Estacionei. Só agora descobri que vivi parado no tempo. Dói às vezes saber isso.

                Sou professor. Comecei a dar aulas aos 18 anos, o que era ótimo naquela época, pois meus alunos eram jovens como eu. Enturmava-me, participava da conversa de grande parte dos meus alunos, pois gostávamos das mesmas coisas, dos mesmos filmes, dos mesmos livros, enfim, éramos da mesma época em praticamente todos os aspectos.

                Mas, o tempo foi passando, e a relação com meus alunos já não era a mesma. Casei-me e logo tive filhos. Quando comentava algum filme, ou algo que considerasse interessante, eles riam de mim e me chamavam de antiquado. Como assim, antiquado, se era apenas o que eu achava, se era apenas a sinceridade que ainda me habitava? Essa sinceridade, depois desses fatos, tratou de arrumar a malar e ir a outro lugar onde a aceitassem.

                Aqueles que me acompanhavam na minha época de juventude, hoje são médicos, juízes, engenheiros. Não sei se passam pelo mesmo que passo agora, mas creio que são felizes. Eu não sou feliz. Para mim, é impressionante como a juventude sofre transformações constantes. É como se hoje apenas meu corpo estivesse no presente, mas minha mente quisesse viver no passado, onde eu me sentia bem.

                Quem acaba de ler a mensagem, talvez não compreenda o que tudo significa, pois só quem entender, será capaz de vivenciar...

(Andressa Rocha)