo aquilo acontecesse? Qual seria o objetivo daquele louco?
Somente Carolina teria a resposta, pois ela era indiretamente a autora de todos aqueles assassinatos, como se fosse a protagonista dos crimes.
Ao ser chamada para depor na 30ª Delegacia de Polícia do bairro do Tatuapé, Carolina explicou que foi à boate buscar seu filho, uma vez que tinha medo que algo pudesse acontecer quando se deu conta que naquela sexta-feira faria trinta dias da morte do político e que agora ela sabia a razão de tudo aquilo revelando que o assassino na verdade possuía apenas uma vitima, "ela", e explica que a quinta morte narrada em seu livro era de uma escritora que morria dentro de sua própria casa e agora o assassino iria atacar e cumprir sua missão que seria de eliminá-la.
Após declarações um cerco foi disposto na Casa de Carolina a fim de protegê-la, uma vez que o assassino poderia atacar e tanto para ela quanto para a polícia tudo ficava claro a respeito dos objetivos do matador, ela seria a próxima vitima e isso era fato.
Carolina se transformava numa espécie de seu próprio algoz, pois que sua obra a perseguia e virou cativa em sua própria residência. Não podia sair em hipótese alguma, já que correria risco de morte e a polícia fazia ronda dia e noite a fim de evitar que o matador adentrasse em seu lar.
Amanhecia e anoitecia. Um dia após o outro e nada anormal incidia. Os nervos de Carolina viviam a flor da pele como se a qualquer momento aquele marasmo poderia mudar e sua vida dado a cabo pelo assassino das maçãs.
Cento e vinte dia após o primeiro assassinato acontecido na Confeitaria Maçã do Prata havia passado e para a autora do livro já era tempo do assassino agir, quando o telefone da casa de Carolina toca e imediatamente ela mesma atende com as mãos tremendo, quase derrubando o aparelho no chão.
_Alô!
Disse ela com a voz tremula e cansada.
Do outro lado da linha uma mulher com uma voz rouca como se tivesse com um pano sobre o telefone dizia que era a assassina e que queria um milhão de dólares para não cometer o quinto assassinato. A polícia que havia grampeado o telefone da casa conseguiu rastrear a ligação que vinha de um orelhão que ficava na esquina da Av. Conselheiro Carrão com a Rua Serra de Botucatu e a coincidência era que o consultório do Dr. Emerenciano ficava na Av. Carrão bem próximo dali.
Foi marcado um local para a entrega do dinheiro que era uma lata de lixo próximo à estação Carrão do metrô e para a polícia a surpresa, a pessoa que ligou acabou sendo presa numa ação simples para a chefatura da capital especializada em seqüestros e ações semelhantes. Foi presa sem nenhuma cerimônia a secretária do Dr. Emerenciano, Alba Valéria como a responsável por quatro assassinatos e tentativa de homicídio contra a advogada e escritora Carolina Castelo.
Para a polícia o caso estava resolvido, entretanto para Jonas Herrera Furtado, um dos investigadores que se encontrava envolvido nas investigações dos assassinatos da Maçã, a prisão de Alba foi muito banal para um assassino tão meticuloso e esperto e começou a ter algumas desconfianças. A escolta na casa de Carolina foi desfeita, pois para o delegado não havia mais necessidade de mantê-la em cativeiro, contudo Jonas permaneceu aderente em Carolina, uma vez que estava muito desconfiado.
Uma pessoa muito misteriosa andava pelos jardins da casa de Carolina de um modo muito suspeito, como se tivesse se escondendo e foi seguido por Jonas sem deixar ser visto. Já era por volta das oito horas da noite, Paulinho havia saído. Wilson não se encontrava em casa, pois resolveu ficar na confeitaria até mais tarde fechando o caixa e os empregados já haviam se retirado. Carolina estava sozinha naquela noite e a misteriosa pessoa entrou na casa e subiu as escadas, seguindo para o quarto principal. Jonas que seguia a pessoa entrou na casa e subiu logo em seguida, sem conseguir distinguir quem era a pessoa. Carolina estava no banho e a água caia sobre seu rosto e escorria por seu corpo como se não somente sua pele estivesse sendo lavada, mas a alma também, se sentindo limpa e livre após a prisão da assassina das maçãs. De repente ouviu um ranger de porta e desligou o chuveiro. Tamanha a surpresa quando abriu a porta do boxe do banheiro e viu uma arma apontada para seu corpo ainda nu.
