É um pouco claro que a história do Brasil interessa a muitos, menos aos próprios brasileiros, e isso levanta uma duvida um tanto quanto perturbadora: Por quê um país com as mais variadas riquezas e dono das mais inusitadas e encantadoras literaturas tem sua identidade ignorada gerações a fio por seres que querem fazer futuro sem entender o passado?!

Porém o foco aqui não é exaltar a falta de nacionalismo ou cultura da terrinha do carnaval, mas sim fazer e com todo respeito e merecimento referência a um livro de uma já famosa série que recentemente ganhou mais uma obra. Laurentino Gomes conta através das páginas de "1822" a história que tinha tudo para dar errado, as tramas que levaram o até então Brasil Português ao imponente gigante do novo mundo que começaria a caminhar com suas tortas e magras pernas, escalando um alto e danificado terreno.

As pressões políticas fervilhavam no recém-filho lusitano nomeado Brasil, o analfabetismo era além de funcional entre os ricos, geral entre os pobres, sem se contar os escravos que moviam a economia nacional, é nesse cenário que o autor começa a mostrar que era impossível ser proclamado um grito de independência com tanto glamour quanto nos foi ensinado nos livros escolares, ou encenados nas telas. O objetivo é abrir nossos olhos, de uma forma até curiosa e engraçada para o contexto ao qual vivia a sociedade real brasileira, repleta de traições e amores forçados, esse era o Brasil que Dom Pedro tentava a todo custo tomar conta. A margem de uma fragmentação territorial e de ameaças de revoluções catastróficas para a Coroa, o filho de D. João VI em cima de uma mula cansada, ao lado de um rio poluído gritou ou sussurrou em meio a uma forte crise de disenteria “Independência ou Morte”!.

Apesar de ser o segundo livro de uma série atual de três, 1822 pode ser lido antes do primeiro, ou após o terceiro, porém deve ser lido! A agregação cultural e real sobre os passos que culminaram na independência é qualquer coisa fantástica, a riqueza de detalhes e os fatos inusitados que cruzaram o caminho de nosso país são memoráveis. Não só uma obra para quem gosta de história, mas uma obra para quem é brasileiro, e me aproveitando da frase do filósofo eu termino dizendo que “Um povo que não conhece sua história está fadado a repeti-la”.