Eliane Saragoza apontava um 38 para o peito de Carolina, dizendo que iria matá-la. Carolina se desesperava e aos prantos perguntava a razão de tudo isso? Sua algoz aos gritos falava com a saliva saindo pela boca que iria acabar com sua medíocre vida em virtude de sua incompetência, e explicando melhor, revelou que era prima de Constância e de Maroca e irmã de Aguinaldo Treme Treme, e ao dizer o nome de Aguinaldo, a acusou de ser a responsável pela prisão do irmão e de ter acabado com sua vida, uma vez que quando seu irmão foi preso, sua mãe se suicidou de desgosto.
Após todas essas revelações, engatilhou a arma e ouviu-se um tiro. Paulinho que estava chegando nesse exato momento se apavorou e subiu as escadas correndo e a cena era triste, Eliane caída no chão morta e Jonas tentando acalmar Carolina dizendo que tudo havia terminado e agora ela poderia viver em paz.
O desfecho daquele drama parecia ter tido um fim e após todos os esclarecimentos, Constância e Maroca desapareceram sem deixar rastros.
Carolina vivia em paz e para esquecer tudo o que aconteceu nos últimos meses, resolveu tirar umas férias, sem pensar em maçã, em direito e muito menos em escrever algum tipo de memória. Foi para Buenos Aires e se hospedou num dos hotéis da cidade.
Certa manhã estava nossa heroína no saguão do hotel com a TV ligada observando uma reportagem sobre uma rebelião no presídio da cidade e que um perigoso bandido Aguinaldo Treme Treme acabara de fugir. Nesse exato momento, alguém pos a mão sobre o ombro de Carolina, que com o rompante caiu em desmaio.
Tudo não passou de um susto e ao acordar percebeu a imagem de seu esposo e seu filho com que vieram passar o resto das férias contigo.
Juntos resolveram deixar o hotel e seguiram para o aeroporto rumo a Bariloche e ao desembarcarem no aeroporto da cidade, um táxi já os esperavam e seguiram para a pousada. Entretanto no caminho o motorista parou o carro tirou a chapeleta que cobria seu rosto, se virou e para a surpresa de todos era o bandido Aguinaldo que com uma arma apontada para Carolina ordenou aos outros passageiros que descessem ali mesmo. Wilson e Paulinho tentaram resistir, mas o bandido engatilhou a arma e se obrigaram a obedecer. O carro seguiu rumo desconhecido e o desespero tomava conta daquelas pessoas que achava que aquele drama já havia terminado.
Wilson entrou em contato com a polícia argentina que de um helicóptero seguiu o carro pelas ruas da cidade de Bariloche. Aguinaldo dirigindo o táxi de forma violenta em alta velocidade saiu batendo em latas de lixos e em outros carros. Muito nervoso com o barulho do helicóptero sobre o carro seguiu rumo a um barranco numa serra e parou na margem de uma ribanceira. Mandou que Carolina descesse e com uma arma sobre sua cabeça e os braços sobre seu pescoço a conduziu até a beira e a ameaçou jogá-la barranco abaixo. Quando o helicóptero pousou e o bandido muito nervoso se aproximou ainda mais do barranco, um carro da policia com Wilson e Paulinho se aproximou daquela cena. De repente ouviu-se um tiro e Wilson imediatamente correu ao encontro de Carolina que chorava sobre o corpo de Aguinaldo que foi surpreendido pelo batalhão de choque argentino morrendo com um tiro certeiro na cabeça e o drama estava terminado.
De volta ao Brasil e novamente em casa, Carolina resolveu levar uma vida amena, trabalhando em sua padaria que passou a chamá-la apenas de "A Maçã".



A MAÇÃ